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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Único


Capitulo 9


- Isso ta cada vez mais sem graça! O que você tem contra me deixar quieta no meu canto?
- Gosto de ver você com raiva!
- Some daqui garoto.
- A praia é pu-bli-ca...
- Mas eu estava aqui primeiro.
- Mas eu quero ficar aqui e você não me manda.
- Aff! – me deitei – A gente não tem mais sossego, credo – pensei.
- Você ta diferente, cortou o cabelo?
- Não... Não... Pus pra lavar.
- Um... tá bonita, tirou aquelas roupas de velório que você usa... – Disse me olhando de cima a baixo, eu percebi.
- Garoto! – o advertir.
- Não posso nem te elogiar?
- Você não podia nem ta perto de mim, entenda. EU NÃO GOSTO DE VOCE.
- Eu também não gosto de você, mas te infernizar me deixa mais feliz.
- Percebi mesmo!
            Silencio. Supirei.
- Você vai ficar aqui mesmo né? – perguntei olhando o garoto que já estava deitado ao meu lado.
- Sim! – ele olhava para o céu.
- Carrapato – cochichei.
- Então você vai me dizer o seu nome?
- Não!
- Então eu digo o meu... Me chamo Luan!
- Luan? – nome bonitinho – pensei – Que horror de nome! – falei.
- Melhor que o seu deve ser.
- O meu nome é lindo ta.
- Terezinha?
- Não me chamo Terezinha! – gritei.
- Então como você  chama?
- Isso não interessa Luan.
- Oi, isso não te interessa, Luan.
            Me levantei. Caminhei sem olhar pra trás.
- Ei! – gritou – Como você sai andando sem nem dar tchau.
- Do mesmo jeito que você veio se sentando ao meu lado sem ser convidado.
- Você não pode ser tão mal educada! Isso é TPM?
- Você  conhece um lugar que se chama, vai se fuder? Então. Xau!
            Continuei caminhar ate perceber Luan atrás de mim.
- Gaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaroto! – gritei – Qual o seu problema?
            Voltei a me sentar, coloquei minha cabeça encostada nos meus joelhos.
- Eu só quero ficar sozinha, você não entende? Não entende como isso doí? Eu tenho sentimento porra, como ele pode fazer isso comigo – as lagrimas escorriam. – Eu posso ate me passar por forte às vezes, tentar não chorar perto dos outros, tentar esconder a dor de todos, mas – respirei fundo, solucei – tá tão difícil... Eu posso ser diferente, vestir coisas que... – olhei minhas roupas – Olha isso... Isso não sou eu! E daí se não curto andar de carro, vestir roupas caras, e daí se não sou linda, se meu cabelo não tem uma macies, um brilho... E daí porra???  Ele devia me amar do jeito que eu sou... – desabafei olhando as estrelas, lembrei da minha cidade – na minha casinha tudo era muito diferente, eu era mais feliz, sozinha... Sem namorado nenhum, eu me sentia mais viva, mais feliz, depois que fui pro México tudo mudou, me tornei uma garota mais triste, a solidão tomou conta de mim. Meus pais aprovaram a minha ideia de vir ao Rio, estudar... Sabiam que esse era meu sonho. Mas, ele tinha que estragar né... Ele tinha que aparecer e detonar com tudo, que porra de vida... – bati minhas mãos com força na areia que me envolvia. Pelo canto do olho vi Luan se ajeitar como se estivesse buscando palavras, esqueci que ele estava ali. Droga! – Merda, você não tinha que te escutado isso.
            Levantei-me, sai sem dar satisfações e desta vez ele não veio me seguindo, caminhei mais tranquila pela praia, era isso que precisava, desabafar. Não voltei a boate, peguei um busão mesmo.
            Em casa Deza não havia chegado, mandei uma sms a avisando que voltei pra casa mais cedo.
            Arranquei minha sandália, e o vestido. Coloquei meu camisão e dormi jogada na cama de qualquer jeito. Eu precisava dormir, eu precisava.... esquecer.
Continua...

terça-feira, 29 de maio de 2012

Único


Capitulo 8

           - Levanta AGOOORA! – falou com manha e batendo os pés, eu vi.
- Aff – peguei o travesseiro e soquei minha cabeça dentro – Deixa eu dormi Andreza... – gritei abafada.
- Vou me arrumar se você não estiver acordada quando acabar eu te mato.
            Não falei nada, mas também não fiquei deitada apesar que meu corpo pedia isso. Tomei aquele belo banho, concertei a bagunça do meu cabelo, fiz um make bem básico na minha opinião, e coloquei o benedito do vestido. Andreza chegou bufando na porta pensando que eu ainda estava dormindo.
- Que gracinha Dani, se ta parecendo gente agora.
- Da pra parar de me amolar e me ajuda com esse negocio aqui atrás – Andreza fechou meu vestido.
            Minha amiga estava linda, vestia um short curto, blusinha com colete jeans e uma sandália super alta. Seu cabelo liso e loiro combinava perfeitamente com sua pele bronzeada.
            Sorri. Ela, meia tímida sorriu pro espelho visualizando seu estado. Linda.
- Vamos embora né... – Deza pediu
- Vamos.
            Peguei uma pequena bolsinha.
- Borá de moto? – perguntei animada na saída de meu quarto.
- Ta doida Dani? Vai bagunçar o cabelo.
- Aff! – virei os olhos com desaprovação, mas Deza tinha razão. Fomos no carro dela.
            Ate que tinha muito movimento no Rio, ali era tão diferente da minha Goiás, saudades daquele lugar, daquelas montanhas, do pão de queijo de minha mãe, dos domingos com minhas amigas caçando churrascos pra irmos. Aí a vida era boa e eu não dava valor – pensei olhando o carro ao lado o sinal estava parado.
            Andreza ligou o som, não entendi bem a musica, era uma mistura de eletrônica com sertanejo.
            Na porta da boate ninguém conhecido.
- Deza você não chamou seu “namoradinho” não?
- Não, agente não é namorado, estamos nos conhecendo – piscou sorridente.
- Então tá né.
            Muito som, luzes pra todo lado, gente se esparrando num ritmo bagunçado. Com rapidez Andreza foi caçar seu rumo com umas amigas de curso que ela encontrou, eu por outro lado fui encontrar uma velha amiga, a bebida.
            Meu pior defeito além de ser chata, eu bebo demais, meu único vicio mais o pior que existe na minha opinião, a gente faz cada coisa e depois nem se lembra. Sentei com tudo no banco do bar, pedi algo com bastante álcool.
            Minutos depois já comecei a ficar alegre. Sozinha. Ao longe avistei Deza, não reconheci sua companhia. Bebi mais um pouco.
- E ai Dani!
- Oi Marcelo – cumprimentei observando meu copo, reconheci a voz rapidamente.
- Bebendo né! – não disse nada, pelo canto do olho vi Marcelo se sentar – Fiquei sabendo sobre você e o Danilo.
- Seu amigo é um idiota...
- Ele foi realmente um idiota, foi cair logo nas garras da Katherine.
- Quero saber dele mais não Marcelo, por favor. Mas me diz cadê a Duda?
- Foi ao banheiro, me da um golinho ai – pediu pegando meu copo.
- Se ela ver você bebendo te mata!
- To só no refri.
- Sei! Beber escondido é feio.
- Mais feio ainda é apanhar da namorada. – rapidamente Marcelo olhou pro lado – Toma aqui que minha mulher vem ai.
            Olhei por cima do ombro de Marcelo, assim pude ver minha amiga se aproximar.
- Oi flor – cumprimentou vindo me abraçar, estiquei um pouco afim de envolve-la nos meus braços.
- Ah não Dani, você me disse que iria para de beber.
- Parei, tem 5 segundos que não coloco o copo na boca.
- Ai, mas não tem jeito com você – Eduarda passou o braço na cintura de Marcelo. A vi olhando pra ele – Eu não acredito, você bebeu?
- Credo amor, bebi não...
- Ai mais eu to perdida com vocês, eu te disse pra não beber mais amor.
            Meu estomago embrulhou, romance demais pra minha pessoa aguentar.
- To caindo fora – paguei e sai despistada.
- Dani... – ouvi Duda chamar, não dei nem atenção. Empurrei umas pessoas e sai, queria me ver livre daquela bagunça.
            Do lado de fora ninguém conhecido, isso é bom. Sentei-me no passeio dois quarteirões de distancia da boate, a rua quase vazia, o céu estava tão lindo todo estrelado, as bebidas que tomei começaram a fazer efeito me senti um pouco zonza por olhar pra cima.
            Levantei, resolvi caminhar pela praia.
            Depois de minutos sozinha perambulando que nem doida de um lado pro outro, cansei. Joguei meu corpo na areia macia que me envolvia. O vento frio batia fortemente em minhas pernas.
- Ta mortinha né? – perguntou alguém chutando minha perna.
            Meus olhos que havia fechado pra ver se recuperava da zonzeira foram obrigados a se abrir, devagarzinho.
- Eu não acredito que é você?! – perguntei sentando-me com pressa pra bater na perna do garoto purgante que insistia em aparecer em todo lugar que eu estava.
- Oi pra você também!


Continua...

domingo, 27 de maio de 2012

Único


Capitulo 7
            Não falei nada. Ricardo chegou, ele não percebeu meu atraso, arrumei as prateleiras, atendi uns clientes, limpei a loja junto de Deza, logo mais chegou o fim do nosso expediente.
- Oi meninas – apareceu Duda antes de fecharmos a loja.
- Oi Dudinha, desculpa sair daquele jeito ontem.
- Tudo bem Dani, mais fiquei preocupada, você me pergunta as coisas depois sai sem falar nada.
- E ai Eduarda... – cumprimentou Andreza assim que se aproximou.
- Oi Deza!
- Gente estava pensando em ir pro salão, alguém me acompanha?
- To fora – sorri.
- Você esta dentro – Deza me corrigiu.
- Como assim? Eu tenho direitos ok?
- Você tem direito de permanecer calada até segunda ordem. Seu cabelo está um desastre como vamos pra balada hoje?
- Balada? To sabendo disso não...
- Fim de papo. Vamos pro salão também Duda?
- Claro! Eu também to afim de sair...
            Forçada e com duas matracas em meu ouvido fui ao salão. Pés, mãos, cabelo, depilação, fui obrigada a fazer tudo isso. Ameaçada na verdade. Até que estava bom, eu  precisava disso, quando saímos de um relacionamento é bom mudar um pouco, parece que somos uma nova pessoa.
            Lindas, modesta parte, saímos radiantes do salão.
- Tudo bem, agora posso ir pra casa? – perguntei deitada no banco da frente com os pes esticados.
- Agora vamos dá uma faxina naquele seu guarda-roupa!
- No meu o quê?
- No seu guarda-roupa muié. Pensa que vai de preto pra balada? Nada a ver!
- Af, eu mereço – bufei.
- Isso mesmo Deza vamos colocar essa garota na linha.
            Em casa, Andreza e Duda se apossaram de meu guarda roupa. Sentei-me na cama a fim de espera-las fazerem seu trabalho.
- Fora... Fora... Isso não presta... Joga fora... – Duda dizia animada.
- Quero ver vocês arrumarem roupas novas pra mim.
- Você tem roupas aqui Dani – comentou Deza abrindo uma parte de meu guarda roupa que nem eu mesma abria a meses.
- Isso ta velho – reclamei.
- Isso sim é roupa de gente, roupa com cor.
- Preto e branco também é cor sabia?
- Aff Dani...
            Depois de horas bagunçando minhas roupas, espalhando um redevu no meu quarto, elas finalmente acabaram.
- Vamos sair e comprar algo pra vestir.
- Não! Eu não vou comprar nada – reclamei.
- Larga de ser pão dura muié – Deza me agarrou pelo braço.
            Esse era simplesmente o pior dia da minha vida, mas também não estava tão ruim. Melhor do que a noite anterior. Aí, nem gosto de lembrar.
            No shopping, passamos por varias lojas, vi Deza experimentar umas 500 peças, e Duda no mínimo uns 700 vestidos, credo!
- Você vai ficar aí parada ou quer que eu arrume algo pra você vestir?
- Não... Não eu vou arrumar – levantei do meu querido banquinho.
            Ah loja tinha muitas coisas boas e baratas, afinal não sou rica não posso gastar. Automaticamente fui aos vestidos pretos, meu lado gótico sempre fala mais alto. Peguei uns 3 pra experimentar.
- Nada disso – gritou Duda atrás de mim – Vem comigo – puxou-me. To parecendo boneca sendo carregada de um lado pro outro – Toma este, este, este, e este daqui – Duda só foi jogando os vestidos em cima de mim.
            Fui experimentar né.
- Eu não vou sair daqui! – gritei no vestiário.
- Anda Dani – gritou Andreza.
- To parecendo uma Barbie que foi atropelada.
- Se você não sair eu vou ai e te puxo.
- Ai ta bom... ta bom – sai morrendo de vergonha, mas sai.
- É esse não ficou legal – comentou Duda com Deza.
- É também não gostei – confirmou Andreza.
- Posso voltar?
- Pode...
            Corri para o vestiário. Experimentei mais umas 7 peças diferentes. Até encontrar um muito lindo, preto é obvio, ele tinha umas rendinhas lindas.
- Ai sim... Esse é lindo – gritou as duas num coro assustador.
- Por favor sem escanda-lo – respirei fundo sentando-me ao lado das duas – agora por favor, vamos embora? Preciso dormir, esqueceram que amanheci na praia.
            Andreza tinha contado tudo pra Duda no salão, ela riu muito né, mas fingi nem ouvir, conheço as pestes.
            Após pagar fomos embora, Duda parou no shopping onde tinha deixado seu carro, eu e Deza fomos pra casa. Cheguei e apaguei. Tava nem ai pro meu cabelo ele que se exploda, queria mesmo era dormi.
            Horas depois, ao longe escuto meu telefone tocar. Ainda com sono observei no identificador, DANILO, merda – xinguei em pensamento. Joguei meu celular longe, virei pro canto, dormi.
            Acordei com Andreza me cutucando.
- Assim vamos nos atrasar Dani, acorda.
- A não Deza... ouw – xinguei abrindo os olhos.        


Continua... 

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Único


Capitulo 6
Luan se levantou indo ao banheiro, nú. Que bundão ele tem, reparei. Fui ate a cozinha e abrindo a geladeira quase vazia, só encontrei queijo e presunto, os peguei, no armário, apenas pão de forma. – Ainda bem que tem isso – pensei alto, fui ate a mesa e preparei os sanduiches, preparei um suco de melancia, unica fruta que havia naquela casa. Passei no quarto de Dani pra ver se já havia chegado, mas nada dela. – É acho que ela ta dormindo no Danilo. – pensei alto mais uma vez.
- Luan? – O chamei ao entrar no quarto, ele ainda tomava banho. – Nossa como demora esse menino.
- Oi! – Gritou Luan do banheiro. – Vem tomar banho comigo Deza.
- Luan é só banho mesmo ne? – Disse encostando-me à porta do banheiro.
- A gente tem a noite toda pra comer Deza, vem toma um banho comigo. – Luan saiu do banheiro e me puxou pra dentro.
– Calma eu tenho que tirar o roupão. - Fiquei nua e entrei no box com ele.
A agua quente e Luan me olhando nos olhos, me fez o querer outra vez. O beijei. Luan me juntou pra mais perto dele e nossos beijos foram ficando mais quentes mais desejosos um do outro.
- Luan, calma.
- Você não quer? Eu quero você a noite inteira.
Foi difícil dizer não depois dessa. O beijei outra vez e transamos ali mesmo no banheiro, debaixo da agua morna e foi muito gostoso. No fim demos um banho um no outro e depois fomos pra cozinha comer.
- Seus pais, não estão preocupados? – Perguntei a ele.
- Devem estar sim, mas avisei a minha irmã que talvez não dormisse em casa.
- Então você já tinha programado me raptar essa noite?
- Não programei nada, só o luau pra você, mas pensei que isso poderia acontecer e que eu não dormiria em casa, então deixei avisado.
-  Safadinho! Não sabia que tinha uma irmã.
- Tenho se chama Bruna. É mais nova que eu.
- Vocês brigam muito?
- Às vezes, coisa de irmãos sabe?
- Sei...
- Você não tem irmãos? – Perguntou Luan curioso.
- Tenho dois. Mas cada um mora em um estado.
Fiquei em silencio comendo meu sanduiche Luan já havia acabado o dele, e só me olhava comer...
- O que foi?
- To te admirando, porque tem pouco tempo que te conheço e já to aqui com você. Não sou assim
- Então eu mudei seu jeito de ser?
- Não é isso, mas eu to gostando desse seu estilo de vida...
Luan se levantou, me pegou pela mão e me levantou também, me juntou a ele e enquanto falava ele dançava comigo mesmo sem musica. Beijou-me os lábios com delicadeza, enquanto falava em meu ouvido.
- Nossa noite ta sendo maravilhosa, quer terminar ela com chave de ouro?
- Como? – Perguntei envolvida por aquela voz maravilhosa, passaria a noite toda ouvindo...
- Dormindo. – Luan começou a rir.
- Seu chato! – Eu ri também – Sim, vamos, eu to morta de cansada também.
Luan me beijou e me puxou em direção ao quarto, deitamos na cama, Luan muito carinhoso não me deixou desgrudar de seu corpo nem por um instante.
Acordei, sorrindo, me espreguicei preguiçosamente e não senti quem eu queria ao meu lado, abri meus olhos e a cama estava vazia, olhei pro relógio e já era seis da manha, eu tinha que levantar pra ir trabalhar, eu que abro a loja. O procurei pela casa e não o encontrei. Deve ter ido embora, mas sem se despedir? Cachorro. Enfim tinha que me arrumar depois eu penso nisso... Aprontei-me e sai pra trabalhar.
Dani on:
- Ta morta? – ouvi alguém perguntar.
            Fingi não ouvir. O garoto começou a me cutucar.
- Ei... Psiu!
- Morri não ta vendo? – reclamei um pouco rouca.
- Credo to falando com uma zumbi, rapaz!
Ignorei o garoto. Tentei abrir meus olhos, mas não queria enfrentar o par de chifres novos que ganhei, não tive outra escolha, os abri.
Ao longe vi um céu tão azul, combinando perfeitamente com o mar que o envolvia. O sol estava tão fraco. Quantas horas? 6? 7? Não sei, espiei meu telefone. Sem bateria – que merda – xinguei em pensamento.
- Ei... To vendo que você não mudou muito né?! – disse o garoto se sentando ao meu lado. Havia me esquecido dele.
- Espera aí... – Caí na real, o olhei bem. Como não reconheci aquela voz? Aff! – Você recebe pra me encher? – Perguntei irônica.
- Não! Te amolar é a minha diversão.
- Aváh... – bufei.
Passei a mão em meu cabelo afim de prende-lo. Tirei um pouco de areia de minha roupa.
- Você gosta de dormi na praia?
- E isso te interessa? – Ainda estava com raiva. Peguei minhas coisas, levantei-me.
Pelo canto do olho vi o garoto me seguir. Parei de repente.
- O que você quer? Não vê que não gosto de você? Me deixa em paz... credo! – Voltei a caminhar, ele veio junto.
- Não vou parar de te amolar até ouvir suas desculpas.
- Só quando eu estiver no caixão! – Que dor de cabeça – Que horas são? – Perguntei depois de um tempo caminhando.
- Agora você fala comigo?
- Cala a boca garoto! – Respirei fundo, parei de repente – Me empresta seu telefone?
- Palavrinha magica?
- Vai se fuder! – Mostrei língua voltando a caminhar, agora com pressa.
- Mal educada!
- Enxerido!
- Você não vai me irritar, minha noite foi muito boa pra isso acontecer...
- Não to nem ai pra sua noite!
Parei no estacionamento, sentei no passeio. Calcei meus tênis.
- Você é muito maluca! – sorriu.
- Você não é o primeiro que diz isso.
            Entrei no estacionamento, o garoto me acompanhou. Achei minha moto facilmente.
            Montei.
- É sua? – Perguntou curioso.
- Da minha vó, peguei emprestada – Coloquei meu capacete – Xau garoto!
- Me chamo...
            Não o deixei dizer seu nome, arranquei com a moto, queria distancias de pessoas como ele. Danilo era assim quando o conheci... Esquece! Esquece ele Danielle, xô pensamento ruim, xô... xô...
            Acelerei com a moto, pelo visto estava atrasada. Em casa nem sinal de Deza e pelo visto Kat também não tinha ido lá ainda.
            Era 8:30, merda! 30 minutos atrasada, é hoje que Ricardo me coloca na rua.
            Vesti meu uniforme, fiz um coque no cabelo pra disfarça as areias que grudaram nele. Lavei bem o rosto, passei um make +/-. Droga, 8:45.
Subi na moto, em questão de minutos estava na loja. Vi Deza desesperada olhando de um lado pro outro.
- O que aconteceu? – perguntou preocupada.
- Cadê o Ricardo?
- Ainda não chegou, esqueceu que sou eu quem abre a loja?
- Graças a Deus!
            Me joguei no balcão. Andreza olhou meu estado, meu cabelo.
- Voce ta cheia de areia Dani – comentou tirando os grãos de meu cabelo.
- Terminei com o Danilo – contei.
- Hãn... – engasgou – Por que? Como?
- Peguei ele com a vaca da Katherine. – respirei fundo – Ah... Mandei ela embora de casa ta?!
- Você... você... – Andreza caiu na risada – Não acredito que você chutou aquela vaca da Kat? Desculpa Dani, mas eu to feliz por isso. Não vi a hora de mandar Katherine embora...
- Confesso que também não via a hora daquela bruxa ir pra rua. Mas agora ela pode ficar no muquifo do Danilo, os dois se merecem.
- Ai amiga... Fica triste não, você merece coisa melhor do que o Danilo, ele era muito criança...
- Eu to bem Deza. – Sorri.
- Mais Dani, por que motivo tem areia no seu cabelo?
- Dormi na praia!
- Não acredito que você fez isso de novo – Andreza sabia que de vez em quando eu durmo pela praia, não gosto de ficar em casa quando to mal, então fico pela rua, pela praia, esfrio a cabeça e acabo apagando pelos cantos. Sempre fui assim, difícil mudar...

Continua...