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quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Em Pleno Rio de Janeiro - 2ª Edição


Capitulo 15


Já fazia três dias em que meu pai estava no hospital. Eu estava surtando. Não era nada grave. Mas o fato de ter corrido o risco de perder meu pai, mexeu comigo. Pami me convidou pra ir a uma balada relaxar. E eu já estava pensando seriamente em ir. Luan foi ver meu pai. Depois do termino do namoro, a gente não conversava mais direito. Ele ate me olhava como se quisesse vir falar comigo, mas eu não deixava, eu fugia dele, eu sabia que se eu o deixasse vir até a mim, eu me entregaria, eu  diria toda a verdade, da falta que eu sinto dele. Pior que ele tinha a coragem de continuar andando com a Mariana por ai. O que me deixava irritadíssima. Mas Juliano me disse que ele não estava ficando com ela. Duvido. Eles são melhores amigos, um deve encobrir o outro.
- E ai amiga, vamos pra balada? – Pami insistiu.
- Vamos amiga. Hoje mesmo pode ser? Meu pai vai ter alta amanhã e eu preciso sair pra esfriar a cabeça.
- Ok. Então vamos pra casa. Deixa o Juliano aqui com seu pai e nos vamos ok? – Só assenti com a cabeça.
 Juliano fez uma carinha de cãozinho abandonado, deu pena, mas ele entendeu, era para o meu bem, foi o argumento da Pam pra ele.
Fomos pra casa, ainda me sentia mal por deixar meu pai no hospital e ir a uma balada. Mas eu precisava né?  Eu tinha que distrair minha mente, estar com ela livre no dia seguinte, e musica alta e gente bonita era tudo o  que eu precisava, mesmo eu tendo que voltar cedo por causa que eu tinha que ir buscar o papis no hospital, mas eu iria assim mesmo.
Mais tarde naquela noite Pami foi ao meu apartamento me buscar.  A balada é boa. Taj Louge, muito conhecida aqui no Rio. E estava bombando como sempre. Na festa eu só queria saber de beber. Bebia todas. Afogar as magoas e os problemas. Não deu muito certo, só me deixou bêbada mesmo. Mas eu não estava  nem ai pra isso, eu queria curtir. Nunca dancei tanto na minha vida. Até Pami estava me estranhando. Nem ai pra ela também.
- TO AMANDO ISSO AQUI AMIGA! – gritei por causa da música alta.
- ESTOU VENDO, EU ESTOU VENDO. – disse Pami com uma expressão de estranheza.
Eu não queria saber mais de nada naquele momento, so de dançar, extravasar toda a minha dor. Eu ainda não tinha me deixado sofrer tudo o que queria ou deveria, mas ali não era hora pra isso, era hora de jogar tudo pro alto, a dor de quase perder meu pai e confesso que ainda havia um pouco da dor de ter perdido Luan também. Bebida? Eu já não sabia mais o que eu estava bebendo, não sentia gosto de mais nada, nunca tinha sido assim antes, eu estava sendo outra pessoa aquele dia.
Acabei enxergando um garoto lindo. Olhos claros, branco, totalmente o oposto do Luan. Ele não parava de me olhar, mordia seus lábios, era ele quem eu queria. O chamei pra dançar comigo. Ele veio. Gelei. Por um leve e breve momento fui eu mesma, mas liguei o foda-se e continuei encarar aquele par de olhos azuis. Bebida da uma coragem né? E ele veio já segurando em minha cintura com firmeza e dançando ao ritmo da musica.
O clima foi esquentando e logo estávamos nos beijando. Beijo longo e profundo, sexual na verdade. Ele queria me engolir ali mesmo. E eu me entregaria ali mesmo. Sem saber nome nem nada. Pena o lugar não ser apropriado. Minhas mãos começaram a o apertar como pedido pra que ele parasse, o beijo já estava esquentando demais. Comecei a me sentir invadida. Mas Como assim Andreza? Logo agora? Deixa ele amor, aproveita! Sua língua me invadia a boca e lutava contra a minha língua. A sensação era muito boa. As mãos dele começaram a me apertar. O clima realmente estava bom. É minha razão pedia pra eu continuar, mas que meu coração não sei bem o porquê não queria deixar.  De repente eu o soltei e fui procurar Pami. Eu queria ir embora daquele lugar.
***

No  taxi eu comecei a chorar. Acho que era efeito do álcool.
- Amiga, o que houve? – Pami disse assustada olhando minha reação.
- Eu não sei! Esbravejei. Eu senti um vazio quando eu o beijei amiga, não sei o porquê. Mas não consegui continuar. Não é ele quem eu quero! E ainda meu pai no hospital. - Havia muitos sentimentos me confundindo meus pensamentos. Ou apenas estava bêbada demais pra fazer alguma coisa.
- E quem é então Andreza? – perguntou-me Pami já sabendo a resposta. Eu só a olhei. Ela me abraçou por cima dos ombros me apoiando.
- Andreza, o Luan te ama. Porque não quebra esse orgulho e pede pra voltar? Ele ta te esperando.
- Eu não consigo amiga.
- Não o faça esperar tanto. Ele pode cansar.
- É, e a Mariana vai estar lá junto dele né Pamela? – Perguntei parecendo uma criança com medo de apanhar dos pais.
- É, pode ser isso sim, só depende de  você que não pode dar bobeira amiga. Fala com ele!
- Vou tomar coragem Pami, ai eu falo com ele ok? – Falei abaixando minha cabeça, dando fim ao assunto.


Era dia da alta do meu pai. O Luan o foi buscar a pedido de Juliano que não podia ir. Agora imagina como eu estava. Nervosa porque não sabia como chegar e falar com ele. Luan me olhava de um jeito que queria fazer algo, mas não tinha coragem, como sempre. Às vezes seus olhos mostravam tristeza. Muitas das vezes eu desviava o olhar por vergonha de deixá-lo assim. Sabia que ele não estava bem e a culpa era minha. Toda minha.
Aquele dia eu não estava muito bem, depois do vexame da noite anterior não queria sair de casa, mas como era um dia importante eu fui buscar meu pai com meus amigos. E pro meu pai eu era só sorriso.
- Que bom minha filha que você veio. – disse meu pai abrindo um sorriso do tamanho do mundo.
- Claro que vim pai. Acha que ia deixar o amor da minha vida aqui sair sem minha companhia? Nunca! - Falei e logo beijei seu rosto.
- O meu amor, assim o Luan fica com ciúmes. – meu pai e a mania de me deixar sem graça.
- Relaxa seu Pedro, aqui não tem isso mais não! – Luan falou e me olhou áspero. Engoli seco. Será que não ia mais ter o Luan pra mim? Medo.
- Luan, você almoça com a gente né? Você não é mais meu genro, mas eu quero você comigo. Esteve sempre presente aqui no hospital. Nada mais justo que comemorar minha saída. – Luan me olhou sem graça como me pedisse permissão. Eu sorri. Mas ele vinha ver meu pai? Eu só o vi uma ou duas vezes aqui. Pra mim Juliano foi quem mais ficou com meu pai...
- Tudo bem. – Disse mexendo em seu cabelo. Lindo por sinal. Comemorei por dentro.
Já em casa, pedimos o almoço, japonês. Todos acomodados na sala, Luan me olhava de vez enquanto. Eu sorria pra não ser grosseira. Eu já suava frio sem saber o que fazer. Juliaino, que chegou la em casa depois e Pamela só riam da minha situação. E meu pai como sempre, me deixando vermelha igual pimentão.
- E então pombinhos não tem jeito de vocês voltarem não? Eram tão lindinhos juntos.
- Pai! – O repreendi na hora. Luan deu um meio sorriso, me olhando esperando uma resposta minha. Eu nada disse só o olhei.
- Tudo tem seu tempo, seu Pedro. – Finalmente Luan, mãos aos céus. Esse era o sinal que eu precisava. Agora só faltava a coragem tomar conta de mim.
- Luan... – eu tentei falar, mas a campainha me atrapalhou. Ele pareceu não me ouvir e me olhou confuso. – A comida. Pode pegar pra mim? – fiz bico. Ele sorriu e a pegou junto com Juliano.
O almoço em si foi tranqüilo.  Eu estava uma pilha de nervos, decidi falar com ele aquele dia, que já não conseguia viver sem ele. Pouco papo. Meu pai teve sorte de ter quebrado o braço esquerdo, imaginei como seria a dificuldade se ele tivesse fraturado o outro braço. Coitado! Mas foi ótimo ter meu pai depois de uns dias no hospital. Eu sentia muita falta dele. Não só dele vocês sabem.
 O dia correu ótimo, mas eu precisava falar com Luan, mas cadê a coragem? Achando me avisem viu! No fim de tarde eu já estava no quarto sozinha, não queria ficar olhando Luan sem ter o que falar. Acho que estava me preparando para o momento que todos naquela sala, até Luan, esperavam, mas não precisei muito esforço.  Luan entrou todo sem graça. Parecendo que nunca tinha entrado no meu quarto. Sorri para o confortar. Ele sorriu também.
- Ei, porque esta sozinha aqui, hein? Seu pai ta tão feliz.
- Não sei eu não estou muito bem Luan. – Falei cabisbaixa. Uma angústia me invadiu. Senti uma enorme vontade de chorar, de abraçá-lo. Mas me contive.
- O que você tem? Quer ir ao médico?
- Não o que eu tenho nenhum médico pode me ajudar. – meu anseio por abraçá-lo só aumentava, não sabia quanto tempo ia aguentar.
- O que é Andreza, ta me assustando. – Luan falou realmente assustado se aproximando de mim. Realmente, mais alguns segundos perto dele e eu ia desabar em lagrimas e ia acabar o abraçando.
- Não sei Luan. Só preciso de um abraço. – Essas palavras saíram da minha boca sem minha permissão, fechei meus olhos temendo o que viria, mas Luan me abraçou muito forte. Parecia estar precisando do mesmo abraço que eu. Eu fraca comecei a chorar. A saudade era muita e eu não podia viver sem meu amor. E sem o seu amor. Eu não aguentava mais.
- Luan não me deixa aqui sozinha não, por favor! – Implorei por entre as lágrimas. Luan parecia confuso, pois me olhava sem entender nada.
- Claro. Mas o que esta acontecendo? – Me explica.
- Luan eu sinto muito a sua falta. Eu quero você de volta a tempos, mas não sabia com dizer e quando eu te via com a Mariana, eu tinha raiva e desistia. Mas não sei o que fazer sem você na minha vida. Eu fui uma burra quando te deixei ir embora da minha vida, por medo de não se boa como a Mariana, eu tive medo dela tentar outras vezes e em algumas delas você cair na dela e me deixar, desistir de mim. – disse tudo o que estava engasgado na minha garganta, eu não o podia deixar ir embora, não pela segunda vez.
 Luan me soltou e parecia pensar. Na verdade acho que queria me torturar, isso sim. Mas me abraçou novamente. E fez o favor de sair e não dizer nada. Deixando-me sem entender nada. Obrigada Luan por me abandonar. Cai na cama e chorei tudo o que tinha pra chorar, ele não ia mais voltar pra mim, eu acabara de entender, era isso que ele queria que eu pedisse a ele pra voltar e me deixar sozinha, do mesmo jeito que fiz com ele quando terminamos. Eu não sei se vou conseguir viver sem ele...


Continua...

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Em Pleno Rio de Janeiro - 2ª Edição


Capitulo 14

Mais um dia na minha vida, sem o Luan, e eu ainda não sei como eu sobrevivi. Meu orgulho não me deixa ir ate ele e dizer o quanto eu to arrependida de tudo. De ter o deixado ir, por pouca coisa. Por não acreditar nele quando disse que era tudo armação da Mariana, sei que ela é capaz disso, mas eu o vi a beijando e essa imagem ainda me dói quando vem a minha memoria.
Decidi levantar mais cedo da cama, dar uma caminhada na praia, respirar, chorar... sei lá, qualquer coisa. Tomei um banho encorajador e decidi também ter uma refeição junto com meu pai.
- Bom dia pai! – Exclamei e o abracei com saudades afinal a ultima vez que o vi foi na sexta, antes de tudo acontecer.
- Oi minha filha! Acordou cedo hoje. O que houve pra cair da cama? Vai sair com Luan? – Valeu pai! Tinha que lembrar do Luan logo agora de manhã. Certo. Te perdoou porque você não sabe ainda. Então ai vai.
- Ham... – Falei coçando a nuca. Mania de quem? De quem? Isso mesmo! Luan. – a gente brigou.
- Mas como Andreza? Vocês estavam indo tão bem! – Meu pai falou com uma tristeza, que me espantei. Parecia que ele era o namorado de Luan.
- Ah pai, tivemos um problema, mas a briga foi feia. Vai acostumando porque ele vai demorar a voltar aqui.
- Vai dizer que você terminou com ele?
 -Terminamos, mas não quero falar, ainda está recente. Tem dois dias.
- Tudo bem minha filha! Você é quem sabe. Mas você esta bem? – perguntou-me preocupado.
- Ta tudo bem pai. Ta tudo bem. – falei indo lhe dar um beijo em sua testa.
Voltei para meu quarto e fiquei por lá não sei por quanto tempo. Eu me perdia em pensamentos. Pensava em tudo o que já tinha vivido nessa cidade. Sete meses. E minha vida não parou um minuto. Minha vida tinha mudado pra melhor. Das amizades, a cidade nova, o namorado. Ok, eu terminei com ele por MEDO. Como eu sou burra. Agora aguenta Andreza. Agora aguenta!
O Telefone tocou e eu fui correndo até a sala e atendi. Afinal podia ser meu pai com saudade da filhinha aqui. Ui.
- Senhora Leite? – Uma voz estranha perguntou.
- Sou eu. – Disse desconfiada. Comecei a tremer. A voz estava seria demais. Tive medo do que viria.
- Bom dia, sou Gabriela, do Hospital São Vicente. Seu pai acabou de dar entrada, ele sofreu um acidente...
Não ouvi mais nada depois de PAI e ACIDENTE. Como assim meu pai envolvido num acidente? Eu estava com ele ainda agora, isso não pode estar acontecendo, não seria possível. Ele é tão prudente. Não posso perder quem eu mais amo. Já havia perdido Luan. Agora o meu pai? Não meu pai não. Voltei a minha atenção ao telefone, anotando o endereço do hospital. Desliguei o telefone e fui correndo para o apê da Pami para avisar do acontecido.
- PAMELAAAAAAAAAAAAAAAA – eu gritava aos prantos na porta da Pam.
- Pami, meu pai esta no hospital. –  despejei assim que ela abriu a porta pra mim.
- Como amiga? O que houve? – Pami perguntou assustada.
- Não sei só me ligaram e eu to indo pra lá. Vamos comigo amiga? Eu não tenho força. – me desesperei mais, acabei me sentando no chão do hall do ape da Pam enquanto ela avisava os pais. Não me imaginava sem meu pai, e nessa loucura abei não ouvindo o que a mulher disse, e não sei bem o que aconteceu e se ele está bem.
- Vamos amiga. – disse Pam, saindo do seu apê, me arrastando com ela.
A caminho do hospital eu não parava de pensar no meu pai. Como ele sofrera um acidente? Eu só tinha a Pamela e o Juliano  que essa hora não podia estar com a gente. Ele estava no trabalho. Mas a Pami fazia muito bem seu trabalho de amiga.
- Vai ficar tudo bem Andreza. Não foi nada grave!
- Como você sabe amiga? A atendente eu não ouvi nada do que a atendente disse depois do PAI E ACIDENTE.
- Vai dar tudo certo. Acredite. – Pami tentou me acalmar e eu só olhava pra rua enquanto o taxi nos levava para o hospital.
Chegando lá... Ocorreu-me um frio na espinha. Entrar em um hospital sempre me vinha coisas ruins na mente, como morte de minha mãe. Esquece disso Deza. Seu pai. Bom, entramos por uma imensa área, tudo branco, um silêncio de arrepiar. Estava vazio não via ninguém, isso me desesperou. Olhei a recepcionista, preocupada.
- Oi... – disse nervosa.
- Pois não! – falou uma moça morena, com um aspecto cansado, branquinha. Dava até medo.
- Meu pai, esta aqui? Ligaram-me, avisando.
- Qual o nome?
- Pedro Leite.
- Sim, ele está. Seu pai sofreu um acidente. Foi trazido pelos bombeiros. Não aconteceu nada de grave. – olhei pra Pami, ela estava tensa. Eu também – neste momento ele esta em repouso.
- Posso vê-lo?
- No momento, não. Por que ele está dormindo. Por favor, espere, a Doutora Elizabeth, as informará direito sobre o caso do seu pai.
- Aí meu Deus, Pami!
- Acalme-se, ele está bem.
- Vem Deza. Vamos nos sentar. – Pami segurou minha mão e fomos para a sala de espera.
         Tudo bem a recepcionista falou que tudo estava bem, mass eu não conseguia acreditar. E se ela estivesse dizendo isso apenas para me acalmar? E se meu pai não estivesse bem? Ai meu Deus, o que seria de mim?
         Pami me abraçou, e eu deitei minha cabeça em seu ombro. Até que a médica veio falar conosco.
- Doutora como ele esta?
- Bem, seu pai tem muita sorte. Ele apenas quebrou o braço, e sofreu alguns cortes. Ele já está medicado e engessado. Mas vai ter que ficar em observação. Ele estava com uma febre muito alta.
- Quanto tempo Doutora?
- Eu dou no máximo quatro dias de observação. Ele é forte, vai se recuperar rápido.
- Eu posso vê-lo?
- Nesse momento ele esta dormindo. Então não é bom incomodá-lo.
         O alto falante, chamou a Doutora.
- Bom meninas. Vão para casa e voltem amanhã, já esta tarde. Seu pai vai ficar bem. Agora eu tenho que ir.
- Obrigada!
         Ela deu um sorrisinho de lado, e saiu de nossa visão.
E eu não aguentava toda essa tensão, era uma pressão muito grande pra mim, sem pai, sem namorado, sem rumo. Ai como eu to depressiva. Na verdade eu me sentia perdida, eu queria ele aqui comigo. Quem? Luan ne? Ele sim iria me acalmar com seu abraço, sua voz suave. To morrendo de saudade dele.


Continua...

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Em Pleno Rio de Janeiro 2ª Edição


Capitulo 13


Eu não sabia como, mas tinha que começar de alguma forma. Eu tentei respirar fundo, mas o ar não me vinha, apertei minhas mãos uma contra a outra tentando achar as palavras certas a partir daquele momento, Luan não entendia o meu silencio. Mal sabia ele a dor que eu estava sentindo.
- Luan, preciso te falar uma coisa. – O olhei e vi uma lágrima cair de seus olhos. Isso não estava me ajudando em nada. Mas tinha que continuar. – Luan, eu entendo que você caiu em uma armadilha, é típico da Mariana. Mas não quero correr o risco de estar com você e não saber o que ela é capaz. Não quero correr o risco de te amar e quebrar a cara mais uma vez.
- Isso não vai acontecer outra vez, eu não quero nem chegar perto dela Deza, ei, olha pra mim. Me perdoa?
- Ah Luan não complica as coisas. – implorei deixando uma lagrima cair.
- Complicar o que? Do que você tá falando Deza???  – Luan me olhava atento, seu olhar mostrava apreensão. Respirei fundo
– Eu quero terminar com você. – Luan se assustou não acreditando no que eu havia falado.
- Como? – ele estava espantado. – Não. Eu não posso mais ficar sem você Andreza! Eu a... – quando ele ia dizer de novo não o deixei terminar.
Coloquei meu dedo indicador em seus lábios sentindo toda aquela macies de sempre, eu chorava em silencio e eu via desespero nos olhos dele que não entendia nada do que estava acontecendo naquele momento, eu ia dizer alguma coisa, mas  subitamente eu senti uma vontade enorme de beijar aqueles lábios. Então o beijei, o último beijo. Entreguei-me aos seus lábios ao calor deles.  Quase desisti da minha decisão. Mas não podia me arriscar. Eu não teria forças caso ele me magoasse outra vez. Não correria o risco. É, eu estava tentando evitar uma burrada no futuro fazendo outra no presente.
Meus lábios ainda tocavam os dele. Não o queria deixar, estava lutando comigo mesma, as mãos dele seguraram com força minha cintura, parecia não querer me perder. Acho que na verdade não queria. Tomei coragem e me soltei de seus braços e lábios.
- Shiiiu. Não fala Luan vai ser pior pra mim. Acredite. Te deixar também não esta sendo fácil. Mas é preciso. Eu gosto muito de você, muito mesmo. E é por isso que não podemos ficar juntos. Não consigo suportar mais a sombra da Mariana.
- Mas eu não gosto dela, amor. Já te falei uma vez. Eu só quero você. – me segurou novamente pela cintura, dificultado tudo outra vez.
- Por favor, Luan, vai embora me deixe sozinha, preciso pensar. –  Ele me soltou e eu senti meu corpo fraco, como se ele fosse minha força, sem ele perto de mim eu não conseguia nem ficar de pé.
Mas eu pensei no futuro, porque eu so imaginava ele em minha vida e não queria insegurança apesar dele ser sim meu porto seguro, mas a sombra da Mariana me assombrava.
Luan me olhou. Seus olhos eram só lagrimas. Deu-me um selinho demorado e saiu. Na porta se virou e disse: - Eu vou te esperar. - E saiu.
Eu? Desatei a chorar quando Luan fechou a porta. Eu queria morrer! Ok, dramático? Não, eu na verdade nem sabia o que eu estava fazendo, só sabia que já era, eu já tinha feito. Eu tive medo, vários, Mariana era apenas uma delas, e não venha querer saber de mim quais são os outros, pois nem eu sei quais são exatamente, so sei que senti um pedaço de mim sendo arrancado. Faltava alguma coisa, faltava ele comigo, me fazendo  rir, ter sensações que nunca havia provado em minha vida. Eu era feliz com ele. É era, eu joguei tudo fora agora.
Mas o que ele disse com o “eu vou te esperar” será que ele percebeu que o que eu disse foi da boca pra fora, que talvez foi uma decisão mal pensada? Não eu fui convincente, não fui?
Agora é a hora que vocês me perguntam: Você é burra ou o que Deza? Deixar o Luan livre pra pica-pau desbotada... vou responder: simplesmente por medo de estar amando de verdade. De não ser verdadeiramente correspondida, por mais que ele tenha tentado falar e eu não ter deixado, poderia ser uma artimanha dele pra me fazer mudar de ideia. Ah eu to muito confusa.
 Fui pra meu quarto me entregar a solidão em que eu mesma escolhi viver. Após muitas lágrimas derramadas, fui perdendo as forças e consciência e cai no sono.

***
Acordei ao som do telefone, não queria atender. Mas aquele som começou a me irritar, então fui ver quem era. Era Pami. E eu precisava dela agora. Então atendi.
- Alô? – Voz rouca, olhos inchados, graças ao choro que me embalou ao sono.
- Amiga! Juliano me ligou, dizendo que Luan esta muito mal por que você terminou com ele. É verdade? – Pami sempre direta.
Ouvir que Luan estava sofrendo fez meu coração diminuir. Mas o erro já havia sido cometido, não é? É. Então fique quieta Andreza.
- É verdade amiga. Não quero falar mais Pami. Hoje não. Mas eu quero colo. Pode me dar? – Fiz bico, mesmo Pami não vendo. E sabia que conseguiria o que pedia.
- Sim amiga claro. Eu tenho sorvete aqui quer que eu leve?
- Sim meu amor traga. Hoje eu me afogo com sorvete. E nem vem que vai ser só meu ok? – Sorri fraco enquanto Pami sorria abertamente.
- Ok. Já chego ai.
Pami desligou e em cinco minutos minha campainha tocou. Abri a porta estendendo logo meus braços pedindo um longo abraço. Pami sorriu e me abraçou. Não falamos nada. Fomos pro meu quarto e ficamos lá em silencio. Eu com meu sorvete de morango e ela afagando meus cabelos. Não queria falar. Só queria colo mesmo. Meus pensamentos voaram e infelizmente eles foram parar em Luan. Lembranças do seu sorriso, da forma que suas mãos me apertavam quando queria algo a mais, quando falava serio comigo, da cara brava e fofa de quando estava com ciúmes, e de repente meus pensamentos mudara para como deveria estar? Será que esta sofrendo igual a mim?  Será que estava mesmo sofrendo?
- O que estava fazendo agora? – pensei alto.
- O que? – Pami perguntou, devia esta envolta em seus pensamentos também.
- Nada. Só pensei alto mesmo.
- Não pense nele agora amiga. É pior.
- Não quero pensar... - Balancei a cabeça afastando meus pensamentos de Luan e me voltei pra meu sorvete. Enchi minha colher e coloquei tudo na boca.
Senti meu cérebro congelar. Isso mesmo cérebro! Congele. Assim não pensa no Luan. Droga nem incentivando meu cérebro eu deixo de falar nele. Esquece cérebro tudo o que falei ok?
- Amiga, me explica o que houve? – Pami pediu encostando-se à cabeceira da cama.
Eu resumi tudo pra Pamela (não vou falar de novo, vocês já sabem né?) e ela me olhava chocada. Com o que disse parecendo não acreditar.
- Ele ia dizer que te ama, sua tonta! – E bateu sua mão em minha testa.
- Ai Pami! Me ama, mas fica agarrando a Mariana? Avá. – falei incrédula. E vai ver era só pra eu não terminar com ele. Mas posso contar? Quando ele fechou a porta, eu chorei tanto amiga. Eu me arrependi tanto, mas já foi feito, já terminei. E o pior foi que antes dele sair, ele disse que ia me esperar, como se não acreditasse em tudo o que eu disse.
- Mas nem você acreditou Deza. Luan não é burro e acho que ele não vai desistir de você. Ele não é de desistir fácil e o Ju disse que nunca viu ele tao gamado em alguém quanto está em você.
- Pois é. Vai ter que esquecer. Ele não pensou duas vezes antes de agarrar a Mariana.
- Mas ele disse que foi cilada dela.
- Mas e se acontecer de novo? Qual vai ser a desculpa? Não quero mais falar dele Pam. Desculpa.
- Vocês são muito cabeça dura sabia? – disse Pami, fazendo-me deitar em seu colo. Meu sorvete já tinha acabado só me restava o carinho da minha amiga. Que naquela manha era a melhor coisa do mundo e tudo o que queria.
- Amiga dorme aqui? Meu pai só chega amanhã.
- Claro amor! Deixa só eu ligar pra minha mãe, ok?

***

Segunda-feira, dia ensolarado. Acordei com os raios invadindo meu quarto. Acordei Pami e depois do banho tomamos nosso café. Eu ainda não tinha visto meu pai. Já estava com saudades dele.
- Ai! Pensei que fosse ver meu pai hoje de manhã. – Falei saudosa, servindo o café a Pami.
- Ô amiga, a noite você o vê. – disse Pami, agradecendo o café. – AMIGAAAAAA! – ela gritou me fazendo pular de susto. – Vamos a praia, vai?
- Vamos! – Respondi no mesmo entusiasmo.  – Vou ligar pro... – Lembrei que já não estava mais com Luan e meus olhos se encheram de lagrimas. Droga de memória.
- Mais um motivo pra irmos à praia. – Pami falou vendo meu estado lastimável.
Troquei de roupa e fomos até o apê da Pami pra ela se vestir e fomos à praia. No meio de semana é vazio. Ótimo. Não gosto de tumultos. Ficamos um tempo na areia até que resolvemos mergulhar. A água estava gelada, mas boa ao mesmo tempo. Lá eu pude esquecer todos os meus problemas. Mas que logo foi trazida a tona. Eu vi Luan com Mariana caminhando pela praia. É pra morrer né? Acho que vou aproveitar que estou no mar e me afogar. O que acham? Não. Não vou me matar por ninguém. Fiquem tranquilas. Mas bem que eu gostaria. Eu terminei com ele fazia umas 24 horas ou um pouquinho mais. Ai ele vai e passeia com ela?  Era pra acabar comigo só pode. Isso porque disse que não queria nem olhar na cara dela. Na primeira oportunidade...
Só voltei à realidade quando uma onda veio e me derrubou. É eu ainda estava no mar olhando o “novo casal” quando a onda me pegou desprevenida e tomei um caldo. Aff! Onda sua idiota! Me deixa surtar? Obrigada. Parei na areia e acabei rindo junto com Pami, que estava numa gostosa gargalhada. Cansada das ondas me maltratando resolvi voltar pra areia. Pami me acompanhou.
- Pami você viu o Luan com a Mariana caminhando pela praia?
- Não, eu não vi! É serio isso? Cade?
- Já passaram. – Abaixei a cabeça. Sei lá uma tristeza me abateu.
-  Safado! E ainda ia dizer que te amava. Aff! 
- Não quero pensar amiga. Vamos distrair! – E entrei novamente no mar. Passamos a manhã nos divertindo, mas na verdade meu pensamento não saia daquela cena. E pensei nas palavras de Luan. “Eu a...” Essas palavras não saiam da minha mente. Se fosse mesmo verdade ele não faria isso comigo faria? Ah, sinceramente? Não queria pensar nisso. Quero deixar o tempo passar só ele pra me dizer o que vai acontecer.

Luan:

Mas que porra de vida! Como Andreza termina comigo? Como que vou ficar sem ela? Não posso viver sem ela. – é eu tava me maltratando por ter deixado a Deza terminar comigo, mas nem isso me deixam fazer sozinho, a  campainha tocou.
- Porra, quem será? – olhei pelo olho mágico da porta e vi que era a Mariana. No fundo eu queria que fosse a Deza, me pedindo pra voltar, dizendo que era tudo mentira.
 Eu sabia que era mentira, ela não tava terminando comigo por causa dessa besteira que a Mariana armou pra mim, Deza me ama, ela deve estar com medo. E eu não posso deixar esse medo me afastar dela. Mas ela quis parecer tão convincente. Não consegui a convencer do contrario e acabei indo embora não acreditando que eu era burro o suficiente pra deixar tudo isso acontecer.
Pena que não era ela, mas se fosse queria ouvir da boca dela que ela me amava, e que não podia ficar longe de mim. A campainha toca novamente. – que merda, ela não desiste. – falei comigo mesmo. Atendi a porta fazer o que?
- Oi Mary. – disse sem sorrir.
- Luan, vamos a praia o dia ta lindo!
- Não to no clima Mary. Não quero ir não.
- Mas por quê? Ta com medo da Andreza saber e brigar com você? – disse debochada, eu não a queria ali, não depois de tudo o que ela fez. Por causa dela to sem a Deza.
- Ela já terminou comigo, Mariana. – disse e uma tristeza profunda me invadiu. Não a olhei nos olhos,  afinal porque estou falando com a Mariana mesmo?
- Mais um motivo Luan, pra você ir comigo... Esquecer os problemas. – ela segurou meu rosto e olhou nos meus olhos. Por um momento achei que ela fosse me beijar. Não ia deixar acontecer outra vez. Então me soltei de Mariana.
- Tudo bem! Preciso espairecer. Mas você não-em-cos-ta-em-mim. Espera-me aqui.
Eu estava caminhando pela orla. Não queria entrar na água. Mariana falava igual matraca, mas eu não prestava a mínima atenção no que ela dizia.  Não sei porque eu aceito esse convite, eu devo ser um idiota mesmo. Na verdade não queria estar ali com ela. Não era ela quem eu queria por perto. De repente eu vejo uma pessoa muito conhecida por sinal. Espera. É a Andreza. Nossa como ela esta linda! Aquele biquíni a deixa linda. Lembrei-me de nossos dias na praia. Das brincadeiras que fazia com ela na água. Nos nossos beijos debaixo d’água. Ok, não muitos porque a água é salgada. Mas de vez em quando rolava. Eu não resistia a ela. Como eu gosto dessa menina!
- Luan, ta me escutando? – Mariana me cutucou fazendo com que meus pensamentos se desfizessem e meu sentido voltasse a realidade, deixando Andreza e me obrigando a olhar pra Mariana.
- Desculpa. Fale. – ela começou e meu pensamento voou outra vez. Carai, ela não vai calar a boca não?   

Luan of.


Continua....

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Em Pleno Rio de Janeiro - 2ª Edição


Capitulo 12


Acordei com o celular de Luan tocando, mas não quis me levantar. Só ouvia o que ele dizia ao telefone:

- É serio isso? Mas como ela tá? Isso não é uma brincadeira, ne? – disse enquanto se vestia correndo, aconteceu algo. - Ok. To indo. – Luan voltou pra mim se abaixando, parecia atordoado. – Amor, preciso ir, tenho que socorrer minha mãe. Parece que ela não esta bem.
- Quer que eu vá com você? – perguntei me levantando rapidamente, assustada.
- Não amor, não precisa. Fique aqui e me espere. Vou voltar pra te ajudar a organizar a casa, ok? – disse me dando um selinho de despedida.

         Saiu com apressado.

Eu fiquei preocupada, a sogra sempre me pareceu forte. O que teria acontecido? Pensei em ligar pro Luan, mas seu telefone e documentos estavam no sofá. Só não esquece a cabeça porque esta colada no corpo. Ô garoto esquecido viu... Pensei em levar suas coisas, ele pode precisar do carro e sua carteira estava comigo.

Vesti-me correndo e fui ao seu encontro, sem o avisar. De vestido e chinelos, vai Andreza correndo pelas ruas de Ipanema. Ai só eu mesmo viu! Chegando a sua quadra, eu vi Mariana junto com Luan. Não é possível, que essa bruxa vai me atormentar logo de manhã? Já não bastava na noite passada ir a minha festa bêbada, roubando o tempo do MEU namorado, agora essa?

 Diminui os passos e prestei atenção nos dois. Eles subiram e eu fui junto devagar. Estilo espião sabe? Senti-me a Sarah de CHUCK (com o gostoso do Zachary Levi. Eu o acho gostoso tá?) Olha o delicia aqui Eles subiram e eu fui pelas escadas. 

Quando cheguei ao andar do Luan sua porta estava entre aberta. E pude ver Luan aos beijos com Mariana. Não! Isso de novo não. Sai dali sem ao menos fazer barulho assim que vi Luan indo com as mãos em direção aos ombros de Mariana. Parecia estar gostando.

Como Luan, depois da noite de ontem, pôde fazer isso comigo? Será por isso que ele deixou suas coisas lá e não quis que eu viesse com ele? Mas e o telefonema? Será que foi combinado com Mariana?  Isso não pode tá acontecendo comigo, não Deus por favor!

O sexo da noite anterior foi só pra eu me acalmar e não dar problemas hoje durante o dia? Ele só não queria estar brigado comigo? Mas se fosse pra ficar com ela não seria melhor estar brigado comigo?? Muitas dúvidas rondavam minha mente enquanto eu corria de volta pra casa. Corria mesmo. Queria chegar em casa o mais rápido possível. Não podia acreditar os sonhos que eu começava a ter com ele estavam se desmoronando naquele exato momento.

Luan on:

Sai correndo pra minha casa, como assim minha mãe passando mal? Estranho mas podia ser né? Mariana não mentiria pra mim mentiria?

Mariana é minha amiga desde a infância. Estudávamos juntos, meu primeiro beijo foi com ela. Durante um período tivemos um caso. Deve ser por isso que ela se acha minha dona, não sei. Lembro como se fosse hoje. A matéria era biologia, estávamos na minha casa estudando, ai de repente pensei: porque não? A chamei pra cozinha, ela distraída ou fingindo não entender, veio comigo. Eu a puxei pra dispensa e a agarrei ali mesmo. No começo eu me atrapalhei, mas depois as nossas línguas foram se harmonizando. Foi bom. Tá! Não quero mais me lembrar disso. Afinal o que Mariana acabou de fazer não era tão legal como foi o nosso primeiro beijo.

- Cadê minha mãe Mariana? – Perguntei assustado. Assim que acabei de revistar a casa em busca da minha mãe.
- Não sei! Ela tava aqui, passando mal quando eu cheguei.
- Mas o que você veio fazer aqui? – perguntei nervoso – Maaaaaaaaaaae! -  chamei.
- Vim visitar minha sogra.
- Que sogra, tá louca? Anda me diz onde tá a minha mãe. – quase gritei com ela.
- Tá ela não esta em casa, ela saiu com uma amiga. Eu vim ver você, mas ela disse que você não estava em casa, então eu liguei dando essa desculpa.
- Você tá louca Mary? Como você faz isso? - Eu disse irritado.
- Que isso Luan, você? Foi só um jeito de chamar sua atenção.
- E chamar minha atenção porque? Eu não tenho nada com você, eu estou com a Deza, alias eu estava com ela quando você me ligou.
- Não precisa jogar na minha cara Luan!
- Precisa sim Mary. Você ainda não entendeu que é dela que gosto?
- É dela que você gosta, mas é a mim que você ama. – disse me olhando nos olhos e vindo em minha direção.
- Eu não amo você. – disse firme.
- Não ama, mas é meu que eu sei. Você não sabe dizer não a mim. – Ela tá muito perto de mim, ela não deveria.
- Seu? Eu nunca fui seu, Mary. E você sabe. – Não acredito que cai nessa, preciso falar com a Deza. Não! Melhor não, ela não vai entender.  – Ué cadê meu celular? – Perguntei-me colocando a mão no bolso.

Quando voltei a olhar pra frente, Mariana me agarrou e me deu um beijo NA BOCA. Na verdade ela roubou um beijo. Ela tava pensando o que? Sem ação nos primeiros segundos, eu correspondi. Mas logo levantei minhas mãos e coloquei em seu ombro pra afastá-la de mim.
- Você ta maluca só pode. – falei ofegando e limpando minha boca tentando esquecer seu gosto e pensado em Deza. Ela não pode nem imaginar o que houve aqui.
- Mariana saia já daqui, por favor. – Pedi. Pedi não, mandei mesmo. Que cacete!

Ela saiu com um sorriso que me fez sentir nojo. Foi nojento. Mas eu precisava ver a Deza. Dizer que estava tudo bem com minha mãe. E talvez sobre o beijo também. Fui pra sua casa como havia prometido, mas ela não quis abrir a porta pra mim.

MERDA

Luan off

Luan teve a cara-de-pau de vir até minha casa depois do que havia feito. Claro! Ele não sabia e EU, Andreza sabia do que ele fazia pelas minhas costas. Não abri a porta. Ele acha que é assim? Me engana e vem como nada houvesse acontecido. Não mesmo.

Entrei no meu quarto e acordei Pami. Precisava dela nesse momento. Minha raiva nessa hora era tão grande que meu cérebro me impedia de derramar uma lágrima sequer por Luan.

- Pami, amiga, acorda preciso falar com você.
- Fala amiga. – Disse-me Pamela sonolenta sua noite deve ter sido ótima. A minha também foi. Apenas minha manhã que havia sido destruída, junto com meus sonhos.
- Vamos pra sala? Preciso conversar. – pedi e não sei o porquê meus olhos se encheram de lágrimas, arderam, embaçaram. Mas não as deixei cair. Não mesmo. Não pelo Luan.
- O que houve amiga, que olhos são esses cheios de lágrimas? Está me assustando. – Pamela falou. A vontade de chorar aumentou. Mas me mantive firme e respirei  bem fundo. Não podia chorar.

Caminhamos ate a sala sem fazer barulho por causa de Juliano, dava pra ouvir Luan batendo na porta.

 – Porque Luan esta batendo na porta? Não vai atender? – Pamela falava curiosa e sem entender nada.
- Eu o vi beijando a Mariana em seu apartamento. E o pior foi a desculpa que usou, dizendo que sua mãe estava mal. Pami meu mundo desabou quando vi aquela cena. – falei lembrando de cada segundo do beijo dos dois.
- Ain! Amiga, que depravado! Amiga só pode ter sido por ciúmes de você ontem. – Pami tentou defende-lo.
- Não foi amiga! Nós fizemos as pazes ontem mesmo. A noite foi ótima. Mas hoje pela manhã ele me da essa facada pelas costas?

Eu me entreguei a Luan. Estava prestes a dizer o quanto eu  gosto dele, o quanto ele me despertava desejo, que o queria pra sempre até minha morte. Mas parece que essa morte chegou mais cedo. E foi Luan que me apunhalou pelas costas acertando em cheio meu coração que ficou em migalhas, e ouvir Luan me chamando naquela porta estava só piorando minha situação.

Pois é ele ainda estava na porta me chamando.

- NÃO VOU ATENDER LUAN. VAI EMBORA! – Gritei.
- MAS O QUE EU FIZ? VAMOS ABRA A PORTA? – O ouvi do outro lado. Implorando, sua voz parecia sincera. Mas me mantive firme. Não o deixaria brincar comigo.
- Pami eu não quero vê-lo agora, por favor! - Implorei a ela, e Pami foi até a porta em meu lugar. Mas não o deixou entrar.

 Ela foi até o hall do andar pra falar com ele. Não sei o que ela disse. Mas logo ele foi embora, o ouvi resistir, mas Pami o convenceu e ele foi. Pra meu alivio. Ou não. Eu queria na verdade ouvir dele que foi tudo um engano, um sonho, qualquer coisa. Mas eu não tinha força pra olhar pra ele, as cenas dele beijando ela, não saiam da minha cabeça. Nesse momento a raiva me consumiu. E como já disse na raiva eu comecei a chorar, e logo a chorar por estar chorando de raiva. É eu sou complicada mesmo.

Luan:

Não acredito que Andreza não quer me ver! Táqueparil hein. Pami me atendeu a porta.

- Luan acho melhor você ir embora. – ela falou.
- Mas porque Pami? O que fiz?
- Você sabe muito bem o que fez Luan. E como tem coragem de vir aqui depois de tudo o que fez?

Será que Andreza sabe do beijo com a Mariana? Mas como? Não seria possível, seria?

- Mas Pami eu não entendo. Por que ela não quer me ver?
- Luan vai. Depois vocês conversam, por favor! – Pami fechou a porta.
- Ela disse alguma coisa? Me ajuda Pamela!
- Não posso te ajudar Luan, me desculpe. Mas você deu mancada hein. Logo com a mariana? – E saiu fechando a porta na minha cara.


Não dava pra acreditar! Depois da noite maravilhosa que tive com a Deza isso iria acontecer. Não podia perdê-la. Não agora. Agora que tenho certeza que eu gosto dela, que quero ficar com ela pra sempre. Quando eu tive essa certeza? Enquanto ela dançava com Fernando. Não podia me imaginar longe dela. Ok ela estava se esfregando nele o deixando sem graça eu vi. Mas fazer o quê? Era assim que ela agia com raiva e ciúmes ainda mais da Mariana.  Ai carai! Dá nojo só de falar esse nome. Acho que vou chamá-la de pica-pau como Deza a chama!

A minha linda, a minha Deza. Não queria e não podia ficar longe dela. Mas tinha que dar um tempo pra ela se acalmar. É era isso que eu ia fazer. Deixá-la se acalmar.

Luan off

O choro não estava me acalmando. Só aumentava minha raiva, estava deitada no colo de Pami que devia estar molhada com minhas lágrimas. Sempre a Pami, me ajudando nas horas mais difíceis. Desde o momento que coloquei o pé no Rio ela esteve ao meu lado. Sempre, nos bons e maus momentos, ela esteve ali. Não achei justo alugar a Pami, já que Juliano também estava conosco. Limpei minhas lágrimas e me levantei.
- Ei amiga, ele não merece minhas lagrimas. Vamos, me ajuda a arrumar aqui. – nisso Juliano apareceu só de sunga na nossa frente, eu coloquei a mão nos olhos fingindo inocência e estar constrangida. E Pami sorriu. – Juuu, vai se vestir homem! – pedi ainda escondendo meus olhos e caindo na gargalhada.
- Desculpa meninas. Vou me vestir. – Juliano constrangido voltou para o quarto se vestiu e logo nos ajudou a arrumar a casa. – Ué, cadê o Luan? – perguntou. Pegando as latinhas de cerveja, jogadas pelo chão.
- Eles brigaram amor. – Pamela disse com tristeza na voz. E Juliano, abaixou a cabeça continuando o que fazia em silencio.
Deixamos a casa limpa e organizada bem mais rápido que eu havia imaginado. Meus pensamentos estavam perdidos em Luan, por isso não vi o tempo passar. Eu ia pro banho quando tocaram a campainha.
Pamela e Juliano já haviam ido embora.
Abri a porta.
Meu coração quis sair pela boca, entrei em estado de choque. Era ele. Luan.
- Luan! – seu nome saiu de minha boca com dificuldade. Em um ultimo suspiro, eu estava morrendo por dentro, ainda não sabia o motivo, mas estava morrendo, talvez era a dor de saber que eu fui traída por alguém que eu posso dizer que amor? Eu ainda não estava pronta. Pra ve-lo, conversar. Olhar pra ele. Eu não tinha forças pra isso.
- Posso entrar? A gente precisa conversar. – Ele falou serio. Minha espinha gelou.
- Pode. – falei o deixando entrar.
Luan entrou e se sentou no sofá com um rosto avermelhado. Teria chorado? Acho que não.
- Amor porque você não quis abrir a porta pra mim, mais cedo? – perguntou-me. Ouvir Luan me chamar de amor fazia meu coração doer. Porque eu me lembrava do que vi pela manhã e não conseguia acreditar em nada do que ele falava. - Andreza? Ta me escutando? – Luan se alterou e quase se levantou do sofá, enquanto chamava minha atenção.
- Estou Luan. Estou te ouvindo. – disse com raiva – e não abri porque eu te vi hoje de manhã com a Mariana. Satisfeito? – Meus olhos se encheram de lágrimas. Mas não chorei. Me mantive forte. Queria ver ate onde Luan mentiria.
- Não foi minha intenção, Andreza! Ela que me agarrou... – Luan tentou se explicar, mas não o deixei.
- E você gostou? Claro. Luan eu me entreguei pra você. Eu queria estar até a eternidade com você, mas você acabou destruindo tudo. Destruiu tudo o que construímos. Como pode fazer isso comigo. Como?
- Não fale assim Andreza, por favor! Coloca-se em meu lugar. Eu fui enganado. Eu te perdoei quando o Felipe te agarrou lembra? – ótimo Luan, tinha que jogar na cara né?
- É eu te perdoei quando você beijou a vaca loira, quando você se vingou. – a raiva me consumia e não queria chorar... Vocês sabem o que acontece né? E não precisa jogar a historia do Felipe na minha cara, eu já entendi que você não vai esquecer aquele dia.  
- Não. Eu quero esquecer tudo. Vamos esquecer tudo? Eu te... – eu o fuzilei com os olhos e ele percebeu que eu não queria ouvir essa frase. Não agora. Não podia acreditar em Luan. Percebi o que ele ia dizer, e se fosse em outra ocasião e ele a dissesse eu o diria que também o amava. Mas achei melhor não arriscar. Então tomei uma decisão, que doeria mais em mim que em Luan. (eu acho). Mas seria melhor pra mim. Não ia me arriscar a quebrar meu coração pela terceira vez. Não mesmo.

Continua...