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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Único


Capitulo 38
Os dias se passaram, Luan estava já aparecendo na TV, entrevistas atrás de entrevistas. Gravou seu primeiro DVD, e CD onde, tempos depois descobri ser o lugar onde nasceu e viveu um pouco de sua infância antes de começar a viajar com seus pais por motivo de trabalho. Sua emoção era minha emoção. Após tanto tempo longe, sem nenhum contato ali estava eu chorando que nem pateta assistindo pela primeira vez seu DVD. Ah! Tony e eu estamos namorando agora, é resolvemos a vida, não é incrível?
 Num perfeito dia, ele veio me abraçar meu aniversario ne. Só que eu muito pateta fui pro mesmo lado que ele, e no caminho do abraço, nos olhamos, paramos de respirar e aconteceu.
Seus lábios tocaram o meu com tanta intensidade, tanto carinho, senti borboletas no estomago, segurei seu pescoço queria aquilo cada vez mais, não tava me contentando, ces sabem que eu tenho uma queda por ele ne? Então foi a oportunidade perfeita e foi algo que aconteceu “sem querer”. Tony puxou minha cintura. Cravei as pernas nas suas coxas. Larguei a colher de cobertura de chocolate a qual estava passando no bolo. A joguei de qualquer forma na pia, para poder cada vez mais aproximar Tony de mim. Os beijos ficaram mais intensos, suas mãos habilidosa me faziam arrepiar. Respirações desiguais. Estava de camisola, havíamos acabado de acordar do descanso à tarde. Haveria plantão nesta noite.
Gemi, ele apertava minha coxa como se quisesse a arrancar de mim. Sem cerimônia me pegou pela cintura, fazendo-me flutuar. Não tinha como negar todo aquele desejo guardado por mim, sempre o tive, mesmo antes de tudo acontecer, mas me continha por causa da relação professor-aluna e depois nos tornamos amigos e tudo foi acontecendo, sempre deixava esse sentimento pra lá. Mas aquele dia não. Aquele era o dia de tudo transbordar, de deixar meu corpo falar mais alto e o dele também.
Beijei seu pescoço. Ele me carregou pro quarto e foi a transa mais emocionante da minha vida, foi uma mistura de sexo e amor, carinho. Não se compara a nada que já fiz. Eu pertencia a ele, e ele a mim, por aquela noite que ta durando até hoje.
É.... a vida é assim, de alguma forma ela sempre dá um jeito de te mostrar que você ta errada. Me apaixonei por aquele branquelo, loiro pálido. Me apaixonei por Tony, e é com ele que quero passar o resto de minha vida. Ao lado dele, só dele. Já o Luan, o Luan nunca foi meu de verdade, ele sempre ficava comigo querendo outra no lugar, eu sei disso. Agente sente quando tem algo errado. Por mais intenso que tenha sido, por mais iludido que fosse, ele sempre amou a Deza. E é com ela que espero que ele fique. Afinal ele ficou com ela primeiro, a gente sempre brigava quando a gente se esbarrava, antes que ele decidisse ficar comigo, acho que ele escolheu isso so pra me afrontar, e eu anta cai nas garras dele.

**
Tempos depois:

Deza on:
Nossa... já se passaram tanto tempo que não vejo todo mundo. Luan, Dani e até mesmo Duda que mal para em casa. Fica mais perambulando pela faculdade.
Minhas amigas, ah que rumo tomamos. Fiquei sabendo que Danielle se ajeitou com o Doutorzinho dela. É talvez ela esteja tentando iludi - lá para poder esquecer o Luan, talvez ela também nunca tenha o amado, vai saber.
Agora eu?  Só Deus sabe a falta que aquele menino me faz. Só que sou muito ruim pra admitir, deixa ele pra lá. Não quero saber do Luan por um bom tempo. Apesar que a mídia não me deixa em paz né.
No serviço, CDs e DVDs do tal Luan Santana. Na TV, entrevistas atrás de entrevistas. Ele está no topo. O garoto conseguiu. Quem diria, ele conseguiu mesmo, aquele garoto do interior, com o sotaque lindo, que veio morar no Rio por motivo de trabalho do pai, conseguiu gravadora, foi pra cidade natal e gravou um DVD com mais de 85 mil pessoas. É pra quem não queria saber dele, ate que sei demais.  Queria ligar pra ele, falar e ficar junto dele nessa época tão especial. Mas as circunstancias não deixam né? E além do mais nem o numero dele deve ser o mesmo. Ele deve ser ainda apaixonado pela Dani, e eu apaixonada pro ele, e ela por Tony. Que zona!
Num sábado desse eu tava de folga do serviço. Ricardo arrumou outra ficar no lugar de Dani, ela não o contou o motivo que pediu demissão, apenas pediu e se foi. Foi trabalhar no hospital, sua grande paixão. Aff, gosto é gosto. Eu detesto hospital, aquele cheiro de álcool, pessoas morrendo, nascendo... é ate que a parte de gente nascendo é fofo, gosto de bebes, mas da parte da morte... Ah essa eu quero longe de mim.
Beleza, continuando, tava lá eu e Eduarda deitadas em cada sofá, sozinhas naquela casa vendo TV. Já era mais de 1 da tarde. Aquele silencio. Não tínhamos muito papo. Não havia o que conversar.
Duda suspirou fundo.
- Deza! – chamou.
- Oi Du. – Ate o apelido dela eu tava com preguiça de falar...
- Vamos dar uma volta? Não quero ficar aqui em casa hoje não.
- E ir pra onde?
- Shopping? Cinema? Sorveteria, sei lá... só não podemos ficar aqui em casa. – sorriu.
- Ta, tanto faz... Vamos, essa nossa nostalgia ta me matando também.
         Eduarda saiu sorrindo da sala e foi se arrumar, e eu a segui né. Estava um garrancho. Fomos nos arrumar.
         Já se passava das 3 horas quando chegamos ao shopping da Barra. Eduarda toda animada foi na sua loja de roupas favoritas, Ellus. Duda... sempre patricinha shuahsuah. Eu já queria mesmo era saber de arrumar algo pra matar meu calor. No Rio passava dos 40°, estava pingando de calor. E mesmo eu de vestido não podia ficar mais fresca.
         Cheguei na Mega Mate, esse lugar é fantástico.
- Açaí com Leite em pó. – pedi.
- E eu quero um com Chantilly... – ouvi alguém dizer logo atrás de mim. Reconhecia muito bem aquela voz, e chantilly com açaí, esse gosto era difícil de não reconhecer. Dani. Nem precisei virar pra saber de quem se tratava.

Continua...

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Único


Capitulo 37

Dani on:
         Os dias estavam se passando, minha convivência com Tony cada vez mais próxima. Já tinham se passado dois meses desde minha briga com Deza. Não a vi mais. Não nos falamos mais. Eduarda vinha com frequência me visitar, afinal fazíamos trabalhos da faculdade direto juntas.
         Sai do serviço na loja de CD’s e DVD’s do Ricardo. Pedi conta, e não contei especificamente o motivo, disse simplesmente que queria sair. Estou agora trabalhando como Técnica em Enfermagem no Hospital Central, Setor Clinica Medica. O Dr. Tony deu seus jeitinhos de me enfiar dentro do hospital.
         Quando não estava trabalhando, estava estudando, e quando não estava fazendo os dois, estava dormindo.
         Não! Eu não fiquei com Tony ainda, eu até gostaria e confesso que queria, mas tadinho de nós nem tempo tínhamos, ele estava concentrado em seus estudos, e eu concentrada em arrumar minha vida de uma forma pra tirar aquele menino da minha cabeça.
         Sim! Eu ainda gosto do Luan, tento me manter ocupada, tento de certa forma dizer a mim mesma que não podemos ficar, que tudo foi um erro e que acabou, mas não dá. Meu coração é muito burro, vei. Se enfia em cada burrada. Não bastava ter acontecido aquilo com o Danilo, tive que passar aquilo com Luan. Aff! Deixa.
         Então. Eu também não o vejo, nunca mais nem a voz dele escutei. Não sei se ele voltou com Deza, apenas sei que sua carreira está bombando, o escuto nas rádios, Falando Serio, Meteoro, To de Cara, e A Louca. Minha primeira impressão? A que isso, nem gritei!   
 Levei o maior susto! Estava eu em minha pequena lavanderia, lavando as roupas de hospital minha e do Tony, aproveitei meu dia de folga né, e fui lavar. Era uma quinta, lembro-me bem. Corri na cozinha peguei um pacote de bolacha, a fome tava apertando. Estava descalça, com a roupa toda molhada e cabelo bagunçado.
         Fui ao quarto de Tony toda animada ne, afim de ouvir algo bom. Procurei no rack algo descente pra ouvir, Aff. Não tinha nada, achei MPB, mas MPB eu detesto, Pagode, pagode é bom, mais não quero pagode agora. Não tinha nada naquilo, e meu pen drive estava longe. Coloquei na radio mesmo.
Sintonizei. E adivinha? Pagode! Lancinho – Turma do Pagode. Deixei.
Peguei um jaleco de Tony que estava jogado na poltrona do lado do guarda roupa. Sai do quarto.
Som alto, solidão naquela casa. É perfeito!
Sentei em cima da maquina de lavar, fui conversar com Duda por sms, quando de repente, ouço um som diferente. Uma voz familiar estranhei. Deixei o celular em cima da maquina e fui em direção ao som. Me aproximei com cautela como se estivesse com medo de me assustar. Escutei com mais atenção. Parei! Minhas pernas ficaram imóveis, respiração isso não existia. Quando me dei conta já estava gritando pela casa que nem louca varrida. Shuahsuashuah foi engraçado, lembrando agora.
Era o Luan, o Luan Santana. Aquele filho de uma mãe conseguiu. Ele conseguiu meu Deus. Sai correndo em direção a lavanderia, tropeçando em todos os tipos de objetos existentes pelo caminho. Até que parei em frente há maquina de lavar. Olhei atentamente para meu telefone.
Minha intenção? Era ligar imediatamente para Luan, sim eu ainda tinha seu numero salvo em meu celular. Não deixa o Tony saber disso não hein, e vibrar que nem doida com ele. Mas lembrei-me de tudo. Larguei o celular, e apaguei os números já digitados.
Respirei fundo. Fingi não ter acontecido nada, e continuei a teclar com Eduarda.
As vezes precisamos fingir que não existe emoção pra ela poder sumir de vez. Não contei a Eduarda que ouvi Luan pelo radio, não perguntei sobre sua carreira a ela, comentei com Tony, coisa rápida só do tipo: “ele ta fazendo sucesso”. Não queria despertar o ciúme dele. Na verdade não sei se ele é do tipo ciumento, mas é bom não arriscar ne? Quem sabe quando a gente tiver um tempo a gente se envolve? Não quero fantasmas do passado assombrando nosso relacionamento.

Continua...

domingo, 26 de agosto de 2012

NOVIDADES POR VIR...











SE EU FOSSE VOCÊS, NÃO PERDIA!





Único


Capitulo 36
Deza  on:
Foi difícil pra mim não olhar pra trás, eu sabia que se eu a olhasse indo embora, minhas lagrimas cairiam, eu queria parecer forte, queria demonstrar raiva mesmo não sentindo com tanta intensidade. Meu ódio era mesmo pra Luan, aquele idiota que quis brincar com nossos sentimentos. E como eu fui burra de não perceber nada!
Dani não gostava dele e eu sentia isso, algo a incomodava, mas não tinha ideia do que podia ser, hoje eu sei, ele a enganou e continuava a me enganar. Mas em certo momento Dani também me enganara, ela tinha que ser punida também, mesmo que por pouco tempo. Luan, esse sim merece minha rejeição, minha distancia. Ainda mais agora com essa carreira de cantor dele, estava muito ocupado viajando direto, vários shows pelo interior do estado e de estados vizinhos, que nesses havia um pouco mais de sucesso digamos, sertanejo aqui no Rio não cola muito não.
Eu não queria sair daquela praia, o vento me confortava, com frio eu me encolhi o Maximo que pude. Mas a noite já havia chegado, eu já havia chorado, tentado entender tudo o que estava acontecendo, o que deu na cabeça do Luan fazer tudo aquilo com a gente. Cansada de tentar achar resposta resolvi me levantar, passei por um quiosque, comprei uma água de coco e resolvi voltar pra casa caminhando, já se passava da oito da noite, eu não queria chegar em casa e ver Dani, não agora, enrolaria o Maximo pra chegar em casa, talvez ela tivesse dormindo e eu não precisasse olhar pra ela.
No meio do caminho percebi que estava próxima da casa de Luan, na verdade, eu já estava na rua da casa dele. Apressei meus passos e dei de cara com a Irma dele em frente sua casa.
- Oi! – Ela veio falar comigo e eu fiz a melhor cara de tudo bem pra ela.
- Oi. Tudo bem? – Perguntei por educação.
- Ta tudo bem, você veio falar com o Luan?
- Não, so to passando por aqui mesmo,  é caminho pra minha casa.
- Vocês brigaram? Ele ta com uma cara de bunda. – impossível não ri com a cara que ela fez.
- A gente discutiu sim, mas vai ficar tudo bem. – menti, ela não precisava saber da cachorrada que o irmão fez. Bom, deixa eu ir antes que ele me veja e venha fazer as pazes, eu não quero, não por hoje. – menti de novo.
- Tudo bem, Luan merece as vezes um castigo desses, pode deixar que não vou contar que te vi ta?
- Obrigada. – sai quase que correndo da frente dela, não queria mesmo que Luan me visse, mas acho que não adiantou muito, foi eu virar a esquina e dei de cara com ele. Na verdade esbarrei nele.

- Ah, me desc... Deza?
- Não, aqui é o que restou dela. – fui grossa.
- Deza, eu... Me deixa explicar?
- Você já me explicou mais cedo Luan, eu não entendi e não quero entender, quero distancia, você podia colaborar né?
- Deza, por favor – Luan segurou em meus braços me trazendo pra mais perto, aquela voz manhosa dele, me fez amolecer, mas eu não podia deixar as coisas assim e simplesmente esquecer, eles mereciam o castigo. – Eu to muito confuso, eu gosto de você, eu gosto da Dani, mas não sei bem o que fazer, vocês são diferentes uma da outra e cada uma me conquistou de um jeito diferente. Me ajuda! – Eu ri sarcástica.
- Te ajudar como Luan, pedindo pra Dani te aceitar e eu sair do caminho de vocês pra vocês serem felizes? Eu também gosto de você caramba! Acha que é fácil abrir mão de você? – despejei tudo de uma vez, burra. Não era pra dizer nada disso. Lagrimas caíram dos meu olhos, idiotas.
- Ela já fez isso por você deza!
- Como assim? – Perguntei, Luan me soltou finalmente, eu não queria, seu corpo era como um ima pro meu, doía quando eu tinha que ficar longe.
- Ela saiu de casa.
- Como você sabe?
- Eu liguei pra ela pra...
- Eu sabia, você não me quer, você quer que eu te ajude com ela, você so merece meu desprezo mesmo.
- Calma, eu queria saber se vocês estavam bem, então ela me disse que tinha saído de casa. Imaginei que as coisas entre vocês não estavam bem e resolvi te procurar, mas você também não estava em casa. Então voltei pra cá e te encontrei.
- Dani sempre na minha frente. Eu que ia sair de casa Luan.
- Porque?
- Porque eu não ia aguentar te ver no braços dela, sendo feliz com ela. Eu sei que você gosta dela e ela.. Ah é apaixonada por você, caso contrario não faria nada do que fez. Eu tenho que ir pra casa, saber pra onde ela foi. Me deixa em paz Luan, por algum tempo. Por favor.
- Eu vou viajar, já te falei. Dois meses viajando pelo interior do Brasil, divulgando meu trabalho, eu não quero me esquecer de você, você me incentivou quando eu precisei, eu tenho um carinho enorme por você Deza.
- Pra mim não é o suficiente Luan, mas agora também não me interessa seu sentimento por mim, eu não o quero. – fui fria. Luan apenas segurou meu rosto me olhou nos olhos sorrindo e me roubou um beijo, apenas um encostar de lábios, uma despedida enfim, fechei meus olhos com força.
- Me desculpe por tudo, sei que não será agora, mas sei que vai me perdoar, e que a gente possa se ver mais na frente e quem saber rir de tudo isso, vamos estar mais velhos e ver que tudo isso o que aconteceu foi algo pra no fazer ficar maduros pra vida, obrigada por aparecer na minha. Eu gostei muito do nosso envolvimento, aprendi algumas coisas e acredito que você também.
- A não me entregar tão fácil? É aprendi mesmo. – Fui rude.
- Serio, Andreza, quero poder te ver mais pra frente, quando tudo isso acabar, quero olhar pra essa situação e ver que tudo foi um engano, um erro meu de adolescente.
- Você não é um adolescente Luan!
- Mas vai parecer coisa de um, você vai ver. Quando tudo tiver mais calmo, eu quero estar com você outra vez. – Me segurou pelas mãos e puxando-me me abraçou e me beijou outra vez, dessa vez mais demorado, atreveu-se a pedir passagem com a língua, mas não a dei. Sorriu sem graça entendendo que de minha parte não estava tudo tão bem assim, eu precisaria de mais tempo.

Continua... 

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Único


         Capitulo 35


         Liguei minha moto super barulhenta, sempre gostei deste estilo meia rockeira, desleixada da vida, sem ligar pra nada, família, amigos, amor, sem nada. Apenas no mundo, eu era assim no mundo.
         Rapidamente cheguei em casa. Vish, minha casa. O que era aquilo?! Tão fria, tão silenciosa, o ar era de velório. Fui ao meu quarto aquilo não era mais meu recanto feliz, não tinha nem vida naquele lugar. Olhei o som, pensei em ligar uma musica algo pra passar o tempo e esquecer tudo. Não consegui, passei a mão sob as caixinhas de som ao redor da estante, cada pedaço do meu corpo se arrumou para jogá-las longe.
         Controlei-me.
         Fui ao banheiro, tomei aquele banho, descarregador de energias ruins. Só que elas não saíram, não queriam me deixar, me senti cada vez mais suja, mais porca, mais nojenta.
         Sai enrolada na toalha, meus pés molhados faziam pegadas pelo quarto. Andava de um lado pra outros, a procura do nada. Ao longe, atrás do guarda roupa, vi uma bolsa, a minha bolsa não muito pequena, minha bolsa de caveirinha que mamãe me dera quando estava no México.
- Aí... Saudades da minha família.
         Sem nem mesmo vestir uma roupa, sem nem se quer pensar direito, peguei aquela mala, de repente minha única vontade era sumir, desaparecer. E desejava nunca ter saído do México.
         Já se passava das 20 horas. Andreza ainda não tinha voltado, provavelmente se acertou com Luan, e eu? Eu iria sobrar nessa historia. Hora de desaparecer.
- Dani? Dani... O que você ta fazendo? – perguntou Duda espantada.
- To indo embora Duda, pra mim essa historia já foi longe demais.
         Ainda parada na porta Eduarda olhou para os lados, como se estivesse procurando alguém, e na verdade estava.
- Cadê Deza? Você falou com ela? – não respondi – Dani – gritou – Fala comigo pelo amor de Deus.
         Parei, sentei na cama, continuando dobrando as roupas meio que por cima.
- Eu a vi, mas ta tudo terminado, tudo resolvido, ela me quer longe, é isso que vou fazer, ficar longe.
- Como assim? Pra onde você vai? – disse se aproximando e começando a tirar as roupas da sacola.
- Não... Para, larga isso Duda – briguei colocando-as de volta. – Eu não sei pra onde eu vou... Na verdade não faço a mínima ideia, só sei que não quero ficar aqui, me deixa...
- Você é muito cabeça dura, Dani... Como pode.
         Acabei de juntar minhas coisas em silencio, de mim só ouvia o coração batendo, respirar? Eu não sabia se estava respirando ou fungando de raiva. Raiva, ódio, nojo, de mim... De mim, por ser fraca, e besta eternamente besta.
         Tudo arrumado, acabado. Minhas coisas que não eram tantas assim couberam numa pequena mala. A mala de mamãe. Eduarda já estava mais que desesperada, sentada na poltrona perto de minha cama, só observando.
- Preciso que você mande os restos das minhas coisas assim que conseguir arrumar um lugar pra ficar. Tipo, não sei quando vai ser, vou ver se fico num hotel até achar sei lá, pensão... Algo assim, não se preocupe amiga – me aproximei de Eduarda – Eu vou ficar bem, mas pro bem de vocês também, é preciso fazer isso... Deixa o fogo aqui abaixar, deixa colocarmos tudo em ordem. Não se preocupe ta? – a abracei, fazendo aquela pititinha sumir no meio dos meus braços – Te vejo na aula segunda.
         Dei um beijo em sua testa. Logo, peguei minha mala e meu capacete. “Ir de moto com essa mala não vai da muito certo”. – pensei.
- Toma Dani... – Duda ao me ver na porta da sala, joga sua chave. – Pelo menos leva meu carro, se você não encontrar onde ficar durma dentro dele né, e segunda vou de moto pra aula, e te devolvo ela.
- Obrigada Duda! – disse enfim. Mal joguei minha chave na estante e logo virei novamente pra porta. Odeio despedidas.
         O carro de Dudinha era bem pequeno, a cara dela rsrsrs... Duvido que consiga dormi por aqui. Liguei o som, Away From The Sun – 3 Doors Down.
- É pra acabar o mundo – disse a mim mesma.
         Rodei a cidade quase tuda, afim de achar um lugarzinho pra dormi, não tinha muito dinheiro no bolso. Hotéis caros, pensões cheias, véspera de fim de ano essa merda sempre é assim.
         Falando em final de ano, meu aniversario já ta quase chegando, é... ô aniversario bom viu, sem família, sem amigos, sem ninguém pra comemorar. É a vida né. Um dia a gente tem muito outro dia, temos nada.
         Parei num estacionamento perto da praia. Gosto muito daquele lugar, pensei em sair do carro. Mas tava frio abaixei o som, quase no mudo. E assim, os olhos pesados pelas lagrimas escondidas, foram se fechando.
         Ao som de Just a Dream meu telefone toca.
- Merda não posso nem dormi em paz – xinguei em silencio. Procurei passando a mão no banco ao lado, a fim de achar o inferno do telefone. Rapidamente o encontrei. Nem identifiquei quem era. Apenas queria acabar com aquilo logo, e voltar a dormir.
- Oi... – disse um pouco seca.
- Dani... Onde você está? Ta tudo bem? – perguntou Luan quase sem voz.
- Você ainda pergunta Luan? Como você acha que eu to? Briguei com minha melhor amiga, sai de casa... Eu to bem obrigada. – o ódio por Luan era grande, mas acho que em mim a raiva, era estendida a uma única pessoa. A mim mesma.
- Você conversou com a Deza? Como assim saiu de casa? Dani, onde você está?
- Luan... Pelo amor de Deus, me deixa em paz por favor. Nós dois juntos, já destruímos vidas de muita gente, deixa... Deixa eu sozinha.
- Mas Dani...
         Desliguei.
Minha mão pegava fogo com vontade de estraçalhar cada pedacinho do meu cérebro, e do coração idiota que carregava. Meus olhos não conseguiram mais segurar as lagrimas, e assim elas caíram.
Em meio a tristeza, e o silencio do estacionamento. O choro e a dor eram o único barulho, até que todo silencio foi abafado pela chamada do meu celular.
- Mas que droga... Eu já disse que não era pra você me ligar novamente – falei sem ouvir, sem até mesmo pensar.
- Ei Dani, que violência é essa? Te fiz nada não! - com um tom assustado, reconheci quem era ao telefone, desta vez não era Luan, era Tony, meu Doutor... Meu anjo da guarda.
- Aí meu Deus... desculpa Tony, pensei que você outra pessoa.
- Uma pessoa que você não quer ver nem pintado de ouro né Dani.
- Se possível, nem ouro nem prata... Quero mais é aquele menino longe de mim.
- Nossa. Pra te deixar com tanto ódio assim, tem que haver um bom motivo né.
- Esse é um bom motivo Tony. – sorri de lado, tentando esconder as lembranças, e as cenas que vinham fortemente na memória.
- Onde você está? Posso passar aí na sua casa, to aqui perto, aí resolvi te ligar...
- Não to em casa Tony.
- Hã? – sua voz mudou completamente, ficou um pouco decepcionado.
- Eu estou num estacionamento – sorri com o fato – Tive que sair de casa, aconteceu probleminhas lá.
- Num estacionamento, Dani? O que você está fazendo num estacionamento? São quase meia noite.
- Minha intenção é fazer este estacionamento minha casinha por hoje.
- Você ficou doida? – se alterou – Ah... Esqueci com quem estou falando, você “é doida” né.
- Ha-Há-Há... – fingi risada, super falsa. Abaixei um pouco mais o banco. Ah, ele não abaixa mais. Que droga!
- Você vai dormi aí?
- Uai, sim... A Duda me emprestou o carro dela, vou dormi nele.
- Dani, você vai acorda toda amassada amanhã, esqueceu que o carro da Duda, é pra formiga?
- kkkkkk... essa vou ter que contar a ela.
- Vem pra cá. Digo, você pode ficar aqui em casa, até achar um lugar, ou voltar pra sua casa, eu fico aqui sozinho mesmo, vai ser bom ter sua companhia aqui Dani.
- Serio? – parei pra pensar, nas possibilidades, será? Será? Aí meu Deus, é muita tentação pra uma pessoa só, não contei a vocês, mas eu tenho uma queda pelo Tony hih shiiiu, não conta pra ele. – Não vai ter problema? Tipo, eu sou sua aluna e tudo né Tony.
- Dani, acima de minha aluna você é minha amiga, você acha que eu morando sozinho deixaria você dormi na rua? Nunca né. Vem pra cá. To indo pra casa, te espero lá, não demore. Beijos – Tony desligou o telefone. Filho da mãe desligou na minha cara.
         Bom, não podia perder essa oportunidade. Aín, eu precisava de um banho e de uma cama bem quentinha. Liguei o carro de Duda, e imediatamente segui em direção a casa de Tony, já fui la varias vezes pra gente ver filme, meu amigo de longos anos né. Ele sempre me ajudou, anem... olha só, ta ali novamente me acolhendo.
         Tony morava sozinho, vivia só pra estudar e trabalhar trabalhava no hospital central, e tinha sua própria clinica de neurologia, alem de tudo aquilo aguentava os alunos chatos da faculdade.
         Meu grande amigo.
         Rapidamente já estava na casa de Tony, parei com medo de me aproximar. Por que estava com medo? Aff, até parece que nunca estive ali, sozinha com ele.
         Mas agora seria diferente, eu não iria ali ver filme, eu iria ali morar. Morar com ele. Ai meu Deus, nós dois sozinhos nessa enorme casa. Isso não vai prestar – pensei ainda dentro do carro.
         Respirei fundo. Apanhei minha bolsa que me acompanhava no banco da frente.
- Vamos lá – caminhei sobre a grama. A casa de Tony era tão linda, gramado super aparado e cuidado pelo Jardineiro Sebastião seu grande amigo dizia Tony, por viver sozinho os empregados começaram a ser sua família. A mãe de Tony morreu quando era bem novo, e seu pai sumiu no mundo quando tinha 3 anos, vida difícil né. Ele foi morar com a avó e assim seguiu até agora, faz nem 1 ano que ela morreu. Velhice. Morreu dormindo, contou-me.
         Toquei a campainha, quis dar meia volta e ir embora, queria tanto meu quartinho de volta. Mas já era tarde demais, a porta estava se abrindo e por trás dela, ali estava meu loirinho lindo. Usando uma bermuda super trapo, e uma camiseta cavada.
- Oi... – disse um pouco tímida.
- Oi amor. – cumprimentou Tony se jogando em meu corpo. Seus braços acolhedores apertavam-me.
- Tony... Eu... Eu não sou de ferro. – brinquei.
- Tava com saudades de você.
- Você me viu ontem – lembrei.
- Mas foi muito tempo. – sorriu – Vem entra. – com um solavanco pegou rapidamente minha pequena mala.
- So isso?
- Você acha o quê? Sou estudante de medicina, não sou rica não meu filho. – fui entrando, já estava mais calma.
- Sei como é essa vida, passei por isso por um longo tempo. – Tony foi subindo as escadas – Vem vou te mostrar seu quarto.
         O segui. A casa era enorme, nunca tinha visitado a parte de cima, so a sala e a cozinha, e seu quarto. Quando resolvíamos ver TV lá. – não pensem besteira.
         Nunca fiquei com Tony, oportunidade nunca faltou, mas não sei. Sempre fui fiel ao Danilo, besteira minha né. Acabei levando chifre. Droga de amor!
- Aqui! – disse Tony, parando de uma vez no meio do corredor, fazendo-me tombar nas suas costas. Estava muito distraída em meus pensamentos. – Calma Dani, isso aí é meu. – sorriu.
- Desculpa... Mas você também fica parando de uma vez no meio do caminho né... não tenho culpa.
- Olha... calma aí menina.
         Tony empurrou com facilidade a porta. O quarto era pequeno, pequeno para os que já to acostumada a ver, o quarto dele, por exemplo, daria dois daquele. Mas fiquei feliz, não gosto nada grande, fico perdida e com uma sensação estranha de abandono.
         Uma cama de casal no centro, um guarda roupa do lado direito embutido com a parede, diz ele que havia um banheiro também, não vi.
A casa era antiga, só foi restaurada, mas seu projeto antigo continua ali. Bem que os quartos, os azulejos do banheiro todos estavam bem conservados, nada foi mudado por inteiro, apenas a fachada, Tony é enjoado com a aparência.
         Enfim, entrei calmamente observando cada pedaço do meu novo cantinho feliz. Estava com um cheirinho tão bom de lugar limpo, de casa de família, casa de mamãe tinha esse cheiro. Olhei Tony, ainda parado na porta segurando minha mala. Ele sorriu.
- Eu amei. Obrigada! – agradeci correndo pros seus braços.
- Por nada minha linda, agora vai descansar, se precisar de alguma coisa vou estar no meu quarto estudando.
- Ta bom... – peguei minha mala de sua mão. Tony deu um beijo em minha testa e voltou para o corredor. – Tony – gritei – Você é um bom amigo, obrigada.
- Não tem que agradecer – sorriu. Abaixou a cabeça e continuou seu caminho.
         Respirei fundo. Seu perfume continuava no ar. Aí Deus, me ajuda. – pedi em silencio.
         Fechei a porta. Coloquei a mala numa pequena poltrona perto do guarda roupa. Olhei pela janela, a casa era bem alta estávamos no segundo andar e mesmo assim parecia que tinha uns 2 abaixo de nós.
         Peguei um pijama na mala bagunçada. Agora era achar um banheiro. Havia um neste quarto, Tony disse, mas cadê?
         Olhei, por entre os cantos, perto da janela. Parei. O guarda roupa, lembrei que nas velhas casas em minha cidade, o povo dos casarões tinham em seus quartos banheiros embutidos nos guarda roupas. Estranho né? Mas é. E foi tiro e queda. Achei. Na porta do meio, dava entrada ao banheiro. Pequeno e confortável. Azulejos azuis celeste, havia banheira ali. Tony era muito conservador deixou tudo como se estivesse na época que a casa foi construída.
         Liguei a torneira, dourada. Uma água tão quentinha. Aí é hoje que durmo nesta banheira.
         Joguei minha toalha por cima do ferro de apoio. E assim me joguei na banheira. Estava tão gostoso que devo ter cochilado. Enxuguei e fui pro quarto. Enfiei debaixo do edredom macio. Precisava sumir por alguns anos.

Continua...