Em Pleno Rio de Janeiro - 2ª Edição

Capitulo 8

Meu pai não se incomodava com as visitas de Luan, pelo menos nunca reclamou, só me olhava torto as vezes por causa da hora, eu entendia e pedia a ele pra voltar outro dia.  Meu pai confiava em mim. Tudo bem que eu não estava tão digna da confiança nos últimos dias, mas ele não precisava saber. A única coisa que meu pai dizia era “minha filha tome cuidado, quando estiverem sozinhos, se for fazer algo com ele, previna-se. Não quero netos agora sou muito novo pra isso.” Eu ria toda vez que ele falava assim.

Meu pai, chegando aos 50, muito novo pra isso? Eu que era nova pra isso: ser mãe. – Acho que esta na hora de ir ao ginecologista. Pensei. Acredita que ainda não marquei uma consulta?

 Meu pai estava com 46 anos, boa forma física. Um gatão. Aposto que tinha namoradas por ai. Mas nunca me contou. Também não queria saber. Ver meu pai beijando outra sem ser minha mãe seria estranho. Luan acordou-me dos meus pensamentos.

- Um beijo pelos seus pensamentos. – disse-me.

- Nem queira saber... Mas eu quero o beijo. – me virei de frente a ele que estava encostado a bancada ao lado da pia e o beijei.       - Estou pensando no meu pai e sua frase: “minha filha tome cuidado, quando estiverem sozinhos, se for fazer algo com ele, previna-se. Não quero netos agora sou muito novo pra isso.” – Repeti a frase que invadia meus pensamentos e ele sorriu. Na verdade gargalhou. E, diga-se de passagem, é maravilhosa. É Andreza a cada dia mais encantada por Luan Santana. Mais uma vez meus pensamentos invadiam-me.

- O sogrinho tem razão! Somos novos pra isso. Acho que vou aumentar meu estoque de preservativo. – sorriu pensativo.

- Luan! – bati em seu peito ainda nu. – Ei! Vista uma camisa! Assim fica difícil sabia? – cobri meus olhos com as mãos e enquanto ele corria ate a sala, buscar sua camisa e a vestiu, e voltou pra me abraçar.

Silêncio. Só sentia Luan me acariciar. Isso era muito bom. Arrepiava-me às vezes. Um som de chave na fechadura. Já sabíamos que era meu pai. Voltei a minha atenção ao sanduiche que tentava fazer, estávamos com fome depois daquela tarde de reconciliação.

- Oi meninos! – meu pai disse assustado ao passar pela cozinha. – Não sabia que estavam aqui. O que estão fazendo?

- Sanduiche. O senhor quer?

- Não, mas ele tem que ficar assim, muito perto de você Deza?

- Ele ta me ajudando pai! Deixa de ser ciumento.

- Não é ciúme! É cuidado eu já te falei... – rapidamente me lembrei da frase que ele tanto fala, olhei Luan que deve ter pensado a mesma coisa e riu.

- Tá, vou tomar banho. E me prepara um desse ai, que eu to com fome também.

Meu pai demorou horas no banho, sério, duas horas depois ele aparece na sala. Eu e Luan já havíamos devorado os sanduiches. Nos amassado algumas vezes, mesmo com medo do meu pai aparecer e nada dele. Até que ele chegou.

- Nossa pai, finalmente! – Falei feliz com sua presença. Achei que tinha se afogado no chuveiro! – disse rindo

- Que isso minha filha, desejando minha morte? – riu – cade meu sanduiche? Esse marmanjo ai não comeu não ne?

- Não pai. Ta no micro-ondas. Porque demorou, a gente ia morrer de fome se fosse esperar.

- Ah minha filha muita coisa pra ajeitar pro trabalho. Podiam ter me chamado.

- Eu pensei em chamar, mas achei que tinha dormido.

- Eu tava quase dormindo mesmo, mas a fome falou mais alto.

- Vai comer pai.

- Vou mesmo  O que estão vendo?

- Desenho! – Luan disse entediado.

- Ei! Eu gosto, se não gosta porque não pediu pra mudar o canal?

- Não quis discutir com você Andreza. Só isso!

- Ah! Seu Pedro! – Luan falou parecendo se lembrar de algo.

- Só Pedro, Luan, por favor. – meu pai quase gritou da cozinha.

- Ok. – concordou Luan – Então, Pedro. – Luan continuou quando meu pai voltou a sala - Eu quero que o... – pareceu pensar no que ia dizer – Você me deixe namorar sua filha! – despejou as palavras sem mais nem menos, meu pai quase engasgou com a coca que tava bebendo quando se sentou no sofá a nossa frente.

Meu pai sorriu e me olhou. E eu olhei pra Luan espantada. Não esperava. No mínimo, Luan tinha que falar comigo primeiro. Não é esse o cronograma de um pedido de namoro?

- Luan... – falei engasgando-me – Pai pode me deixar só um pouquinho a sós com ele. Precisamos conversar.

- Mas já vão fazer DR antes do namoro começar?

 - Pai! – Exclamei. Meu pai ainda tossindo por causa do engasgo que teve segundos atrás.

- Tá, vou deixar vocês conversarem, mas não dei minha permissão ainda. – frisou o ainda e saiu rindo indo a cozinha. Eu não sabia onde enfiar a minha cara.

Fuzilei Luan. Ele ficou meio que surpreso com minha reação. Eu continuei olhando seria pra ele.

- Luan que historia é essa?

- Que foi?  Você não quer namorar comigo, é isso?

- Não é isso Luan. Mas acho que deveria ter me pedido antes né? E se eu não quisesse? Ia ter que aceitar só pra não te deixar sem graça na frente do meu pai?

- Então você não quer? – Perguntou-me.

-  Não sei.

- Como não sabe? A gente já tá junto a um tempão, por mim eu te via todos os dias, o dia todo, é por causa daquele ataque de ciúmes do viadinho do Felipe no sábado? Me desculpa, mas eu não aguentei ver ele te beijando. Você não gostou da “nossa transa hoje de tarde” – disse a ultima frase entre os dentes pro meu pai não ouvir. – Já sei, você não gosta de mim, não! Você ainda não me perdoou por ter beijado a Mariana – foi falando assim, sem ao menos respirar, eu tive que calar ele com um beijo.

- Ei, calma! Deixa eu responder?

- Acho que já deveria ter respondido.

- Eu quero sim namorar você Luan. A transa foi ótima – disse baixinho -  e eu já te perdoei por causa da Mariana. Mas eu so me assustei, não esperava o pedido.

- Vai me deixar te fazer feliz? – falou rindo com os olhos.

- Mais feliz que você me faz?

- Mais, muito mais.

- Se é pra ser mais então eu quero.

Luan me encheu de selinhos arrancando-me sorrisos bobos, eu acabara de me tornar a namorada do cara mais lindo de Ipanema!

- Ei que assanhamento é esse na minha sala?

- Pai esse aqui é o – limpei a garganta com um pigarro – meu namorado Luan. – Luan riu bobo, mas no fundo não sabia se ria ou chorava, faltava a palavra do meu pai.

- Ai não sei não... Você ta muito nova. – meu pai disse pensativo e eu arregalei meu olhos, não seria possível, seria? – To brincando! Eu deixo vocês namorarem. Pensa que não vejo vocês se agarrando por ai?  Só quero que cuide bem dela viu seu Luan, se não vai ter que prestar contas comigo. – meu pai falou serio, mas logo sorriu.

- Tá tudo muito bom, mas os pombinhos podem namorar amanha ne? Já ta tarde Luan, e agora que são namorados você vai ver minha filha mais vezes, então já pode ir pra casa dormir. – nossa que direto. Meu pai expulsou Luan lá de casa.

O levei ate a porta e me despedi com um beijo agora como namorados, mesmo meu pai me fazendo passar essa vergonha, eu estava feliz, mesmo me fazendo essa surpresa toda, quem diria, dois dias atrás meu mundo estava desabando com todo aquele desentendimento, hoje estamos ai de pazes e namorando, OMG, agora eu tenho um namorado! Pam precisa saber disso.

Continua...