Capitulo
32
“Credo, não sei o que é pior ter que aguentar a ressaca, ou os beijos de cócegas da Deza” – pensei.
As
meninas logo saíram, me deixando sozinha. Completamente sozinha! Meio triste
isso. Solidão demais me faz pensar demais, fico igual uma noiada.
Estiquei
sob o sofá. Pernas pra cima, a casa estava tão silenciosa que podia ouvir as
brigas dos vizinhos há dois apartamentos abaixo. Vanessa e Douglas, um casal
meio que complexo, ficaram juntos por causa da filha Yasmim mas como já o ouvir
dizer, ela não é a mulher que ele ama. Complicado né! Mas não sei o que seria
pior, ele vivendo com isso ou a filha dele vivendo sem ele por perto, uma
presença de pai é importante da criação de uma criança.
Ouço
um barulho mais alto, pratos? Não! Copos! A briga de hoje ta feia, tem dia que
é mais light. Seu amigo Jorge, primo na verdade, é muito meu amigo ele fica
mais perdido que cego no tiroteio nessa historia.
Fico
tentado imaginar meu futuro. Será que daqui a alguns anos eu serei assim? Digo,
ficarei com alguém que é apaixonado por outra?!
Mas
deixa vida de vizinho, é a vida deles né.
Revirei
no sofá. Enfiei minha cabeça na almofada pra abafar os xingos do casal. – Ah
merda! – briguei com meus pensamentos.
Após
algum tempo tocam a campainha. O barulho foi como trovões queimando meus
neurônios. Castigo!
Arrastei
ate a porta. Nem olhei o olho mágico. E mais uma vez fui surpreendida.
- O que você quer aqui? – perguntei com um tom um pouco nervoso. Isso já
estava me cansando – Te disse pra vir só quando a Deza estiver aqui e eu não.
- Posso esperar a Deza aí? Preciso conversar com ela. – pediu baixinho.
Pensei,
pensei, pensei... Refletir nunca foi meu forte, sempre resolvi as coisas no
tapa. Bateu, levou. Mas vendo o Luan ali, de cabeça baixa, pedindo pra entrar,
fiquei completamente perdida.
Deixo
ou não?
O
que Deza pensaria se o visse aqui sozinho comigo? Nada né, a gente não tem
nada. Será que o deixo mofando ali de fora? Não, isso seria falta de educação.
Ah merda!
- Entra! – falei entre os dentes, lutando com todas as partes de meu
corpo.
Me
afastei, distancia segura pra ficar entre Luan.
Ele
se sentou, mesmo sem ter sido chamado. Sentei na poltrona da vovó, como dizia
Eduarda, era a poltrona dela, o trem cabia 4 de mim e sobrava ainda. Era longe
do sofá principal. – Bom! Acho que to segura aqui. – pensei.
- Dani! – chamou.
- Que foi? – perguntei grossa, mexendo nas pontas do meu cabelo.
- Não fui importante pra você?
Gelei.
Essa pergunta meio que deixou meus nervos a flor da pele, sinceramente? Não
sei. Queria responder, sim... você é e sempre será importante pra mim Luan. Mas,
a resposta saiu completamente diferente que meu coração implorava pra dizer.
- Não! – disse seca.
Ele
se calou. O olhei querendo ver o que fazia.
Seus
olhos fixados no chão, sua boca rígida, as mãos entrelaçadas, seu corpo como se
fosse estatua, cabisbaixo.
- Eu não acredito! – falou por fim.
- Aff! Não começa com essa historia Luan. – levantei, minha intenção?
Deixa-lo sozinho naquela sala, mofando, esperando sua namorada.
Me
assustei. De repente, com milésimos de segundos, as mãos de Luan já estavam
segurando meu braço, parei automaticamente, com o susto.
- Olha pra mim! – pediu. Forçando-me a olha-lo.
Minhas
mãos tremiam, minhas pernas não saiam do lugar, queria correr, queria sumir,
sua mão pegou minha cintura, forçando a ficarmos cara a cara.
- Diga, olha pra mim Dani... Você gosta de mim? – não consegui tirar os
olhos dos dele, meu mundo estava por segundos ali. Minha vida, minha existência
não tinha mais graça sem aquele brilho do olhar de Luan.
Engoli
seco. Não sabia mais como pronunciar palavras. Respirar? Respirar era muito
difícil. Foquei sua boca, aí...aquela boca, saudades daqueles lábios gelados e
macios de Luan.
Ele
desviou o olhar pra minha. Ficamos assim por milésimos até que nos aproximamos
mais, e mais... automaticamente fechei os olhos, era inevitável.
Eu
podia sentir o hálito fresco de Luan entrando pelas minhas narinas, podia
sentir o gosto de seu beijo. Mas, por ironia do destino fomos interrompidos.
Interrompidos por uma voz, bem conhecida, uma voz inesperada, uma voz triste,
assustada, a voz da minha melhor amiga, da minha amiga que já foi traída, e que
estava sendo traída novamente, traída por alguém que ela confiava mais que
tudo.
- Luan? – disse Andreza espantada.
Luan
se assuntou, e nos distanciamos.
- Luan? Dani? O... o que .... o que ta acontecendo aqui.... – gaguejou
se enrolando nas palavras.
Eu
vi ódio nos olhos de Andreza. Eduarda que estava logo atrás com as sacolas de
remédios ficou espantada, paralisada. Não deu tempo. Não deu tempo de reagir,
eu não sabia o que dizer. – não é o que você esta pensando? – que coisa mais
idiota de se dizer agora, tava mais que na cara tudo isso. Era tarde de mais!
Continua...
Acho que agora não dá mais pra eles fugirem. Acho que chegou a hora deles contarem a verdade, que eles ficarem.
ResponderExcluirYana
Eu acho que já estava mais do que na hora desses dois assumirem que se amam, espero que agora o Luan e a Dani não escondam isso de mais ninguém né
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