ÚNICO

            “...Pense em qualquer coisa, destino, acaso sei lá o nome que os antigos dão pra isso, mais seja o que for... nossos caminhos se encontraram, como se tivesse que acontecer, como se ele estivesse só me esperando...”

- Aí perereca que frio – Reclamei tremendo.

- Eu sinceramente não sei por que você ta se encolhendo aí... Cadê sua blusa de frio muié?

- Não briga... Esqueci dentro do carro – Sorri – Mas vou continuar com frio, não dá tempo de ir lá buscar... Tenho que correr na livraria antes que o Ricardo volte... – peguei minha bolsinha em cima do balcão – O serviço agora é todo seu – sorri.

- Não demora muito, se o Ricardo vê que você ainda não chegou ele mata nós duas...

- Ah fica tranquila Deza, vou vir rapidinho, quando você menos esperar já to aqui... – Dei um beijo na minha amiga e logo depois sai correndo pelos corredores do Shopping.

Coloquei meu fone de ouvido.

Paz!

Minha música barulhenta como diz Deza, começou a tocar: Lindsay Lohan – Ultimate.

- E aí Kaká... – Gritei uma colega que tomava sorvete em frente a loja. – Nesse Rio de Janeiro só tem maluco mesmo, tomando sorvete nesse frio. Mas confesso também gosto de tomar sorvete no frio.

Passei pela loja de esporte, meu namorado Danilo estava arrumando um skate de não sei quem.

- Oi amor – Falei sorridente entrando na loja.

- Você não tinha que tá trabalhando?

- Tinha... E se você vê o Ricardo diz que eu to morta – Sorri e lhe dei um selinho.

- Ta bom... Vou dizer que você morreu e vou pedir pra ele comprar um arranjo de flor pra ti muito bonito.

- Hãn... É melhor não, do jeito que ele é assim – fechei o punho – duvido que dê um botão de rosa – Sorri, respirei fundo – Deixa eu ir, tenho que ir na livraria e voltar correndo pra loja Deza me mata se eu demorar.

- Ah... Manda um beijo pra surfista.

- Surfista? Ela ainda te mata se ficar chamando ela assim...

- Como você diz: “Uai!” Kkkkkk ela parece uma surfista, posso fazer nada.

- Aff! Só você mesmo né meu lindo – dei-lhe outro selinho – A gente se vê mais tarde.

- Eu vou te buscar na faculdade hoje tá bom...

- Hum... vai?

- Você quer?

- Vou pensar, tenho que ver minha agenda – sorri.

- Metida!

Coloquei meus fones novamente. Faltava dois andares pra subir. Tocava Baby one more time.

Ah sim... Esqueci-me, meu nome é Danielle, mais a maioria me conhece como Dani, moro no Rio de Janeiro já tem 1 ano, sou de Goiás, mais desde quando tinha 15 anos morei no Mexico junto com minha família. Vim pro Rio cursar Medicina... É fi até as mais burras que nem eu entra na faculdade hahahaha.

Não sou do tipo adequada pra uma universitária, meu estilo é completamente oposto as regras, sou uma dá roça roqueira. Há esse que vocês virão é meu namorado, bonitinho, ele tem um jeitinho muito fofo de ver a vida por isso gostei dele, mentira gostei dele mais por causa do seu sorriso, ele é branquinho, loirinho de olhos verdes, é pra matar qualquer uma, enfim... o seu único defeito é esse de não ter muitas ideias. Skatista, sabe como é néh? Tão fofos, mais tão maluquinhos, esse aí nem quer saber de escola, aff já tem quase 23 anos nas costas e se faz de uma adolescente de 15. Seu nome é Danilo, o exterminador do futuro isso que falam os amigos de 13 anos dele, aff.

Enfim... Me mudei pra cá pra estudar, moro com duas amigas, Andreza á Deza e Katherine, a Kat.

Deza trabalha comigo na loja de CD’s e DVD’s ela é carioca de Gema, como dizem por aqui já a Kat é uma Paulista sem juízo, metida dos infernos mora com agente por que não tem onde ficar, ela fica mais na rua do que em casa, agente quase não se vê.

Mal percebi e já estava no ultimo andar, o coisa boa... ali é um dos melhores lugares do shopping, paz e sossego. Entrei na livraria Duda estava lá como sempre parada atrás da bancada lendo seu bom livro, fazemos Medicina juntas.

-E aí fia, tudo bem? – Perguntei sentando na cadeira em sua frente.

- Tudo e com você?

- Há to bem – Sorri – Ou tava pensando, será que você não tem um livro sobre doenças infecciosas aí não?

- Bom... Terceiro corredor.

- Ai... Graças a Deus! Tenho aquele trabalho da Patrícia pra entregar hoje ainda.

- Nossa Dani, você tá enrolada então, demorei um século pra acabar o meu, será que dá tempo?

- Dá sim... Faço rapidinho.

            Me levantei do banquinho e segui em direção ao corredor.

- Dani – Chamou Duda – Você já pensou em se vestir como uma futura Doutora?

- Posso ser feliz? – Continuei a andar – Afinal to fora do hospital – Gritei – Não preciso ficar de branco sempre.

- Eu não digo de branco, mas você podia se vestir que nem gente.

- Não enche Duda – Entrei no corredor 3, era o mais distante da saída, então não dava nem pra ouvir a Duda. Graças a Deus! Ela é gente boa, mas quando cisma com minhas roupas virá um saco.

            Livros, e mais livros só não o livro que eu queria. Merda! – Cadê você... – pensei.

            Depois de muito procurar, o encontrei. Já era 13:15 meu patrão chegava daqui uns 15 minutos e se não me encontrar na loja viro uma mulher morta.

- Ai droga... Ai droga – Me apressei.

            De repente não vi mais nada, levei um susto e cai derrubando meu livro.

- Desculpa – Pediu o moço que me atropelou.

- Ai... Agora que eu vou me atrasar mesmo – Reclamei.

- Ei eu já pedi desculpa.

            Não olhei pro garoto, estava desorientada.

- Ei... Sua mãe não te ensinou que é falta de educação ignorar as pessoas?

- Sua mãe não te ensinou que é falta de educação enfiar na frente das pessoas garoto? – bati em seu ombro, só nessa hora pude observar o meu atropelador, até que ele era bonitinho, só que tinha um jeito de boyzinho. Sua pele era branquinha, olhos e cabelos pretos, sua roupa era de riquinho, calça preta, camisa branca cabelo arrepiado anel, pulseira e colar.

- Ei... Toma seu livro – Disse jogando meu livro sob minhas pernas.

            Peguei o livro e me levantei, o garoto já tinha se levantado.

- Idiota – xinguei e sai de perto – Toma Duda, é esse daqui – coloquei o livro na bancada.

- Que cara é essa? O que aconteceu?

- Um idiota me derrubou ali no corredor dois.

- Hahaha... Você caiu? – riu Duda entregando-me o livro.

- Ai não começa... A gente se vê mais tarde!

            Sai um pouco furiosa da loja, e MUITO atrasada, desci correndo pela escada rolante. Cheguei ao meu andar, vi Ricardo na lanchonete, corri pra loja.

- Disfarça... Ele tá ali – falei enfiando-me debaixo do balcão.

- Dani! Por que você demorou tanto?

- Um babaca me atrasou.

            Guardei minha bolsa e peguei meu livro.

- Olha só a bíblia – Brinquei mostrando o livro pra Deza.

- Jesus! Você vai ler isso?

- Não... Vou resumir umas doenças aqui e só depois vou ler o resto – sorri, eu amo ler esse tipo de coisa.

- Você tem problema, só pode – correu Andreza indo atender um cliente.

            Depois de horas de trabalho estava faltando só umas 2 horas pra acabar meu expediente. Meu trabalho já tava pronto, Ricardo nem percebeu minha pequena ausência.

- Olha gosta dessa musica? – liguei o som pra Deza ouvir, tocava Say (I All Need).

- Que ótimo música de emo – disse limpando o balcão.

- Eu gosto – contei arrumando as prateleiras de CD’s.

- Olha não é pra vocês acostumarem não mais hoje vamos fechar a loja mais cedo, tenho um compromisso. – revelou Ricardo entrando na loja todo sorridente.

- Hum... Compromisso? Você? Com que doida?

- Não te interessa – Ricardo mostrou língua.

- Você não tem mais idade de ficar mostrando língua, que coisa feia!

- Eu te mando embora... Fica me enchendo.

- Você não consegue viver sem mim – sorri.

- Quer apostar?

- É melhor não apostar Dani – disse Deza se aproximando.

- Eu vou deixar esse ingrato em paz.

- Vamos fechar a loja garotas, tenho um encontro...

- Vamos fechar logo Dani, antes que a moça caia na real e resolva desistir. – criticou Andreza.

- To perdido com vocês duas...

            Pegamos nossas coisas e fechamos a loja, já eram 16 horas quando saímos.

            Andreza e eu fomos até a garagem conversando e rindo sobre o encontro do Ricardo, nosso patrão era até bonitão, era um amor de pessoa, pelo menos ele foi o único que me aturou 1 ano inteiro.

- Então como foi a aula ontem? – perguntei pra Deza assim que estramos no carro.

- Foi tão bom... Entrou um aluno novo, aí ele é lindo, virou meu amiguinho.

- Sei... Seu amiguinho? Deza você não tem amigos, você tem peguets.

- Eu não sou você Dani... – sorriu.

- Você aprendeu bem... te ensinei direitinho.

- Palhaça! – Andreza ligou o som – Vamo de sertanejo hoje?

- Você ta querendo trazer a velha Danielle de volta?

- Ainda tenho essa esperança...

- Que tal agente ouvir Sonho de Amor – Zezé di Camargo e Luciano, já que você quer me fazer voltar ao passado, voltamos com minha dupla preferida.

- Ta bom!

            Peguei o Pen drive dentro da bolsa, o coloquei. O transito estava uma beleza, quase sem dificuldades pra ultrapassar, logo estávamos em casa.

Fui direto pro meu quarto tomei aquele banho, enrolei-me na toalha, arrumei meu cabelo.

 - Cara preciso urgente corta isso... – Pra secar fica difícil cabelo grande, sabe como é né.

- Dani – Chamou Deza na porta – Assim que você for sair me chama ta bom? Não to afim de ir no meu carro e ter que dá carona pra Kat.

- Ela tá em casa?

- Daqui a pouco ta ai... a coisa ta meia com raiva da vida, me ligou perguntando se eu vou pro curso hoje e se eu podia dar um carona.

- Deza até quando você vai ficar com raiva dela? – perguntei pegando minha escova de cabelo em cima do som.

- Dani você sabe muito bem o que aquela vaca fez...

- É lembro sim... Mas a culpa também foi do babaca do Douglas.

- Mas to achando bom... Eles terminaram, ele traiu ela com a Carol da lanchonete.

- Aquela loirinha?

- Aquela lá mesmo. – Andreza saiu rindo do quarto.

            Andreza tem seus motivos de ficar com raiva de Katherine, ela ficou se jogando pra cima do namorado dela até os dois terminarem, agora Kat provou do seu veneno. Mas até que eu já estava acostumada como o jeitinho de vida da Katherine ela tem mania de dá em cima dos namorados de todo mundo, só o meu que ela não se mete, também do jeito que o Danilo é esquisito ninguém se mete com ele, só eu mesmo.

            Liguei o som, Marron 5 – She Will be Loved.

            Procurei em meu guarda roupa algo pra vestir, na faculdade ninguém aprovava meu jeito de vestir, realmente eu era muito Emo pra uma Doutora.

            Vesti uma calça jeans; all star preto e uma camisa xadrez super maior que eu; era o que tinha pra hoje e tava passando de bom.

            Soltei meu cabelo, as únicas coisas coloridas em mim eram as pontas do meu cabelo e minha pulseira prata que ganhei da minha mãe antes de ir embora do México.

            Tudo arrumado catei de qualquer jeito minha bolsa e os capacetes, é isso mesmo vamos de moto, espero que Deza não tenha colocado vestido.

- Ou ta pronta? – chamei na porta do quarto dela.

- To prontinha – Deza saiu do quarto com uma sandália de salto 1000 pelo tamanho, um short não muito curto vamos dizer comportado, e uma camisa bem soltinha branca.

- Você ta linda, isso tudo é pro garoto novo?

- Hahaha... Pode ser – sorriu.

- Toma teu capacete.

- Vamos de moto?

- É o que tem pra hoje! – gritei já na porta da sala.

- Anem... – reclamou Deza me seguindo.

            Gosto de andar pelas ruas do Rio de moto, é bem mais fácil de ultrapassar. Logo estávamos no curso  de Deza, ela fazia música, minha amiga toca muito bem.

- Te ligo quando minhas aulas acabarem.

- Ta bom, xau Dani.

- Xau! – acelerei e arranquei com a moto.

            Minha faculdade era de manhã, mas sempre tinha que ir a noite. Eles sempre arrumavam uma desculpinha pra prender a gente lá.

Não havia ninguém na garagem, eu já devia estar atrasada. Entrei na sala dei de cada com Eduarda. As aulas ainda não tinham começado.

Fomos para o laboratório.

- Oi esquisita... – Disse Elizabeth quando estávamos saindo da sala.

- Oi Elizabeth, tirou aqueles piolhos que estavam te incomodando? – Perguntei fingindo preocupação.

            Ela se calou fechando a cara.

            Na minha sala ninguém ia com minha cara, só a Duda que me suportava.

- Dani... – Gritou minha amiga se aproximando.

- E aí Duda! – sorri.

- O que você achou da aula hoje? Eu to passando dificuldade em gravar aqueles termos.

- Isso é com o tempo... Quando eu fiz Técnico em Enfermagem, chiei até com os termos técnicos.

- Você bem que podia ir lá em casa me ajudar né...

- Ai Duda eu não sei... Hoje?

- Dani, ainda são 22:00, agente pode estudar ate umas 23:00 algo assim, é bom que adiantamos o trabalho do Dr. Tony.

- Ta bom, até meia noite eu tenho que tá em casa, amanha trabalho cedo.

- Ta bom xuxu... Então vamos?

- Vou ligar pra Deza.

            Sai de perto da Duda e telefonei pra minha amiga, ela já devia ter saído da aula.

- Deza?

- Oi Dani... Cadê você?

- Ou tu ainda quer carona? Vou ter que ir à casa da Eduarda estudar, mas se você quiser passo aí e te busco depois vou pra casa dela.

- Ah não... Pode ir Dani, eu vou dar um jeito aqui, você volta pra casa ainda hoje?

- La pras meia noite. Não vou demorar, trabalho pequeno.

- Hum... ta bom.

- Ou vou lá ta amiga, xau beijos.

- Xau Dani!

            Deza desligou, fui com a Duda até sua casa, ela de carro e eu de moto. Prefiro minha motinha.

Continua...