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terça-feira, 27 de setembro de 2011

Esqueci de Te Esquecer...



                              Capitulo 10       

            Na entrada do consultório uma moça nos esperava, uma menina novinha, uns 20 anos mais ou menos, cabelos longos e ruivos, pele branquinha igual algodão, ela sorria pra Caio, fiquei com ciúmes, ele virou olhou pra mim e sorriu, ignorando a menina.
- M. Caio, Jayne est em attente s’il vous plaît me suivre (Sr. Caio a Dra. Jayne está a sua espera por favor me acompanhe).
- Vamos amor – Chamou-me Caio segurando minha cintura.
           
            Passamos por um corredor branquinho, todo iluminado e cheio de quadros, alguns estranhos outros bonitos. Entramos em uma sala ampla, bem arejada com uma mesa à frente, uma mulher de cabelos longos, lisos e castanho escuro, um sorriso branquinho.
- Oi meu amigo, como estas? – Perguntou a Doutora falando nossa língua, eles pareciam bem íntimos, não gostei muito.
- Oi Jayne, estou muito bem e você? Melhorou? Fiquei sabendo que estava com problemas com sua família.
- É melhorei, foi só uma discussão.
- Que bom que esta tudo bem, boom, eu quero lhe apresentar minha namorada – namorada? Ele me chamou de namorada? Uai, agente ta namorando e eu não to sabendo? – Pamela essa é a Dra. Jayne que te falei, uma velha amiga minha.
- Amiga, sei – Disse entre dentes – Oi prazer Dra. Jayne – Encarei a mulher que estava a minha frente.
- Oi prazer é todo meu, sente-se – Cumprimentou-me mostrando umas cadeiras super confortáveis para nos sentarmos. – Então vamos lá, o Caio me disse que você esta grávida de gêmeos...
- Sim, - Respirei fundo – Estou...                  
- Olha que coisa maravilhosa, parabéns pra vocês dois – Nós dois? Ta bom, preciso ter uma conversa com o Caio quando chegar em casa, como assim “parabéns pra vocês dois”? O que será que ele anda dizendo, que eu estou grávida dele? Ain... – Por favor me diga o seu nome inteiro – Perguntou Dra. Jayne esperando minha resposta pra começar a digitar meus dados.
- Bom, meu nome é Pamela Gonçalves, tenho 19 anos, nasci dia 04/11/1992...
- Você fazia acompanhamento medico no Brasil?
- Sim, comecei a fazer mais aconteceu algumas coisas que me impossibilitaram de continuar.
- Quantos meses que você está?
- 3 meses e 20 dias.
- Humrum, e aí ta sentindo algum desconforto? Alguma dor?
- Bom, ontem a noite eu senti umas fincadas muito fortes no meu ventre, pensei que fosse contrações, mas logo passaram.
- Sei – Ela digitou mais algumas coisas, se levantou de sua cadeira, pegou seu estetro e seu esfigno para aferir minha pressão – Bom, sua pressão esta um pouco alta, você tem casos na família de hipertensão?
- Sim, alguns parentes meus tem hipertensão, mas minha pressão sempre é normal.
- Ok, bom vou ficar de olho em você, temos que fazer acompanhamento, vou marca um ultrassom pra ti no final de semana, lá pra sexta-feira ok? Seus bebês parecem fortes, mas tu tem anemia e sua pressão esta alta.
- Sim Doutora eu não vou faltar.
- Caio vai cuidar muito bem de você.
- É eu sei que vai. – Disse olhando meu novo amor, eu devia cair na real e deixá-lo, caramba era errado isso né, ficar com um, grávida de outro.
 Ele sorri, meu mundo desaba, deito meu rosto em seu ombro, sua mão livre me envolve, esquecemos da Doutora, ela tossiu.

- Obrigado Dra. Jayne – Agradeceu Caio ainda me envolvendo no seu abraço.
- Obrigada! – também agradecei.
- Por nada queridos.

            Não demorou muito para sairmos do consultório, a Dra. Jayne era bem legal, parecia que eu estava em mãos de dois médicos muito bons.
            Passamos pela recepção, a garota ainda estava por lá, ela nos olhou e sorriu, retribui o sorriso e Caio fez o mesmo.
            Já dentro do carro fez silêncio. Eu observa as ruas, estava na época de Natal, pensei na minha família no Brasil, pensei nos meus amigos que havia deixado pra trás, pensei na minha vida que eu tinha lá, e no Luan. Ain o Luan, não sei por que ainda penso nele, foi só uma noite nada mais, jurei a mim mesma que os filhos que eu carrego é só meu, que não tinha nada a ver com ele, mas o Caio não é o pai, ele estava fazendo o papel de pai mais isso é injusto, ele tem que ter os filhos dele um dia, uma família.

            Pensei por longos minutos no que fazer de minha vida quando meus pequenos nascerem, até que Caio chamou minha atenção.

- Amor! – Cutucou-me Caio.
- Oi...
- Olha lá que linda. – Espiei pela janela, era uma arvore imensa estavam todos preparados pro Natal.
- Ela é realmente muito linda amore. – Falei encostando meu rosto em seu ombro novamente.
- Você quer ir pra casa?
- Sim, por favor. – Disse com uma voz chorona.

            Não demorou muito e já estava lá em casa, estranho falar em casa, mais era isso que aquele lugar era pra mim, a minha casa, a minha nova casa.
            Caio abriu a porta e eu estava atrás igual a uma múmia, eu mal andava, ele que me puxava. Não havia ninguém na sala, estranhei.

- Eu vou na cozinha comer alguma coisa ta?! – Falei dando um beijo no rosto de Caio.
- Ta bom amor, vou procurar o Moises.

            Quando cheguei na cozinha Chickity estava com o João Pedro brincando de aviãozinho, ele deve que não queria Jantar né. Entrei de mansinho, peguei algo na geladeira pra comer, um pedaço de torta. Sentei ao lado de Chickity e fiquei a observando da comida pro meu pequeno.

- Vous ne pouvez pas manger très sucré Pami (Você não pode ficar comendo muito doce Pami! ) – Disse Chickity me fazendo sorrir, ela sabia que eu não entendia absolutamente nada.
- Quando eu entender eu te respondo ta?
- Vous devez apprendre à parler français (Você precisa aprender a falar Francês)
- Chickity eu não entendendo nada, vou dormi ta bom.               

Não a esperei responder, deixei o prato que comi a torta na pia, e sai da cozinha determinada ir pro meu quarto. Mais fui parada ao chegar ao corredor, Graziiy estava com uma pressa e mal falou algo apenas segurou em minha mão e saiu me arrastando até que estivéssemos fora do apartamento.

- Eí, dá pra me dizer alguma coisa? Eu preciso de uma explicação né, aonde vamos?
- Vamos ali comigo eu preciso conversar com você.
- Ta bom.

            Entramos no elevador.

- Bom aqui ta seguro. Eu passei em frente ao quarto do Moises e ouvi-o com Caio conversando.
- Hum, sei o Caio me disse que iria falar com o Moises, o que tem isso?
- Eu ouvi ele perguntando ao Moises, se ele ajudava ele num negocio.
- Que negocio?
- Ele ta querendo te levar pra ver seus pais no Brasil no Natal.
- Como assim ver meus pais no Natal? Ir pro Brasil? – Alterei a voz – Ele ta doido? Eu não posso ir ao Brasil, não posso e o Luan? Ai meu Deus eu não posso.
- Eu só queria te contar isso por que sabia da sua reação, e provavelmente ele irá te contar a noite, acho que antes ele queria saber a opinião do Moises.
- E o que foi que aquele trem disse?
- Ele contou tudo, disse que você estava aqui escondida dos seus pais, ele só não contou como que chama o pai dos bebês, graças a Deus que ele não sabe, por que se não ele contaria isso também.
- Eu preciso conversar com o Caio, tenho que contar a verdade há ele.
- Você vai falar sobre o Luan com ele?
- Não, sobre o Luan não, eu só vou terminar o que não devia ter começado.
- Você vai terminar com o Caio, Pam?
- Sim amor, eu não devia ter ficado com ele, vou agradecer por tudo e amanhã sairemos desta casa.
- Que droga Pam, eu tava gostando daqui.
- Eu também, mais não há outra maneira a não ser irmos embora.
- Você tem certeza?
- Sim tenho!

            Saímos do elevador Graziiy foi da uma volta pela cidade, a fim de apreciar talvez o último dia morando num lugar tão lindo como esse bairro, e eu subi novamente ao apartamento, agora era só eu e o Caio.
            Tombei com Moises no corredor quando sai do elevador, ele disse que estava indo atrás da Graziiy, perguntei se Caio estava em casa, ele disse que sim, que só estava ele, a Chickity e o João Pedro também havia saído há alguns minutos.

            Despedimos.

            Caminhei mais lentamente do que o normal estava com medo, na verdade estava com raiva de mim por não conseguir ser mais dura e fazer o que tem que ser feito. Quase dei pra trás ao abrir a porta e ver Caio deitado no sofá da sala de visita. Ele sorriu pra mim, minhas pernas tremiam mais que vara verde. Respirei fundo.

- Pam, amor você ta bem?
- Eu preciso falar com você Caio.
- Hãn vem cá, senta aqui vamos conversar, eu também quero falar com você.
- Você começa. – Falei logo após ter sentado no sofá.
- Ta bom, - Ele parou antes mesmo de começar, me olhou atentamente fiquei com vergonha, não gosto quando me olham daquele jeito – Você tem certeza que esta bem? Parece meio pálida.
- Eu to bem, pode falar.
- Eu conversei com o Moises e ele me contou que você saiu fugida de casa né.
- É eu sai.
- Por quê?
- Bom... Eu não tava conseguindo olhar pros meus pais, eles estavam tão arrasados, tão magoados, acabados, sabe, nossa meu coração doía tanto, ver os olhos deles cheios de lágrimas, eu cheguei a pensar em desistir de tudo, de me matar e não causar mais dor aos meus pais, que sinceramente não merecem o que eu fiz com eles.
- Pami... Você só estava grávida.
- Só, só estou grávida, e acabei decepcionando eles, poxa eu tinha uma vida inteira pela frente, eu só tinha 18 anos quando tudo aconteceu, quando fiz o meu primeiro ultrassom e vi que estava carregando comigo duas crianças ai sim meu mundo caiu, minha mãe mal olhava pra minha cara, ela não falava nada comigo, não comia direito, não dormia direito, não estudava direito, não vivia, tive que tomar uma decisão, se eu não podia me matar, então eu sumiria da vida de meus pais como se eu nunca tivesse conhecido eles. Por isso não quero ir ao Brasil neste Natal, eu não quero voltar ao Brasil nunca mais Caio, sei que você quer me levar pra lá, ouvi a conversa sua e do Moises quando estava passando em frente à porta do seu quarto...

 Tive que mentir não podia falar que foi a Graziiy que ouviu a conversa e me contou depois

- Eu não quero lhe prender aqui, não quero que você se responsabilize por uma coisa que você não fez, os filhos são meus, eu os fiz e eu que vou arcar com tudo, desculpa mais não posso mais continuar aqui, não posso mais viver sobre seu teto, você é novo e tem uma vida inteira pela frente, você pode criar uma família, ter filhos, uma esposa que te ama. Obrigada por tudo que você fez por mim, pelos seus carinhos, pelo seu amor, pela sua casa que você nos emprestou durante esses dias que estive aqui, mais amanhã sairei cedo com meus amigos, e vamos procurar uma casa, não queremos mais estragar tua vida. Não me arrependo de nada que fizemos, você só me fez bem, mais isso já foi longe de mais...
- Pam... Posso falar?
- Não você não tem nada que falar, eu já decidi e nada que você dizer vai mudar minha opi... – Fui parada, nossos lábios se encontrar com uma força absurda, não tive como o parar, estava perdida e envolvida por ele.
- Não vá embora, por favor? – Pediu-me Caio desgrudando nossa boca, para me abraçar.
- Caio, eu... – Não consegui segurar, desabei no choro – ...Eu to tão sozinha sabe, meus pais me odeiam por ta grávida, meus amigos tem dó de mim e por isso me acompanharam, o pai dos meus bebês não pode ficar comigo, eu não sei com quem contar, não sei o que fazer to mais perdida que cego no tiroteio, eu sou nova mal consigo cuidar de mim, imagina eu cuidando de duas crianças meu Deus, não posso te prender a mim Caio, não posso te dizer EU TE AMO sendo que meu coração pertence a outro.
- Pam, eu não to pedindo que você me ame, sei que amor é com o tempo, agente agora que ta se conhecendo, eu me sinto tão ligado a você, eu não vou te abandonar guria, nem que me matem. Você jamais estará sozinha. – Falava Caio olhando em meus olhos cheios de lágrimas. A minha consciência doía, sei que Caio é gente boa e tal, mais prende-lo a mim não é certo.
- Isso não é certo Caio.
- Eu não me importo Pam.
- Caio... Eu não posso ficar com você.
- Pam, olha é difícil você se apaixonar por mim, sei que você gosta do pai dos seus filhos, mais então fica aqui em casa, fica perto de mim, como amigos.
- Como amigos?
- Sim, amigos – Ele estendeu a mão pra que eu pudesse pega-la, como se tivéssemos fazendo um acordo, sorri.
- Obrigada – Não peguei em sua mão, avancei e lhe dei um abraço forte.
- Estou fazendo isso por que eu amo você, não sei como mais eu amo, e sei que você também pode me amar, é questão de tempo.

            Fizemos silêncio, me senti mais segura do que nunca.                   



Continua...

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