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domingo, 10 de abril de 2011

Em pleno Rio de Janeiro


XII

Acordei com o celular de Luan tocando, mas não quis me levantar. Só ouvia o que ele dizia ao telefone:
- É serio isso? Mas como ela tá? Ok. To indo. – Luan voltou pra mim se abaixando, parecia atordoado. – Amor, preciso ir socorrer minha mãe. Parece que ela não esta bem.
- Quer que eu vá com você? – perguntei o via se vestir.
- Não amor, não precisa. Fique aqui e me espere. Vou voltar pra te ajudar a organizar a casa, ok? – disse me dando um selinho de despedida.
            Saiu com apressado.
Eu fiquei preocupada, a sogra sempre me pareceu forte. O que teria acontecido? Pensei em ligar pro Luan, mas seu telefone e documentos estavam no sofá. Pensei em levar suas coisas, ele pode precisar do carro e sua carteira estava comigo.
Vesti-me correndo e fui ao seu encontro, sem o avisar. De vestido e chinelos, vai Andreza correndo pelas ruas de Ipanema. Ai só eu mesmo viu! Chegando a sua quadra, suada diga de passagem, eu vi Mariana junto com Luan. Não é possível, que essa bruxa vai me atormentar logo de manhã. Diminui os passos e prestei atenção nos dois. Eles subiram e eu fui junto devagar. Estilo espião sabe? Senti-me a Sarah de CHUCK (com o gostoso do Zachary Levi. Eu o acho gostoso tá?). Eles subiram e eu fui pelas escadas. Quando cheguei ao andar do Luan sua porta estava entre aberta. E pude ver Luan aos beijos com Mariana. Não! Isso de novo não. Sai dali sem ao menos fazer barulho assim que vi Luan indo com as mãos em direção aos ombros de Mariana. Parecia estar gostando.
Como Luan, depois da noite de ontem, pôde fazer isso comigo? Será por isso que ele deixou suas coisas lá e não quis que eu viesse com ele. Mas e o telefonema? Será que foi combinado com Mariana? O sexo da noite anterior foi só pra eu me acalmar e não dar problemas hoje durante o dia? Muitas dúvidas rondavam minha mente enquanto eu corria de volta pra casa. Corria mesmo. Queria chegar em casa o mais rápido possível. Não podia acreditar que os castelos em que eu estava construindo com Luan estavam desmoronando naquele exato momento.

Luan:

Sai correndo pra minha casa, minha mãe passando mal? Estranho mas podia ser né? Mariana não mentiria pra mim mentiria?
Mariana é minha amiga desde a infância. Estudávamos juntos, meu primeiro beijo foi com ela. Durante um período tivemos um caso. Deve ser por isso que ela se acha minha dona, não sei. Lembro como se fosse hoje. A matéria era biologia, estávamos na minha casa estudando, ai de repente pensei: porque não? A chamei pra cozinha, ela distraída ou fingindo não entender, veio comigo. Eu a puxei pra dispensa e a agarrei ali mesmo. No começo eu me atrapalhei, mas depois as nossas línguas foram se harmonizando. Foi bom. Tá! Não quero mais me lembrar disso. Afinal o que Mariana acabou de fazer não era tão legal como foi o nosso primeiro beijo.
- Cadê minha mãe Mariana? – Perguntei assustado. Assim que acabei de revistar a casa em busca da minha mãe.
- Sua mãe foi à feira, era mentira. Só queria que você deixasse a Andreza e viesse me ver.
- Você tá louca Mary? Como você faz isso? Eu amo a Andreza e você não tem esse direito. - Eu disse irritado.
- Que isso Luan, você? Logo você amando alguém? Duvido. Você é meu.
- Seu? Eu nunca fui seu, Mary. E você sabe. – Não acredito que cai nessa, preciso falar com a Deza. Não. Melhor não ela não vai entender.  – Ué cadê meu celular? – Perguntei-me colocando a mão no bolso.
Quando voltei a minha postura correta, Mariana me agarrou e me deu um beijo longo. Na verdade ela roubou um beijo. Sem ação nos primeiros segundos eu correspondi. Mas logo levantei minhas mãos e coloquei em seu ombro pra afastá-la de mim.
- Você ta maluca só pode. – falei ofegando e limpando minha boca tentando esquecer seu gosto e pensado em Deza. Ela não pode nem imaginar o que houve aqui.
- Mariana saia já daqui, por favor. – Pedi. Pedi não, mandei mesmo. Que cacete!
Ela saiu com um sorriso que me fez sentir nojo. Foi nojento. Mas eu precisava ver a Deza. Dizer que estava tudo bem com minha mãe. E talvez sobre o beijo também. Fui pra sua casa como havia prometido, mas ela não quis abrir a porta pra mim. Porque será?

Luan off

Luan teve a cara-de-pau de vir até minha casa depois do que havia feito. Claro! Ele não sabia e EU, Andreza Leite sabia do que ele fazia nas minhas costas. Não abri a porta. Só entrei no meu quarto e acordei Pami. Precisava dela nesse momento. Minha raiva nessa hora era tão grande que meu cérebro me impedia de derramar uma lágrima sequer por Luan.
- Pami, amiga, acorda preciso falar com você.
- Fala amiga. – Disse-me Pamela sonolenta sua noite deve ter sido ótima. A minha também foi. Apenas minha manhã que havia sido destruída, junto com meus sonhos.
- Vamos pra sala? Preciso conversar. – pedi e não sei o porquê meus olhos se encheram de lágrimas, arderam, embaçaram. Mas não as deixei cair. Não mesmo. Não pelo Luan.
- O que houve amiga, que olhos são esses cheios de lágrimas? Está me assustando. – Pamela falou. A vontade de chorar aumentou. Mas me mantive firme e respirei fundo.
 – Porque Luan esta batendo na porta? Não vai atender? – Pamela falava curiosa e sem entender nada.
- Eu o vi beijando a Mariana em seu apartamento. E o pior foi a desculpa que usou, dizendo que sua mãe estava mal. Pami meu mundo desabou quando vi aquela cena. – falei lembrando de cada segundo do beijo dos dois.
- Ain! Amiga, que depravado! Amiga só pode ter sido por ciúmes de você ontem. – Pami tentou defende-lo.
- Não foi amiga! Nós fizemos as pazes ontem mesmo. A noite foi ótima, pude sentir sua necessidade por mim. Mas hoje pela manhã ele me da essa facada pelas costas?
Eu me entreguei a Luan. Estava prestes a dizer o quanto eu o amava, o quanto ele me despertava desejo, que o queria pra sempre até minha morte. Mas parece que essa morte chegou antes. E foi Luan que me apunhalou pelas costas acertando em cheio meu coração que ficou em migalhas, e ouvir Luan me chamando naquela porta estava só piorando minha situação. Pois é ele ainda estava na porta me chamando.
- NÃO VOU ATENDER LUAN. VAI EMBORA! – Gritei.
- MAS O QUE EU FIZ? VAMOS ABRA A PORTA? – O ouvi do outro lado. Implorando, sua voz parecia sincera. Mas me mantive firme. Não o deixaria brincar comigo.
- Pami eu não quero vê-lo agora, por favor! Implorei a ela, e Pami foi até a porta em meu lugar. Mas não o deixou entrar.
 Ela foi até o hall do andar pra falar com ele. Não sei o que ela disse. Mas logo ele foi embora, o ouvi resistir, mas Pami o convenceu e ele foi. Pra meu alivio. Nesse momento a raiva me consumiu. E como já disse na raiva eu comecei a chorar, e logo a chorar por estar chorando de raiva. É eu sou complicada mesmo.

Luan:

Não acredito que Andreza não quer me ver! Como assim? Pami me atendeu a porta.
- Luan acho melhor você ir embora. – ela falou.
- Mas porque Pami? O que fiz?
- Você sabe muito bem o que fez Luan. E como tem coragem de vir aqui depois de tudo o que fez?
Será que Andreza sabe do beijo com a Mariana? Mas como? Não seria possível, seria?
- Mas Pami eu não entendo. Por que ela não quer me ver?
- Luan vai. Depois vocês conversam, por favor! – Pami fechou a porta.
Não dava pra acreditar! Depois da noite maravilhosa que tive com a Deza isso iria acontecer. Não podia perdê-la. Não agora. Agora que tenho certeza que a amo. Quando eu tive essa certeza? Enquanto ela dançava com Juliano. Não podia me imaginar longe dela. Ok ela estava se esfregando nele o deixando sem graça eu vi. Mas fazer o quê? Era assim que ela agia com raiva e ciúmes ainda, mais da Mariana.  Ah! Que nojo só de pronunciar esse nome. Acho que vou chamá-la de pica-pau como Deza a chama! A minha linda, a minha Deza. Não queria e não podia ficar longe dela. Mas tinha que dar um tempo pra ela se acalmar. É era isso que eu ia fazer. Deixá-la se acalmar.

Luan off

O choro não estava me acalmando. Só aumentava minha raiva, estava deitada no colo de Pami que devia estar molhada com minhas lágrimas. Sempre a Pami, me ajudando nas horas mais difíceis. Desde o momento que coloquei o pé no Rio ela esteve ao meu lado. Sempre, nos bons e maus momentos, ela esteve ali. Não achei justo alugar a Pami, já que Fernando também estava conosco. Limpei minhas lágrimas e me levantei.
- Ei amiga, ele não merece minhas lagrimas. Vamos, me ajuda a arrumar aqui. – nisso Fernando aparece só de sunga na nossa frente, eu coloquei a mão nos olhos fingindo inocência e estar constrangida. E Pami sorriu. – Fernando vai se vestir, homem! – pedi ainda escondendo meus olhos e caindo na gargalhada.
- Desculpa meninas. Vou me vestir. – Fernando constrangido voltou para o quarto se vestiu e logo nos ajudou a arrumar a casa. – Ué, cadê o Luan? – perguntou. Pegando as latinhas de cerveja, jogadas pelo chão.
- Eles brigaram Fernando. – Pamela disse com tristeza na voz. E Fernando, abaixou a cabeça continuando o que fazia.
Deixamos a casa limpa e organizada bem mais rápido que eu havia imaginado. Meus pensamentos estavam perdidos em Luan, por isso não vi o tempo passar. Eu ia pro banho quando tocaram a campainha.
Pamela e Fernando já haviam ido embora.
Abri a porta.
Meu coração quis sair pela boca, entrei em estado de transe. Era ele. Luan.
- Luan! – seu nome saiu de minha boca com dificuldade. Eu ainda não estava pronta. Pra velo conversar. Olhar pra ele. Eu não tinha forças pra isso. Não sabia o real motivo. Apenas não o tinha.
- Posso entrar? A gente precisa conversar. – Ele falou serio. Minha espinha gelou.
- Pode. – enfim falei.
Luan entrou e se sentou no sofá com um rosto avermelhado. Teria chorado?
- Amor porque você não quis abrir a porta pra mim, mais cedo? – perguntou-me. Ouvir Luan me chamar de Amor fazia meu coração doer. Porque eu me lembrava do que vi pela manhã e não conseguia acreditar em nada do que ele falava.
- Andreza? Ta me escutando? – Luan se alterou e quase se levantou do sofá, enquanto chamava minha atenção.
- Estou Luan. Estou te ouvindo. – disse com raiva – e não abri porque eu te vi hoje de manhã com a Mariana. Satisfeito? – Meus olhos se encheram de lágrimas. Mas não chorei. Me mantive forte. Queria ver ate onde Luan mentiria.
- Não foi minha intenção, Andreza! Ela que me agarrou... – Luan tentou se explicar, mas não o deixei.
- E você gostou? Claro. Luan eu me entreguei pra você. Eu queria estar até a eternidade com você, mas você acabou destruindo tudo. Destruiu tudo o que construímos. Como pode fazer isso comigo. Como?
- Não fale assim Andreza, por favor! Coloca-se em meu lugar. Eu fui enganado. Eu te perdoei quando o Felipe te agarrou lembra? – ótimo Luan, tinha que jogar na cara né?
- É eu te perdoei quando você beijou a vaca ruiva, quando você se vingou. – a raiva me consumia e não queria chorar... Vocês sabem o que acontece né?
- Então amor, vamos esquecer tudo? Eu te... – eu o fuzilei com os olhos e ele percebeu que eu não queria ouvir essa frase. Não agora. Não podia acreditar em Luan. Eu o amava eu queria lhe falar. Mas achei melhor não arriscar. Então tomei uma decisão. Doeria mais em mim que em Luan. (eu acho). Mas seria melhor pra mim. Não ia me arriscar a quebrar meu coração pela terceira vez.

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