Esqueci de Te Esquecer...

Capitulo 26

            Caio não perguntou o que eu tinha, ficamos o dia todo andando pelas ruas movimentadas de Paris, compramos varias coisas, Chickity foi conosco, ate que em fim ela resolveu sair daquele quarto de hotel.

- Olha quero que fique bem claro que só sai com vocês por que é nosso ultimo dia de compras em Paris, e a Pam implorou que eu viesse. – Disse Chickity no banco de trás do carro.

- Hahahaha, nossa se você não viesse iríamos morrer de desgosto, Chickity  – Fingi.

- Pami, me poupe de seus argumentos.

- Hahahaha então ta né, num falo mais nada.  – Disse mexendo no celular, Deza havia mandando outra sms contando como estava o Brasil, Hamanda também havia me mandado uma sms falando que meus pais pareciam já ter superado a perda, e que estavam todos mais conformados, fiquei feliz com a noticia, pelo menos assim não estava mais causando dor à eles.

- Vocês duas parem de brigar, se não eu entro no meio da briga ta! – Brincou Caio, com a mão no meu pescoço.

- Eu já parei, a Chickity que ta resmungando.

- To resmungando... to resmungando... to resmungando não! – Brincou Chickity abraçando meu banco.

- Ta certo Chickity eu te perdoou. – Disse ainda mexendo no cel, havia sms só da Hamanda e da Deza, minhas outras amigas do Brasil não sabiam que tinha mudado de número. Coitadas, deviam estar desesperadas. Deixei como estava, quanto menos pessoas saberem de meu paradeiro melhor é.

            Continuei a fofocar com o Caio e com a Chickity, éramos como uma família em pé de guerra, quando eu dava crise a Chickity ficava do meu lado e o Caio ficava com ciúmes e começava a brigar, ai eu ficava do lado dele e a Chickity dava crise de ciúmes e eu ficava ali pedida como cego no tiroteio, sem saber o rumo que tomava, era tudo uma brincadeira, eu os amava e provavelmente eles também me amavam, e amaram as crianças que iram nascer.

            Compramos mais um tanto de roupas, sapatos, decorações pro quarto dos bebes, era uma bagunça de sacola e caixa. Na volta pra casa foi tranqüilo, no avião passei mal só 3 vezes, um por causa da comida que tava “PÉSSIMA”, outra por que abri a janela e passei mal, e a outra foi quando um velho vomitou no pé do cara que estava a minha frente. Meu estomago é forte, mais não sei se era por causa da gravidez, comecei a passar mal por qualquer coisa.

            Chegamos em casa. Estava tão vazio, um silêncio. Joguei minha bolsa no sofá, tirei minhas sapatilhas, espreguicei. Caio pegou minha cintura por trás, fui envolvida pelos seus braços, quando suas mãos acariciaram minha barriga.

- É bebês, estamos de volta.

- Hahaha, esses bebês vão ser um grude com você quando nascerem.

- É acho que vão ser sim, mais será que eles vão dividir a mãe deles comigo?

- Não sei –Fiz bico – Mais acho que eles podem fazer este esforçinho.

- Hahaha... – Riu Caio dando-me um beijo no rosto – Vou tomar banho amor.

- Ta certo, eu vou arrumar algo pra comer.

- Cuidado com sua alimentação, amanhã vamos fazer o ultimo ultrassom. Animada?

- Nervosa, será que já da pra ver o rostinho deles?

- 3D, sim dá pra ver alguma coisa sim.

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA meu Deus, será que eles vão parecer com o p... – parei antes que falasse algo que não prestasse.

- Espero que eles pareçam com você.

- Hahahaha tadinhos, que falta de sorte – Ri com vergonha, nossa quase falei merda, tadinho do Caio ele não merecia isso.

            Não falamos mais nada, Caio saiu pro seu quarto foi tomar seu banho, quanto isso fui à cozinha tentar arrumar algo pra comer. Chickity estava tomando banho depois foi dormi, Caio a deixou descansar, então a cozinha era minha õ/

            Mexi em todos os armários, queria massa pronta, algo mais fácil de preparar, não achei bem dizer nada, encontrei pipoca de microondas, cara o Caio iria me xingar se eu comesse isso, mais eu sou um desastre na cozinha, não consigo fazer nada alem de comida de microondas, brigadeiro e miojo.

            Coloquei o pacote de pipoca no microondas, esperei alguns minutos e puff, comida rápida e pratica, só que na verdade não muito sadia, e meus filhos tadinhos precisavam de algo mais forte e saudável pra comer, ai que saudades da comida da mamãe, huuum, arroz branquinho, bife com cebolas bem queimadinhas, saladinha de tomate e couve picados em tamanhos exatos, aquele queijinho mineiro ralado por cima do arroz que com o seu calor fez o queijo derreter, nossa aquele feijão todo vermelhinho com um caldo grosso e gostoso, aí saudades enormes da comida de mamãe.

            O microondas deu sinal, a pipoca estava pronta.

- Não tem tu vai tu mesmo! – Falei antes de colocar o primeiro grão na boca.

- Eu não to acreditando nisso! – reclamou Caio na porta da cozinha.

- Que foi? – Perguntei assustada, comendo minha pipoquinha.

- Pam, o que foi que eu te falei?

- Sei lá, num lembro. – Dei de ombros e comi mais pipoca.

- Cuidado com sua alimentação – Repetiu Caio a mesma frase que havia dito a algumas horas atrás.

- Ata humrum, to tendo cuidado, num ta vendo? – Perguntei, mostrando o pacote de pipoca.

- Amor, você comeu todos os tipos de comidas que não presta em 24 horas.

- Mentira! – Mostrei língua – Eu só comi pipoca.

- Pipoca, chocolate, caramelo, chiclete, bolacha, sorvete, macarrão, leite achocolatado...

- Ta, ta, ta bom poxa. É que eu não sei cozinhar, e não achei comida pronta.

- Por que você não me chamou?

- Por que você tava no banho.

- Hum é mesmo, mais eu vou preparar algo pra você comer ta bom? – Disse Caio se aproximando e retirando o pacote de pipoca de minhas mãos.

- Serio?

- Serio!

- Vai demorar?

- Não! É coisa rápida.

- To ate vendo, vou dormi ta quando você acabar me chama.

- Ta bom amor, te chamo sim! – Disse Caio dando-me um beijo no rosto.

            Sai da cozinha sorrindo feliz, agora sim irei comer comida de verdade, sinceramente? Aquela pipoca estava PÉSSIMA, nem comida de microondas não to conseguindo fazer direito :p

            Peguei um travesseiro que estava jogado na sala.

- Hum... Cheirinho de Paris! – Disse ao sentir o perfume de um dos travesseiros que Caio havia comprado pra gente dormi.

            Entrei no meu quarto, troquei de roupa e nem banho tomei, fui direto pra cama, estava MORTA, joguei o travesseiro na cama e cai por cima com tudo, tadinho dos meus filhos eles sofrem.

            Adormeci e acordei com Caio me chamando.

- Amor, ta pronto, vamos comer? – Disse Caio sentando ao meu lado.

- To indo, vou tomar um banho rapidinho primeiro – Falei meia sonolenta.

- Ta bom, vou sair e deixar você tomar seu banho, quanto isso vou chamar a Chickity  talvez ela quer comer com a gente.

- Ta certo! – Bocejei.

            Alguns minutos se passaram e eu já estava de banho tomado, coloquei um short de pijama com uma blusa meia-estação, cheguei à cozinha Caio estava conversando com a Chickity, ele parecia tão feliz.

- Hum... Que cheirinho bom, to com fome! – Disse entrando pulando na cozinha, indo em direção ao belo prato de lasanha.

- Sei que você AMA lasanha, e eu também, então fiz pra gente. – Contou Caio chegando perto de mim.

- Eu amo mesmo, obrigada! – Agradeci, dando-lhe um selinho.

            Realmente não sei o porquê fiz isso, não sei o porquê do selinho, Caio me demonstrava 24 horas que gostava realmente de mim, eu tinha que dar mais valor nele né, mesmo sendo apenas com um simples selinho.

            Seu sorriso me fez ficar mais feliz, não havia mais duvida dos meus sentimentos, assim que meus filhos nascerem eu iria ficar com o Caio, e seriamos sim felizes juntos.

- Então... Já posso experimentar da sua lasanha? – Perguntei quebrando o clima.

- Hahaha claro né amor, vou colocar pra você.

- Ok! – Sorri.

- Põe pra mim também Caio – Pediu Chickity.

- Clar!

            Caio nos serviu e logo após serviu-se.

- Hummmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm! Nossa que delicia. – Falei, pegando mais um pedaço de lasanha. – Já que eu to gorda mesmo, vou comer mais um tikinho.

- Hahaha, você não ta gorda, ta grávida!

- Ta bom Caio, mais ta muito gostosa isso cara, não consigo resistir a mais um pedaço.

- Coma a vontade, eu fiz menos gordurosa por sua culpa.

- Mais mesmo assim, ta gostosa de mais.

- Ta uma delicia  – Disse Chickity pegando também mais um pedaço de lasanha.

- Hum, então to bom de cozinha?

- OTIMOOOO – Dissemos eu e Chickity ao mesmo tempo.

Ficamos comendo e rindo na cozinha, ate que fiquei super cheia. Resolvi sair, queria matar a saudade de minha pracinha, queria sentir o perfume de Luan, não sei por que, não sei como, mais lá eu sentia a presença dele.

Fui ao meu quarto vesti uma roupa quentinha. Dentro da nossa casa estava quente, mais de fora estava um frio do cão.

- Onde você ta indo? – Perguntou Caio me parando na porta.

- To indo na praça, preciso pensar. Sei lá ficar um pouco sozinha, com meus pequenos.

- Ta bom amor, espera ai que eu também vou sair, preciso ver a Dra. Elizabeth ela me chamou no hospital.

- Dra. Elizabeth? Essa eu não conheço.

- Ela é nova, ta fazendo Residência.

- Nova? Hum, residência pra quê?

- Obstetra.

- Obstetra? Anem, invejosa só por que eu quero Obstetrícia. – Cruzei os braços fazendo bico.

- Oooown... – Caio me abraçou tentando me consolar.

- Hahaha to brincando trem, que bom ela talvez vai fazer meu parto né, ou pelo menos participar dele.

- É amor, acho que seu parto não é mais perigoso, pois sua pressão esta normalizando, então acho que vai dá pra Elizabeth participar do seu parto, por que quem vai fazê-lo será a Dra. Jayne.

- Que bom, prefiro a Jayne, a gente é mais acostumada uma com a outra - Disse sorrindo, dando-lhe mais um selinho.

- Eu amo você! – Falou Caio baixinho no meu ouvido.

- Eu... – Não pude terminar, nossas bocas estavam coladas uma com a outra, Caio me beijou, mais não com força e com desejo, foi com amor, como se tivesse matando a vontade. – É... – Tentei falar sem fôlego – Bom... Eu – Respirei fundo – Eu preciso ir... – Suspirei.

- É eu também... – Disse Caio também sem fôlego procurando a maçaneta da porta.

            Depois de alguns minutos podemos seguir cada um pro seu caminho, Caio foi pro hospital disse que só viria à noite, eu caminhei pela praça vazia de Bruxelas, fui a pé já que era tão perto.

            Sentei em um dos bancos, peguei meu celular coloquei o fone de ouvido, procurei pelos arquivos minhas musicas, encontrei Avril Lavigne – Wish You Were Here. O vento bateu em meus cabelos, não havia por do sol, estava cedo, cedo mais minhas lágrimas não sabiam disso, e como sempre derramei em choros. A falta de Luan corroia minha alma, era como se estivesse me picando em pedaços e jogando pros cães comerem, como se estivessem fazendo meu parto sem anestesia. Não sei por que mais sentia que estava traindo o Luan, ficar com Caio era bom, mais a consciência pesava, doía depois.

            Sempre me imaginei sozinha, sei lá sentada no banco de uma praça como agora, segurando um livro de estudos sobre doenças infecciosas, ouvindo 3 Doors Down, bebendo um copo de café bem forte pra poder acordar, no dia seguinte teria plantão no hospital. Sempre me imaginei passando minha vida toda estudando, e trabalhando como fazia antes de engravidar. Mas por ironia do destino, minha vida ficou de cabeça pra baixo, nada que imaginei nada que sonhei aconteceu, tudo bem que sempre sonhei encontrar o Luan e tal, mais eu não queria ter ficado com ele, sabia que poderia gerar conseqüências, sabia que esse amor que carrego por ele iria só piorar, piorar e piorar.

- Aí meu Deus do céu! – Falei com a mão sobre a barriga. Esquecer o Luan é difícil mais não impossível, claro toda vez que olhar pros meus filhos, pensarei nele, toda vez que sentar nesta mesma praça, neste mesmo banco, sentirei o perfume de Luan, mais nunca mais o verei, o tocarei, nunca mais irei sentir a pele quente dele tocando a minha, nunca mais irei colocar as mãos naquela nuca pra pressionar meus lábios em seu pescoço, nunca mais irei beijá-lo.

            Nossos sonhos são uma das coisas mais importantes em nossas vidas, eles vêem com objetivos de serem realizados. É o que mais queremos coisas impossíveis e talvez não tão impossíveis assim.

            Alguns meses atrás pensei que meus sonhos nunca iriam se realizar, que eles eram como as estrelas, impossíveis de se tocar, mais Deus fez com que minha vida mudasse, fez com que minha vida fizesse sentido, fez com que aquilo que eu sempre sonhei se transformasse na coisa mais importante da minha existência, fez com que se transformasse em meus filhos. Ele sabia que eu nunca poderia ter o Luan, que nossas vidas eram diferentes de mais pra podermos ficar juntos, mais Deus viu que eu o amava, que eu o amo mais que a mim mesma, mais que minha própria vida, então vendo meu sofrimento, minha determinação em tentar esquecer o inesquecível, fez pra mim duas criaturinhas, dois pedacinho do Luan, meus tesouros, meus anjos.

            Eu posso ser dura, posso ser forte, mais as lágrimas novamente me venceram. Eu posso tentar esquecer o Luan, mais ele sempre vai estar aqui, ele sempre vai estar por toda parte, como o ar que respiramos. Eu queria que ele estivesse aqui, de corpo e alma, não pra poder ficar com ele, e sim pra abraçá-lo.

            Na verdade eu sinto a falta dele, mesmo com os carinhos de Caio, mesmo com meus filhos que são partes do Luan, mesmo com tudo, eu sinto a falta do meu xucrut, do Luan Rafael Domingos Santana.

Continua...