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domingo, 13 de novembro de 2011

Esqueci de Te Esquecer...


Capitulo 30

            Demoramos um pouco pra sair do quarto, Caio é vaidoso demais, fica horas no espelho arrumando aquele Bombril dele. Hahahaha, coisa que meu cabelo é bom demais né!?

            Descemos no elevador com uma senhora bem baixinha, cabelos ruivos, ela usava all star e vestia uma calça preta com um cinto meio brilhante, algo bem chamativo. Olhei pra Caio e ri baixinho, ele fez careta e segurou pra não rir também. Ela era bem doidona, no seu fone de ouvido tocava uma música conhecida. Umas das minhas bandas favoritas, Guns n’ Roses.

            O elevador parou.

A mulher que nos acompanhava, continuou com seu fone de ouvido barulhento, seguindo seu caminho pelas ruas do Rio de Janeiro. Há vi de longe subindo em uma moto.

- Essa aí é mais louca do que o Tio Patinhas.
- Hahaha, deve ser mesmo amor. Vamos? – Falou Caio apontando para nosso carro.

            Ele achou melhor alugar um do que ficar pagando taxi toda hora, então ficava a minha disposição e a dele também.

            Andamos alguns quarteirões depois paramos em frente a um restaurante Japonês.

- Restaurante Japonês? – Perguntei boquiaberta.
- Por que você não gosta?
- Gosto, mais tipo, que vergonha Caio eu só como essas comidas em casa ou no carro, eu tenho vergonha sou um desastre com aqueles palitinhos.
- Hahaha, pode deixar peço uma mesa afastada de todos, assim você fica mais à vontade ta bom?
- Ai graças a Deus, ta bom pode ser.

             Entramos naquele imenso restaurante, ta não era tão imenso assim, era bunitim até. Tudo bem cuidado tinha umas arvorezinhas, umas almofadas, uns negocio que não identifiquei.

            Veio um moço e conversou com Caio, eu nem prestei atenção estava muito focada na mini arvore que vi, que coisa mais linda, era tão pequenina, tão delicadinha.

- Pami?
- Oi! – Disse virando-me pra Caio.
- Vamos amor, nossa mesa esta pronta.
- Ah ta bom, to indo já.

            Andei devagar até encontrar com Caio, ele estava tão lindo não consegui tirar os olhos de meu amigo. Ele era meu amigo né? Bom, acho que sim.
            Ficamos conversando e comendo aquele negocio que não sei pronunciar o nome. Caio ria da maneira que eu apanhava dos palitinhos. Será que eu posso ser feliz? Será que posso apanhar dos palitinhos em paz? É difícil mexer com aquilo, apanho mesmo.

            Acabamos. Resolvemos ir à praia, andar descalços pela areia, sentir aquela água gelada encostar-se a nossos pés.

- Caioooooo! Para peste. – Briguei quando Caio espirrou água em mim. Por vingança joguei água nele também.

            Pronto, estávamos os dois anormais, brincando na água a essas horas da noite. Ficamos completamente molhados, apesar do clima quente do Rio, era perigoso ficar doente. Fomos embora, meus pequenos precisavam estar bem saudáveis, se ficasse doente, eles acabariam adoecendo também.
            Caio arrancou com o carro, fomos direto pro hotel, as pessoas nos viram e não disseram nada, devem estar acostumados a verem pessoas encharcadas subindo pelo elevador.

            Pronto comecei a espirrar.

- É ta vendo lavai gripar. – Resmungou Caio.
- É agora não reclama a culpa foi toda sua. Quem começou a tacar água em mim foi você, então a culpa é sua. – Falei ainda espirrando.
- Assim que entrarmos no quarto você vai tomar um banho e tirar essa roupa molhada, quanto isso, vou pedir um chá pra você.
- Ta bom! Fazer o quê né?!

            Estava morrendo de frio, tremia pior que vara verde. Caio envolveu-me em seus braços, ficou um pouco quente, mais não adiantou nada, continuava com muito frio. Dentro do quarto, tirei a roupa na frente de Caio, não ligava muito em esconder nada dele, não havia nada em meu corpo que ele nunca viu.

            Fiquei apenas com as peças intimas calcinha e sutiã. Peguei minha toalha que estava na poltrona dentro de minha mala. A enrolei com rapidez pelo corpo.

- Vou tomar um banho rápido, depois você vai ta bom? Não quero que gripe também.
- Eu não gripo fácil, sou mais resistente que você.
- Deve ser mesmo, eu sou muito mole, credo qualquer coisa to doente.
- E vai ficar doente mesmo se continuar enrolando e não indo tomar banho.
- Ave, virou meu pai? Credo to indo homi de Deus.

            Não disse mais nada, entrei no banheiro, mal tirei a toalha e já estava de baixo do chuveiro. Aí que delicia.
            Foi um banho rápido. Voltei a enrolar-me na toalha. Sai assim mesma pro quarto. Caio estava no telefone.

            Sentei-me na cama, ele me olhava e sorria.

- Só um minuto amor – Disse Caio.
- Ok! – Falei indo olhar pela janela o movimento do Rio de Janeiro.

            Estavam bem movimentadas as ruas apesar das horas. Me bateu uma vontade de ligar pra Deza, ou entrar no twitter, desde minha ida a Bélgica nunca mais visitei meu FC, nunca mais falei com ninguém da Família Luan Santana além da Andreza é claro.
            Além da Deza havia muitas amigas minhas que poderiam sentir minha falta, será que devia ligar? Uma confusão misturada com medo abateu-me.
            Caio ainda estava ao telefone. Queria perguntar o que ele achava de tudo isso, será que devia ligar? Será que fazendo isso eu iria me arrepender depois? Não sei.

            Resolvi esperar Caio acabar de falar ao telefone. Não demorou muito e logo estava ele atrás de mim, mordendo meu pescoço.

- Caio!
- Oi amor!
- Eu estava pensando aqui com meus parafusos... Você acha que seria muito arriscado ligar pra umas amigas minhas que moram em Minas?
- Bom... Acho que não amor. – Disse Caio pensativo, soltando-me de seus braços. Ele se sentou na cama e puxou-me pro seu colo – Você ta com muitas saudades delas?
- Sim! Queria noticias sabe. Tipo, eu tenho contato com a Andreza e a Hamanda, mais tem a Duda, a Tais, o Tass, a Thays que mora e Santos Dumont, a Nathalia que mora de Araxá, tem muitas amigas e amigos meus que sinto saudades.
- Ah amor liga, se você esta com saudades liga. Coloca no confidencial e liga.
- É né!?
- Faz isso, quando você esta conversando com eles, eu vou tomar meu banho, pois estou muito molhado ainda.
- É verdade, esta molhado e ta molhando nossa cama, que lindo né Sr. Caio.
- Hahaha, esqueci! Que droga, agora você que vai dormi aqui.
- Nada disso! – Levantei – Você que molhou. Agora, você que agüente as conseqüências. – Disse rindo e pegando meu telefone dentro da bolsinha.
- Ah que isso!  A gente leva a culpa de tudo.
- Hahaha, não chora! – Reclamei.

            Caio riu, beijou meu rosto e encaminhou pro banho, ele só havia levado a toalha, pronto já sabia o que me esperava, agora ele vai ficar desfilando só de toalha pelo quarto. Que maravilha. Mereço? Não! Não mereço.

            Procurei pela agenda os números. Seria uma ligação rápida, sem contar detalhes, e no confidencial.

            Anotei em um papel os nomes que tinha que ligar: 

















Andreza → RJ
Hamanda → MG
Thays  → MG
Nathalia → MG
Duda → MG
Tais → MG
Tass  → MG
           

Esses eram meus amigos, que tinha mais contato. A Andreza não tinha necessidade de ligar agora, pois amanhã iria à casa dela. Então descartamos a cabrita.

            Hamanda. Disquei. Chamou, 1, 2...

- Alô?
- Oi amor, tudo bem? – Falei animada.
- Pami? Oi preta, você sumiu, por que ta ligando no confidencial?
- A toa, esqueci de tirar. – Pra Hamanda que já sabia de toda a história, esconder o número pra ela não tinha necessidade.
- Hum... E ai tudo bem?
- Tudo ótimo, e você?
- To indo, morta de canseira mais to levando as coisas.
- E aí me diz como ta a vida, trabalhando muito?
- De mais preta. Por exemplo, só agora que parei pra descansar, neste exato momento estava indo tomar café, aproveitei que a Jeniffer aceitou olhar um paciente com Traqueostomia pra mim, por que não comi o dia todo...
- Ta de plantão?
- Sim, e ainda tem a noite toda pra frente. Nossa hoje foi uma correria do cão aqui, teve acidente de moto, nunca vi tanto sangue.
- Nossa imagino, to com saudade dessa vida.
- Mais um dia você volta pra cá né, ai agente trabalha juntas como antes e fica tudo resolvido.
- É um dia eu volto – Falei meia tristonha, sabia que não iria voltar.
- Mas Pam, me diz como que ta os bebês? Tão quase vindo ao mundo né?
- Sim preta, to quase no dia de ganhar, falta algumas semanas, um pouco mais de um mês.
- Hum... Hoje teve um parto normal aqui, foi uma loucura, não eram gêmeos mais o bebê era bem gordinho e a mulher sofreu pra ganhar. A episiotomia foi quase na perna da paciente tadinha, ela gritou muito de tanta dor.
- Aín, coitada, espero que o meu não doa.
- Dói não, é passageiro, você sabe como é né preta. Já assistiu muitos partos... – Fez silêncio – Amiga, desculpa mais vou ter que desligar, tão me chamando aqui, teve um problema no quarto de um senhor vou lá ver.
- Ta bom, amor, vai lá. Xau, bjux. To com saudades...
- Também estou, xau. Te cuida, e vê se volta logo.

            Não disse mais nada, apenas desliguei. Esse era meu medo, o arrependimento. Mais se pensar bem, eu não devia estar arrependida, afinal encontrar Caio foi uma das coisas melhores na minha vida, pelo menos nunca estive sozinha, ele me deu carinho, casa, comida, tudo que precisava e muito mais.
            A saudade de meus amigos doía, limpei as lágrimas que escorriam pelo rosto.
Olhei as horas, já tava tarde e não queria mais sofrer a cada fim de ligação. Resolvi então deixar a ligação pra outro dia quem sabe. Ou ate é melhor ninguém ter noticias de mim mesmo, porque virão perguntas, e eu terei de mentir pra eles, meus amigos que tanto amo, não me sentiria bem mentindo pra eles.

            Joguei meu telefone em cima da poltrona junto com a listinha. Ainda de toalha, deitei ao lado de Caio.

- Você vai dormi assim?
- Assim como? – Perguntei olhando Caio confusa.
- De toalha?
- Ah é mesmo, hahaha, esqueci. – Levantei da cama num pique só, puxei uma camisola que estava jogada em cima da mala. Tirei a toalha na frente de Caio, que nada disse, vesti numa rapidez desnecessária minha camisola pretinha. Joguei a toalha longe. Deitei abraçando Caio. – Satisfeito? – Perguntei.
- Bem melhor.

            Em questão de segundos estávamos nós dois apagados.


Continua...

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