Esqueci de Te Esquecer...

Capitulo 29

Acordei, com o barulho de meu celular tocando. Olhei o número, era a Graziiy. Virei pro canto da cama, Caio ainda dormia.

- Oi – Disse Graziiy quando atendi.

- Oi! – Falei baixinho.

- Tudo bem? Por que você ta falando tão baixinho?

- É que Caio esta dormindo, não posso acordá-lo coitado, a viagem foi cansativa hoje.

- A tah, ou desculpa só ligar agora, tava meio difícil arrumar um tempo pra falar com você. Minha mãe ta mandando um beijo.

- Manda outro. Cadê o João Pedro?

- Ta aqui comendo como sempre.

- E como ta Campos Altos?

- Ruim como sempre, parado que só Deus sabe como.

- É imagino.

- Pam, liguei só pra perguntar se o Caio já tem uma noção quantos dias vai durar o curso dele?

- Mais ou menos na faixa de uma ou duas semanas, não sabemos ao certo.

- Hum... Ou ontem eu vi seus pais.

- Como eles estão?

- Pareciam estar bem, vi apenas sua mãe com o Rafael na praça. Conversei com a Hamanda, ela me disse que eles estão levando a vida de acordo com o vento, sem ligar pra mais nada. Ela me pediu pra contar onde você ta morando, ai eu disse que ia te perguntar se podia.

- Não Graziiy, não conta, por favor. É complicado, prefiro que eles me esqueçam.

- Você é quem sabe né. Mais me diz como que ta Bélgica, o que vocês fizeram na nossa ausência. E Chickity chorou muito?

- Hahaha coitada, ela tava sentindo tanta falta do João, eu e Caio a levamos conosco.

- Pra onde?

- Paris mi amore.

- Paris?

- Sim, Paris e Amsterdã.

- No creio, que vocês foram pra Paris e Amsterdã sem mim? A não Pam, sacanagem sua.

- Uai, eu não mandei vocês irem pra Campos Altos né, hahaha, mais na verdade eu não sabia que íamos, o Caio me contou só depois que vocês foram embora, nem estávamos pensando nisso, foi tudo de ultima hora mesmo, se tivéssemos resolvido antes, é lógico que não ia deixar vocês irem pra Minas Gerais, levaria vocês conosco sem problema algum.

- Humrum, vocês planejaram isso tudo, vocês não prestam mesmo viu.

- Iiiiiiih não chora. Trem doido.

- To chorando não, mais deixa ketito, ketito, vocês me pagam.

- Ai santo Deus.

- Ou... Te contar, sabe quem eu vi?

- Sei não quem?

- A Duda, o Marcus, o Tassio, a Tais, a Vitoria, um tantão de amigos seus aqui Pami. Fiquei numa vontade de falar onde você ta morando, eu não disse nada, absolutamente nada, não disse nem que agente mora junto, mais que deu vontade deu.

- Eles perguntaram de mim?

- Sim, perguntaram se eu tinha noticias suas.

- E o que você disse?

- Falei, que estava como eles, sem noticias a meses. Falei que havia ido morar com minha irmã em Lagoa da Prata e que não sabia que você tinha ido embora.

- Mentirosa!

- Você queria que eu dissesse a verdade? Que agente ta morando na Bélgica, e que você está bem dizer casada com um rapaz que cai entre nos, é PERFEITO, o Caio não tem defeito algum, bom pelo menos eu não vi nenhum.

- Não é obvio que não é pra contar a verdade. Realmente ele parece ser perfeito, por ser tão perfeito ele merece alguém perfeita ao seu lado, e eu não sou esta pessoa.

- Neste momento você é. Amiga vou ter que desligar, meu pai ta chegando aqui, ele ta que nem doido esses dias por causa da saudade do João Pedro.

- Imagino.

__Olha assim que você souber que dia acaba o curso do Caio, me liga ou manda sms, que eu e o Moises vamos pro Rio e voltamos juntos pra Bélgica.

- Ta bom, bjux.

- Bjux. – Desliguei o telefone.

            Levantei da cama devagar, olhei pela janela, já era noite, o quarto estava sendo iluminado apenas pela imensa lua no céu. O vento frio passou por mim, o Rio era meio doido, tem hora que tá muito quente, tem hora que tá muito frio, e neste momento o vento era gelado.

            Fui envolvida pelos braços de Caio, ele beijou meu pescoço causando-me arrepios.

- Boa noite, amor! – Falei passando a mão em seus cabelos, como se estivesse o puxando pra mais perto.

- Boa noite, descansou?

- Sim, e você?

- Descansei, só não consegui dormi direito você roncou muito! - Caio riu.

- Eu não ronco! – Reclamei virando de frente pro seu corpo e dando-lhe um tapa no ombro.

- To brincando, amor. – Desculpou-se aproximando mais e mais de mim.

- Caio, não fica tão perto assim, eu não resisto. – Falei ao sentir seu hálito fresco, nossas bocas estavam muito próximas, a mão de Caio segurava minhas costas, quanto sua outra mão passava por baixo de meus cabelos longos até chegar em minha nuca.

- Não quero que resista – Disse enfim, juntando nossos corpos, nossas bocas, nossas almas.

            Fui novamente envolvida por Caio e levada até a cama. Minha barriga não incomodava, agora havia mais carinho, mais amor envolvendo nós 4, e era diferente daquela ultima noite que fiquei com Caio, a lembrança de Luan estava completamente no passado.

            Eu estava no país onde provavelmente ele estava, mais isso não me afetou, parecia não me afetar mais. O amor que havia por Luan tinha chegado ao fim. Era apenas um amor de juventude, entre fã e ídolo, nada mais.

            Parei de beijá-lo. Caio achou estranho, fiquei que nem estatua. As lagrimas voltaram a escorrer pelo meu rosto, ao longe, parecia na avenida em frente ao hotel, um carro de som parado perto da calçada, tocava algo que fez meu mundo parar, fez com que tudo que havia esquecido voltasse.

SINAIS.

            Ele estava de volta, não havia como esquecer, não havia maneira nenhuma que iria tirar Luan da minha cabeça, não havia maneira nenhuma que iria tirar Luan de meu coração.

- Pam? Você ta bem? Desculpa-me fiz algo de errado?

- Ain... Caio... – Choraminguei, abraçando Caio com tanta força, que não o vi reclamar talvez não estivesse machucando ele só a mim.

- Ô amor me conta, o que foi?

- Ta doendo! – Falei, encharcando o peito nu de Caio.

- Eu te machuquei? Ta doendo de novo? Me diz onde...

- Não, não é isso, é aquilo – Disse apontando há janela.

- O que tem na janela amor? Pamela eu não to te entendendo, cara você é complicada de mais sabia?

- Humrum... – Balancei a cabeça, retirando-a do peito de Caio, limpei as lágrimas que ainda caiam.

- Me explica, por favor?

- O Luan! – enfim falei.

- Que Luan? O Santana?

- Humrum! – Confirmei, chorando mais e mais, estava soluçando.

            Caio se levantou da cama, fechou as cortinas, pegou um copo d’água pra mim.

- Toma amor, acalma-se e me conta, o que tem o Luan Santana?

- Ele... – Respirei bebendo um pouco d’água – É ele...

- É ele o que?

- É ele o pai. – desabafei, finalmente.

            Caio ficou imóvel segurando a garrafa d’água, sem reação.

- Caio? Você tá bem? Ei, fala comigo homi do céu.

- Você ta me dizendo, que o Luan Santana é pai dos gêmeos?

- Aí... Graças a Deus, você tá bem.

- Pami, me diz. É isso mesmo que eu entendi? O Luan Santana é pai dos seus filhos?

- Sim Caio, o Luan Santana, o ídolo Teen do Brasil e do Mundo, é sim o pai de meus filhos.

- Mas como? Você pode me explicar? Eu to boiando aqui.

            Respirei fundo, passei a mão em meus cabelos, os enrolei e joguei de lado minha franja caiu sobre meu rosto, a empurrei. Limpei por completo todas as lágrimas que haviam caído, e o começo de outras. Bebi mais um pouco d’água.

- Então, vou te contar a história toda... – Contei absolutamente tudo pro Caio, como conheci o Luan, como acabei engravidando dele, contei a ele que fugi tanto de minha família como de Luan. Contei tudo. No fim Caio ficou abismado, não teve nem como revidar, apenas se jogou no travesseiro passando a mão em seus cabelos. – Eu sou uma anta né? Joguei minha vida toda no lixo, mais não podia tirar meus filhos, isso é errado, eles não pediram pra serem fecundados, não é culpa deles se eu e Luan transamos sem camisinha. A culpada sou eu que não prestou atenção, e se deixou levar por este amor, que carrego comigo por anos. Eu não pensei, apenas me entreguei, me entreguei como nunca me entreguei pra homem algum, e como nunca irei me entregar. Desculpa, eu ser tão franca Caio, sei que você gosta de mim, você é um homem perfeito, claro tem seus defeitos, mais eles são mínimos diante de suas qualidades, só que não consegui esquecer o Luan, e pelo visto não vou conseguir esquecê-lo jamais.

- É pelo que eu to vendo Pam, esse amor que você tem por ele é mais forte que qualquer coisa né minha linda?

- É, era pra isso tudo já ter chegado ao fim, era pra eu ter me esquecido dele e tal, mais não. Dia após dia, segundo após segundo, cada coisinha me lembra ele é horrível isso cara.

            Coloquei as mãos sobre meu rosto, não estava acreditando que não tinha passado esse sentimento por Luan. Mais lágrimas caíram, dando espaço para outras. Senti um abraço de Caio envolvendo-me.

- Ei, não fica assim. Eu não me importo. Posso esperar o tempo que for. Se você não conseguir me amar, agente dá um jeito Pam, eu não vou abandonar você. Você não é só minha futura namorada – Sorriu – Acima disso você é minha amiga, tenho confiança em você, e se este amor que pelo Luan Santana não acabar, podemos ser só amigos, vou te ajudar a criar essas crianças, pois sinto que eles já são da minha família. Vocês todos já fazem parte de minha vida, então se acalme – Desabafou Caio, dando-me por ultimo um beijo na testa – Confia em mim, eu vou estar pra sempre ao teu lado.

- Obrigada! – Falei com dificuldade, abraçando Caio.

            Minhas lágrimas acabaram, parecia estar aliviada, pelo menos agora alem de Graziiy tem Caio que sabem de toda a verdade. Pelo menos assim terei mais alguém pra conversar, pra desabafar sem medo de contar as coisas.

- Mas Pami, você não vai contar pro Luan sobre os bebês?

- Não! Não Caio, eu não quero que ele fique sabendo, a gente transou só uma vez, e não significou nada pra ele, absolutamente nada.

- Como você sabe disso?

- Eu não sei, apenas sinto isso sabe. Poxa vida, foi só uma transa.

- E se você encontrá-lo um dia? Será que ele não vai te reconhecer?

- Não, ele não vai me reconhecer. Afinal Luan pega uma garota a cada cidade que passa. Não tem como ele se lembrar de uma simples garota que transou com ele a meses atrás.

- É né amor, a gente não sabe.

- Não corremos o risco de encontrá-lo aqui. Rio de Janeiro é bem grande e eu não vou sair muito do hotel. Vou na minha amiga, vamos pro cinema ou vamos ficar na casa dela conversando. Não corro o risco nenhum de dá de cara com o Luan na rua passando de van, e muito menos o risco dele me reconhecer, entre 100000000% , a porcentagem de encontrá-lo e ele me reconhecer é de 0000000,01%.

- É verdade. Amor...

- Que foi?

- To com fome, vamos jantar?

- Hum... Vamos, hahaha, também to com fome, dormimos a tarde toda, se a Graziiy não tivesse ligado eu estaria dormindo ainda.

- Ela ligou? Como estão todos?

- Bem, o João ta custoso como sempre, ela pediu pra perguntar que dia você acaba o curso, eles tem que vir pra cá e depois irmos pra Bruxelas juntos né, amor.

- É verdade, o pior que não faço idéia de quando meu curso acaba, acho que daqui uma semana ou duas no máximo.

- Foi o que disse. – Falei levantando da cama, indo ao banheiro – vou arrumar meu cabelo, lavar meu rosto passar uma maquiagem e trocar de roupa pra gente sair ta?

- Ta bom amor, vou trocar de roupa quando você enrola ai.

- Hahaha, veste aquela camisa que eu amo?

- Qual?

- Uma que você coloca com um colete preto em cima, ai acho que você fica tão gostoso com ela. – Falei chegando no quarto com uma mascara de cílios na mão, aproximei da mala de Caio, fucei mais um pouco e joguei em cima da cama, a camisa e o colete.

- Essa? – Perguntou Caio olhando a camisa.

- Sim essa aí você fica gostoso demais com ela. – Disse voltando ao banheiro, tinha que acabar de fazer a maquiagem.

- Depois diz que não é safada – Sussurrou Caio pra si mesmo.

- EUUUUUUUUUUUUUUUU NÃOOOOOOOOOOOOOOO SOU SAFADA! – Gritei dentro do banheiro.

- Credo, muié boa de ouvido.

- Hahaha, pra esses tipos de assunto envolvendo EU, sim sou boa.

- To vendo! – Reclamou Caio.

 Não resmunguei mais, voltei a concentrar no meu make. Passei a mesma maquiagem de sempre, só dei uma renovada nas cores, usei uma sombra roxa com algo iluminando ficou a coisa mais linda. Meus cílios ficaram ENORMES do jeitinho que gosto. Passei um batom um pouco claro, só um brilho mesmo.

            Vesti um vestido preto curto, calcei uma sapatilha, queria usar salto alto, mais minhas pernas não iriam agüentar, doía pra burro.

            Prendi minha franja com um prendedor de flor prata. Ficou a coisa mais linda do mundo, meu cabelo estava enorme, fiz cachos em suas pontas claras, mais não rolou foram todos desmanchados, nunca param.

            Depois de muito brigar com as pontas de meu cabelo, resolvi larga de lado e deixá-lo como estava (sem cachos). Cheguei ao quarto Caio estava lindo demais, ele vestia a camisa branca que pedi, junto com o colete preto, sua calça era apertadinha e escura, calçava um tênis all star. Ele sorria pra mim, devo estar bonita né.

- E ai como estou? – Perguntei dando uma voltinha.

- Linda! – Disse Caio se aproximando e dando um beijo em meu rosto.

- Ain... Você ta cheiroso Caio, isso é pra me provocar? – Perguntei cheirando seu pescoço.

- To conseguindo?

- Você não tem nem noção o quanto! – Falei sorrindo – Ai mais vamos embora, meus filhos tão com fome, e eu também.

- Vamos sim!

- Mas me diz pra onde?

- Tava pensando em ir pro restaurante bem legal que tem aqui na barra mesmo, é perto da praia.

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA posso chamar a Deza pra ir com a gente? É bom que ela vai e conhece você, e conhece eu hahaha.

- Ta bom amor, liga pra ela, aí vamos lá buscá-la.

- Ok! Espera aí! – Falei correndo pra pegar meu celular dentro da bolsinha que havia jogando em cima da poltrona.

            Procurei o numero TIM da Deza, encontrei com facilidade. Chama 1, 2, 3...

- Alô?

- Dezaa...

- Oi cabrita, e aí muié tudo bem?

- Tudo e com você?

- To bem.

- Você ta na sua casa?

- Não amiga, já to no hotel, to trabalhando vê se pode? To quase dormindo aqui.

- A não serio?

- Serio, por quê?

- Uai eu ia te chamar pra sair comigo e com o Caio, a gente ta indo jantar.

- Ah meu sonho, mais não dá. Tenho que trabalhar. Cheguei faz pouco tempo no serviço, e não posso nem se quer sair mais cedo.

- Ah então deixa né amiga, vai lá trabalhar, não quero te atrapalhar, a gente se vê amanhã?

- Sim, claro. Amanhã é minha folga então fica mais fácil.

- Ok! Xau amiga, bom serviço.

- Obrigada! Xau, beijos...

            Desliguei o telefone. Coloquei-o novamente na bolsa e a joguei sobre meu ombro.

- Vamos? A Deza ta trabalhando coitada, não vai dá pra sair com agente.

- Ah... Mais amanhã vocês se conhecem. Qualquer dia agente marca e sai nós três, ou ela chama o namorado dela e sai nos quarto.

- É né, mais a Deza não tem namorado, só se ela chamar o peguete dela.

- Talvez ele topa em sair com a gente.

- É quem sabe...

- Mais então... Vamos?

- Vamos!

Continua...