Esqueci de Te Esquecer...

Capitulo 40

Pamela on:

            O soro me deixava irritada, as gotas pingavam, pingavam, pingavam, aquele negocio gelado ia entrando dentro de minha veia. Incomodava. A enfermeira estava abrindo a janela. Estava sozinha, Caio tinha ido pro curso e não disse que horas voltaria, apenas falou que Andreza ficaria comigo, mais até agora nada.

A enfermeira fechava a janela, com tanta tranqüilidade que quase dormi só a observando.

- Não fecha a janela não Tati! – Pedi.

- Você que sabe. Tem certeza? Eu posso fechar se quiser.

- Gosto do vento... Deixa a janela aberta, por favor.

- Ta bom Pam... – Tati abriu a janela com cuidado – Bom... Vou aferir sua pressão, e depois vou trazer seus filhos pra você vê-los ta bom?

- Serio?

- Humrum...

- Ai... To com tanta saudades de meus pimpolhos... Desde ontem não os vejo.

            Tati estava aferindo minha pressão quando escuto baterem na porta. Dei a permissão pra entrar, sabia quem era. Andreza.

- Oi Deza... Você demorou – Disse sorrindo ao ver minha amiga parada na porta.

- Tive que buscar uma pessoa, ela ta louca pra ver você.

- Quem? – Perguntei curiosa.

            Andreza abriu um pouco mais a porta e pude enfim vê-lo, minha visita inesperada, meu anjo da guarda. Meu ídolo, e então pai de meus filhos. Meu Luan Rafael.

            Sorri já com lagrimas nos olhos. Luan não se mexia parecia com medo, seus olhos estavam cheios de lagrimas, ele lutava pra não chorar.

- Vou deixá-los sozinhos – Disse Andreza acompanhando a enfermeira.

            Luan caminhou pra dentro do quarto, não me mexi estava como antes, igual estatua. Completamente paralisada, observando Luan caminhar. Ele se aproximou mais e mais, se sentou em meu leito, seus olhos não resistiram e as lágrimas cairam.

            Levantei com dificuldade minha mão esquerda, e a levei ate seu rosto. Luan por reflexo fechou os olhos. Minhas lagrimas logo fizeram companhia para as dele.

- Ei... Por que você ta chorando? – Perguntei quase sem voz.

            Luan não respondeu minha pergunta, abaixou a cabeça e aconchegou no meu peito. Passei a mão em seus cabelos macios.

- Ta tudo bem... Deu tudo certo – Disse em meio as lágrimas.

            Lembrei de tudo que se passou naquela sala de cirurgia, em alguns momentos estava lúcida, a dor era insuportável, vi muita gente passando de um lado pro outro, mais de repente tudo ficou escuro, não havia mais dor, mais também não havia mais vida, eu tinha morrido.

            Como se estivesse piscado, a dor voltou, meu coração voltou a bater, senti o sangue sendo jogado pelas minhas artérias em chamas. Era angustiante. Pensei em meus filhos, pensei em Luan, temi por tudo que tinha lutado fosse embora, como seria de minhas crianças se eu não sobrevivesse. Novamente, por questão de segundos não pude sentir mais calor, não pude sentir mais frio, tudo se tornou um breu, não vi mais a luz. Era tarde de mais pra mim, era tarde de mais.

- Pam?... – Ouvi uma voz ao longe me chamar, só depois pude perceber que estava no mundo da lua. Luan tinha se levantado e me observava atentamente, devia estar horrível, ele parecia assustado. Sorri, pra tentar aliviar suas expressões. Ele sorriu junto.

- Desculpa eu viajei aqui...

- É percebi – Disse Luan, se sentando novamente ao meu lado totalmente sem jeito.

            Tentei me sentar mais um pouco só que estava difícil, um lado de meu corpo estava meio dormente.

- Eles são lindos...

- São as coisinhas mais perfeitas que já vi.

            Ficamos em silencio tava um clima tão estranho entre a gente, eu não consegui dizer nada, estava congelada, observando Luan sorrir, ele também nada dizia, acho que esperava que eu falasse alguma coisa.

- Desembucha... – Brinquei – Para de ficar me olhando assim, tenho vergonha, eu devo ta horrível né.

- Pami... Por favor, né.

- Que foi, só to falando a verdade.

- Hahaha... Você ta linda, meu amor.

            Gelei, ele falou isso mesmo que eu ouvi? Sim, ele disse isso mesmo MEU AMOR. Nossa quanto tempo não ouvia Luan falar isso pra mim, desde nossa ultima vez que estávamos juntos. Bom, Luan sempre diz isso pra todas, mais sei lá, tinha algo diferente em seu tom de voz, algo mais intenso.

            Depois de longos momentos de silêncio, ouvi baterem na porta. Luan correu o olho e eu acompanhei.

- Oie... – Disse Deza, sorridente abrindo a porta.

- Oi Deza...

- Olha quem veio ver mamãe e papai. – Falou a enfermeira com meus filhos no colo, ela estava andando muito lento, isso me agoniava.

- Own... Meu anjinhos... – Disse sorrindo, erguendo com dificuldade meus braços pra colocar o menino no colo. Como estava com soro ligado e aquilo incomodava, tinha que pegar um de cada vez.

            Olhei Luan, ele olhava fixo pros bebês, sorri.

- Ei... Quer pegar?

- Eu posso?

- Claro Luan – Sorri – Tati... – Mal comecei a chamar a enfermeira, ela já estava ensinando o Luan a segurar a menina.

- Tenha cuidado com a cabeça dela ta bom?

- Ta... To fazendo certo? – Perguntou sem tirar os olhos da bixinha.

- Ei... Limpa aqui, para de babar trem – Brincou Deza ao lado de Luan.

- Ela é tão linda – Falou passando a mão no pequeno rostinho de minha filha. Luan não conseguiu segurar a emoção, seus olhos logo começaram a derramar lágrimas. Eu não conseguir fazer nada, chorei vendo aquela cena.

            Segurei a mãozinha de meu filhote que ainda estava em meus braços, ele dormia tão tranqüilo, parecia um anjo, era branquinho que nem Luan, suas mãos pareciam as minhas, o cabelo era da minha cor, mais lisinho que nem do pai, sua boca era idêntica a de Luan. Meus filhos não eram iguais, mais pra sorte deles os traços eram perfeitamente desenhados.

- Você já colocou os nomes? – Perguntou Luan enfim.

- Não ainda não... Quer escolher?

- Serio? Eu posso?

- Luan... É claro né. – Sorri.

- Nicole e Breno.

- Nicole e Breno! – Repetiu Deza, ela sorria e brincava com a mão da menina que estava no colo de Luan – Deixa eu pegar a Nicole, Luan?

- Não! Você não sabe segurar direito – Brincou Luan, levantando da minha cama.

- Pamela dá pra me ajudar aqui poxa!

- Não me meta nisso.

- Luan..., por favor, eu sei segurar sim ta... – Andreza andava de um lado pro outro atrás de Luan, ele finalmente cedeu e a deixou segurar um pouco, mais sem sair de perto.

A cena era linda, e engraçada. Eu não tinha forças pra rir. Pareciam duas crianças.

- Me da ela aqui, Deza? Quero segurar minha pequena – Pedi logo após entregar Breno ao Luan.

Deza me entregou minha Nicole. Olhei Luan segurar seu filho, a cena mais linda que já tinha visto.

- Pam? Eu tenho que ir amiga, eu ainda vou trabalhar... – Disse Deza me despertando, devia estar viajando vendo Luan com Breno no colo.

- Ai amiga, tem que ir mesmo?

- Tenho amor. Eu preciso trabalhar, já faltei ontem. – Deza olhou pra Luan, que estava entretido com seu filhote. Opa, meu filhote.

- Luan, eu to indo ta?

- Mais já? Mas eu quero curtir mais um pouco meus filhos.

- Luan! Eu to indo, você pode ficar mais um pouco uai...

- Não! Eu vou com você... – Luan olhou pra mim, olhou pra Tati, entregou o Breno há ela.

Ele caminhou devagar até minha direção, se inclinou beijou sua filha despedindo-se e beijou meu rosto. Gelei. Não respirei, apenas senti seus lábios sobre minha pele, sua boca ficou tão perto da minha. Que saudade.

Andreza pigarreou.

- Bom temos que ir Luan, vou me atrasar...

Luan saiu de perto de mim, deu uma ultima olhada nos filhos. Pegou a mão da Deza e saiu.

Deza on:

Saímos de mãos dadas do quarto da Pam, Luan tremia, estava nervoso, só pode.

-  Ta nervoso Luan?

- Um pouco, mas já to me acalmando. É que não sei muito bem o que fazer quando to perto dela.

- Fica calmo, as coisas vão se acertar! Você viu que ela deixou você escolher os nomes?

- Vi. Eles são lindos né?

- São sim...

Continuamos andar pelo hospital ate a saída, eu olhava todos os cantos, parecia procurar algo, Luan percebeu.

 - Procurando o Doutor Bonitão?

- Não, to procurando a saída mesmo.

- Sei... Que saída você ta procurando... – Luan pegou meu braço e cruzou com o dele.

- Deixa de ciúmes Luan...

O mundo parou, demos de cara com o Dr. Guilherme quando virávamos o corredor. Gelei fato. Ele olhou para nossos braços juntos. Luan me soltou, mas logo segurou minha cintura...

- Boa tarde, Luan... Andreza. – Disse o Dr. Galã.

- Boa tarde, doutor! – Luan respondeu, sorrindo e me puxou pra mais perto dele. Posso matar o ídolo de vocês?

- To indo, visitar a mãe de seus filhos Luan...  

- A gente já ta de saída, né Deza? – Falou dando-me um beijo na testa. A eu mato ele.

- Fiquem a vontade. – Retrucou o Dr. que me olhou seco. Seus olhos voltaram a Luan, e depois pra mim outra vez. Não gostei.

- Boa tarde e ate amanha doutor... – Disse sem graça.

- Ate amanha. – Saímos de perto.

            Quando estávamos mais longe, queria tirar satisfações sobre tudo aquilo.

- Luan você ta louco? O que foi isso que você fez?

- Não fiz nada! – E riu debochadamente. – Mas posso falar? Ele ficou com ciúmes... Ainda mais quando fui beijar sua testa. Ele deve ter achado que ia beijar sua boca. – E riu mais descarado ainda me fazendo sorrir com a idéia do Dr. realmente estar com ciúmes.

Continua...